O Produto Interno Bruto (PIB, indicador da economia de um país) da Argentina caiu 1,7% em 2024. A recessão foi menos ruim do que o esperado: o Fundo Monetário Internacional (FMI) esperava uma contração de 2,8% no ano passado. No quarto trimestre de 2024, a economia argentina cresceu 1,4%.
A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quarta-feira o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) autorizando o governo a estabelecer um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Com 129 votos a favor, 108 contra e 6 abstenções, a câmara baixa aprovou o DNU 179/25, que aprova operações de crédito público no âmbito de um programa Extended Fund Facility (EFF) com o FMI.
A discussão ocorreu em meio a um clima de mobilizações em direção ao Congresso por aposentados, organizações sociais e sindicatos rejeitando as políticas econômicas do governo, bem como uma operação de segurança envolvendo mais de 2 mil policiais e forças federais.
O jornal argentino Página12 publicou reportagem em que mostra que o risco-país dispararou, ao mesmo tempo em que as ações caíam. No mercado local, o índice Merval perdeu quase 2% em pesos, mas quase 4% em dólares, no fechamento do pregão.
O governo vendeu US$ 215 milhões para conter a disparada do dólar, não somente o “blue” (paralelo). Segundo Hernán Letcher, aluno de mestrado em Economia Política, o ministro da Economia, Luis Caputo, “foi ambíguo” ao dizer que não poderia responder se haveria desvalorização porque “faz parte do acordo com o FMI”.
“O que o mercado vê é que esse câmbio supervalorizado, mesmo com o acordo com o FMI, não é suficiente. Os dólares que o FMI pode fixar ou as condições que pode exigir para manter esse câmbio não são suficientes, e ele está levando a um preço. Foi basicamente isso que vimos ontem”, explicou ao Página12.
O DNU estabelece um novo EFF (Sistema Financeiro de Desembolsos Financeiros) que inclui um prazo de pagamento de juros da dívida de até 10 anos, com um período de carência de 4 anos e 6 meses.
Além disso, estipula que o novo desembolso, cujo valor não foi divulgado, será usado pelo governo para pagar notas de dólar não transferíveis mantidas pelo Banco Central e para quitar parte da dívida já devida ao FMI, fortalecendo assim as reservas internacionais do país, que atualmente estão em território negativo.
A administração do presidente Javier Milei declarou que o novo desembolso “apoiará” a circulação da moeda local (pesos) na economia, contribuindo para o processo de desinflação, ao mesmo tempo em que descarta um “salto de desvalorização”.
Após sua aprovação, o DNU entra em vigor. É aguardado o anúncio final do Conselho do FMI com mais detalhes do acordo, incluindo o valor e as condições.
Os compromissos da Argentina com a organização internacional foram estimados em aproximadamente US$ 44,5 bilhões e datam do programa financeiro standby que o país adotou em meados de 2018, em meio a uma saída significativa de capital e um dólar em alta.
As partes posteriormente realizaram um EFF em 2022, que foi concluído tecnicamente em setembro passado sem um acordo sobre as últimas revisões das contas públicas da Argentina.
Com informações da Agência Xinhua