A governança corporativa pode ser um grande impulsionador do desenvolvimento econômico no Brasil. Afinal, a qualidade da governança é um fator determinante para a atração de investimentos, a promoção da inovação e a melhoria da competitividade. Adotar e aprimorar continuamente as boas práticas é um passo estratégico para qualquer empresa que queira prosperar no cenário econômico. O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que está em sua sexta edição, reforça a importância de as organizações definirem seu propósito, ou seja, sua razão de existir. Essa definição delimita as oportunidades que a organização perseguirá e as necessidades que buscará atender por meio de produtos, serviços ou causas. Em particular, a economia do Rio de Janeiro, que está em busca de retomar o seu protagonismo histórico, tem tudo para se beneficiar de um cenário de maior governança.
Há setores econômicos que vivem um bom momento no Rio. Um exemplo é o turismo de eventos, que reúne empresas com diferentes portes, perfis econômicos e níveis de governança. Grandes conglomerados, claro, comandam os eventos mais representativos, mas há uma série de empresas médias e pequenas que contribuem para esses eventos, prestando serviços essenciais, como montagem, segurança ou catering, empregando milhares de pessoas.
É evidente que o grande destaque é o Rock in Rio, que até virou produto de exportação, mas existem outros grandes eventos que movimentam o calendário da cidade. O Rio Gastronomia, realizado em agosto, é emblemático. Restaurantes icônicos e chefs estrelados participam do evento, que também abriga exposições de produtores regionais do estado do Rio de Janeiro. São empresas de pequeno porte, muitas com estruturas familiares, especializadas em produtos artesanais, como queijos, geleias e cachaças. Certamente, são companhias que almejam alçar voos mais altos, inclusive em termos de governança.
O Rio Oil & Gas é outro grande evento que movimenta um setor que é essencial para a economia do estado. São mais de 400 expositores no evento, que, além da presença de grandes marcas petrolíferas, mostra a força da cadeia de fornecedores das empresas satélites. Muitas delas têm sede no Rio de Janeiro, que hoje é um importante polo de empresas da área.
O nome oficial foi rebatizado para ROG.e. Segundo o organizador do evento, o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), a mudança vai além do rebranding da marca, porque tem a missão de mostrar a evolução do setor, valorizar o passado e pensar no futuro em um evento que é carioca e, ao mesmo tempo, global.
E, por falar em inovação, o Rio é considerado um dos ecossistemas emergentes mais promissores para startups na América Latina, inclusive desenvolvendo soluções para o setor de petróleo e energia.
A Rio Innovation Week, realizada entre 13 e 19 de agosto, é um exemplo do potencial do Rio, e os números impressionam. O evento contou com a participação de 2.000 startups, 410 expositores, 3.300 palestrantes, com uma curadoria excelente, e 185 mil visitantes. Os organizadores do evento estimam que o evento gerou R$ 3,8 bilhões em negócios.
As startups são, em sua maioria, empresas jovens e inovadoras, mas a aplicação dos princípios básicos de governança corporativa é essencial para o desenvolvimento de uma trajetória mais longa, mais rápida e com menos riscos. Os princípios – integridade, equidade, responsabilização, transparência e sustentabilidade – aplicam-se a qualquer tipo de organização, independentemente de porte, natureza jurídica ou estrutura de capital, formando o alicerce sobre o qual se desenvolve a boa governança.
O IBGC, inclusive, desenvolve cursos e ferramentas específicas para startups. Uma delas é a métrica de governança para startups, ferramenta de autoavaliação gratuita. A ferramenta pode ser acessada no site do IBGC. Ao evoluir de forma consistente, essas empresas têm tudo para contribuir cada vez mais com o crescimento da economia do Rio.
E a expansão das startups cariocas ganhou força com a criação do Porto Maravalley, novo hub tecnológico instalado pela Prefeitura do Rio na Zona Portuária. A região, que passa pelo processo de atração de novos moradores e iniciativas, ganhou, em abril último, um espaço de 10 mil metros quadrados para abrigar essas empresas de tecnologia.
União e otimismo
Nunca é demais lembrar que o Rio, historicamente, sempre foi um grande produtor de inteligência para o país, nos mais variados setores. Um grande exemplo foi o Plano Real, gestado e executado, em sua maior parte, por economistas saídos de universidades cariocas.
Reconhecemos que temos ainda muitos desafios e que a revitalização da economia do Rio só acontece se houver união de todos os atores envolvidos, inclusive aqueles que hoje estão em lados antagônicos.
A polarização – que acontece em todo o país – com certeza não contribui em nada para os objetivos que almejamos alcançar. Precisamos unir esforços se quisermos alcançar bons resultados. Precisamos de parcerias público-privadas, da participação da sociedade civil, precisamos reconhecer os objetivos para o desenvolvimento que temos em comum e trabalhar juntos para realizá-los. Vemos muitas oportunidades, incluindo um genuíno interesse de empresas e profissionais em retomarmos o protagonismo do nosso estado e das nossas empresas, sobretudo com mais governança.
O Rio merece!
Patrícia Garcia é coordenadora geral do capítulo Rio de Janeiro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
















