Economistas do mercado veem IPCA de fevereiro de 2025 sob controle

Analistas fazem leitura qualitativa positiva e afirmam que IPCA comprova que alimentação vem desacelerando

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Preços dos alimentos em supermercado
Preços em supermercado (Foto: Rahel Patrasso/Ag. Xinhua)

O IPCA, índice oficial de inflação divulgado pelo IBGE, de fevereiro de 2025 ficou em 1,31%, 1,15 ponto percentual (pp) acima da taxa de janeiro. Esse foi o maior IPCA para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%). No ano, o IPCA acumula alta de 1,47%, e nos últimos 12 meses, de 5,06%.

Em entrevista ao Monitor Mercantil, Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, analisa que, do ponto de vista qualitativo, “a inflação de fevereiro ainda foi alta e incomoda, mas, daqui para a frente, nós devemos ver algumas coisas ‘entrando’ nos seus lugares, apesar de que esse processo não vai ser linear.”

“Eu acredito que a inflação está sob controle. Isso porque nós não temos visto uma espiral inflacionária no sentido de uma retroalimentação”, explica Cardoso.

No caso da alimentação, no acumulado de 12 meses, a inflação teve um impacto muito forte de carnes, “mas, olhando para o futuro, existe uma sazonalidade favorável no meio do ano. A não renovação dos choques e a realização dessa sazonalidade usual vai fazer com que a inflação da alimentação no domicílio, a partir de abril, arrefeça na leitura mês a mês”.

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Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, analisa que o IPCA deste ano deverá ficar abaixo de 6%. “A leitura qualitativa dos dados dessazonalizados foi boa, com os serviços subjacentes recuando pelo segundo mês consecutivo, e os intensivos em trabalho cedendo após um forte período de alta.”

Angelo explica que o núcleo de serviços subjacentes surpreendeu para cima e avançou levemente em relação ao IPCA-15 do mês, porém recuou 0,17 pp em relação ao IPCA de janeiro. “O segundo núcleo, de intensivos em mão de obra, veio bem acima da nossa projeção (0,63% vs. 0,41%).”

“Contudo, chamamos atenção para este núcleo e o de serviços inerciais, cujos níveis em 12 meses estão elevados, porém sem indícios de novas altas. O ponto importante é que o nível é alto e não enxergamos novas acelerações, ou seja, o pico já parece ser conhecido”, acredita a estrategista da Warren.

“Também destacamos que os bens industriais vieram em linha com a nossa projeção (0,40%), corroborando o nosso call de que o repasse cambial ficou praticamente inteiro em 2024. Não estamos vendo o repasse em bens como era esperado pelo mercado. Na métrica de média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada, observa-se um recuo do grupo, após três meses seguidos de alta”, prossegue Andréa.

Ela também vê o grupo de alimentação desacelerando: “Vale ressaltar que o grupo geral recuou pela segunda vez consecutiva no acumulado em 12 meses, desde dezembro, de 7,45% em janeiro para 7,10%, muito por conta dos subgrupos de Tubérculos, raízes e legumes, Cereais, leguminosas e oleaginosas e Frutas.

Para 2025, Andréa Angelo projeta uma inflação de 5,6%, “com riscos baixistas em serviços e bens”. Para 2026, espera que o IPCA fique em torno de 4,2%.

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