‘Ecos do Inferno Verde’

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Floresta Amazônica
Floresta Amazônica (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Parodiando o poeta Gilberto Gil (aquele abraço, poeta!), que em uma das suas criações dizia que “da lua não há mais nada a falar”, talvez seja possível dizer que da Amazônia não há mais nada a esconder. Da Amazônia, muito já se falou e ainda há muito a falar. Como no caso do crescimento dos índices de desflorestamento.

De acordo com os dados do projeto Prodes/Inpe, até setembro de 2022, a área de florestas públicas estaduais desmatada na Amazônia é de 813 km² o que equivale a 8% do total desmatado na Amazônia. Nessas áreas, o desmatamento chegou ao maior valor acumulado da década, crescendo 26%, em relação a 2020.

Dados do Imazon, por outro lado, apontam para a degradação florestal causada pelas queimadas e pela extração ilegal de madeira como cerca de cinco vezes maior do que a área degradada em 2020, tendo experimentado o crescimento de 1.137 km² em setembro de 2021 para 5.214 km² em setembro de 2022, um crescimento alta de 359%.

Detalhe importante está no fato de que o Prodes detecta áreas injuriadas de até 3 hectares, enquanto o Imazon detecta as áreas nas mesmas condições de até 1ha. Como dito, da Amazônia não há mais nada a esconder.

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Os sons da Floresta

Outra vida ligada à Amazônia é a do engenheiro brasileiro John Dalgas Frisch (1930; 92 anos) a quem esta coluna é dedicada. Usou tecnologia avançada nos anos 1960/1970 para gravar os sons da Floresta Amazônica, entre eles o canto do uirapuru, equiparado à beleza do canto do rouxinol. Ecos do Inferno Verde, título de um dos LPs (vinil) produzidos, como também já foi chamada a Floresta.

A Amazônia dos Irmãos Villas Bôas, Orlando (1914–2002), Cláudio (1916–1998) e Leonardo Villas-Bôas (1918–1961). Foram importantes sertanistas brasileiros, indicados por duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz, pela contribuição para a preservação da cultura dos povos indígenas e a sobrevivência de nações inteiras, com a criação, em 1961, do Parque Indígena do Xingu.

A Amazônia do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (Santo Antônio de Leverger, 5 de maio de 1865 – Rio de Janeiro; 19 de janeiro de1958). É o autor da frase plena de valores: “Morrer se preciso for; matar, nunca”.

Lendas de carne e osso e de celulose, como Fitzcarraldo, nascido da criatividade e do talento de Werner Herzog (5 de setembro de 1942; Munique). Como colocar em um mesmo plano estratégico lendas e lendários?

Nada mais a esconder do conquistador espanhol Francisco de Orellana (Nascimento:Trujillo, Extremadura; Morte: 1511; entre os rios Amazonas e Orinoco; em novembro de 1546). Colonizador cruel, o espanhol, na América, teve a vida tão ligada ao rio, que há quem afirme que o nome do rio teria derivado da semelhança entre os encontros fonéticos do rio d’Orellana com Amazonas. Se foi ou se não foi não importa tanto que pode ter sido. Foi também um dos primeiros europeus a avistá-lo, e por isso é considerado um dos seus “descobridores”. Coisas da cultura colonizadora.

Participou da conquista e destruição do Império Inca (junto à “milícia” de Pizarro), coisas de uma cultura cruel. Da cultura colonizadora. Em muitos campos do saber, os Incas ultrapassavam os espanhóis, como na astronomia. Mais tarde, surgiram historiadores que o consideram um dos descobridores do rio Amazonas. Bom lembrar-se de que a aniquilação dos povos de cultura pré-colombiana é contemporânea ao surgimento dos “enclosures”, no ocaso da economia senhorial inglesa, protocapitalista. Coisas de uma cultura colonizadora.

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