O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), reconheceu hoje que foi infeliz e de extremo mau gosto em recente conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grampeada pela Polícia Federal e divulgada à imprensa com autorização do juiz federal Sérgio Moro. Ontem, Moro retirou sigilo do processo contra o ex-presidente, que era investigado na 24ª fase da Operação Lava Jato.
Na gravação, o prefeito faz considerações sobre o que chamou de mau humor da presidente Dilma Rousseff e sobre o que poderia ser entendido como pouco prestígio do governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Paes informou que a ligação para o ex-presidente foi um ato de gentileza, após Lula ter sido levado coercitivamente para depor, no início do mês, por ordem de Moro, no aeroporto de Congonhas. O prefeito se desculpou pelas declarações que ele mesmo entendeu inadequadas.
– Conversei com o presidente Lula tentando ser gentil com um homem que, como presidente, ajudou muito a cidade, ajudou muito meu governo. Ele foi correto na relação política com a prefeitura e permitiu avanços na cidade. Essa tentativa me levou a brincadeiras de profundo mau gosto. Não passaram de brincadeiras, mas, admito, de profundo mau gosto, tecendo comentários que não fazem parte de minha personalidade, que me geram arrependimento e vergonha. Divulgada da maneira como foi é de mais mau gosto ainda.
Paes reiterou o pedido de desculpas à população de Maricá, na região metropolitana, que ele insinuou, na gravação, ser um lugar para pobre. Ele comparou a cidade a Atibaia e não a outras mais valorizadas do estado, como Petrópolis e Itaipava.
– Governo principalmente para os pobres. Daí as palavras e as brincadeiras que utilizei. Acho que é olhar a prática do meu governo, com os investimentos em áreas mais pobres. Vou apelar à minha vida na prática – justificou.
No áudio grampeado, o prefeito e o presidente Lula também conversam sobre o que consideraram excessos na Lava Jato, como a condução coercitiva do ex-presidente. Paes e Lula também citaram a delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que era líder do PT no Senado.
– Passou de todos os limites mesmo. A gente tem medo de conversar com as pessoas agora – disse o prefeito, que revelou ter receio de receber representantes de empreiteiras com obras na cidade.
Agência Brasil