Educação financeira começa na infância

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Helen Vogt (foto divulgação Blue3)
Helen Vogt (foto divulgação Blue3)

O mais importante é criar nas crianças o hábito de poupar aos poucos

 

Ao mesmo tempo em que compreendemos a importância da educação financeira, nos damos conta que ainda há muito o que explorar nessa área.

É possível que as gerações anteriores tenham pecado ainda mais do que nós nesse assunto. Se verificarmos a realidade dos brasileiros na década de 80, quando convivia-se com a hiperinflação, vemos que não havia a cultura de se fazer poupança. A preocupação era gastar rápido e adquirir patrimônio. Talvez isso esteja na raiz da nossa dificuldade em lidarmos com essas questões.

Quando conversamos e pesquisamos sobre o tema, vemos que as percepções são muito parecidas: a experiência financeira é aprendida, na maioria das vezes, nas situações do dia a dia, sem muito planejamento e objetivos definidos.

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As famílias não conversam sobre a definição das suas prioridades de gasto. Por este motivo, “sobrar mês e faltar salário” é o que acontece em muitos lares.

Para mudar esta situação, é necessário ter muita organização financeira. Isso pode começar quando se deixa claro a todos os integrantes de uma família quais são os objetivos e as prioridades financeiras, de forma a que todos possam se unir para alcançá-los juntos.

Quando uma pessoa tem filhos, fica ainda mais clara a necessidade de se abordar temas de educação financeira com eles. O problema é que muitas vezes não se sabe ao certo como falar sobre isso. A conversa acaba sendo dificultada pela insegurança e pelo tabu de se falar em dinheiro.

Existem muitos comentários na linha de que “as crianças não precisam se preocupar com isso agora” ou que “este tema é muito complicado para falar com os pequenos”. No entanto, as crianças aprendem rápido, com mais facilidade que os adultos e costumam levar estes ensinamentos para o resto de suas vidas. Por isso é essencial ter esse diálogo desde cedo.

Passei por uma situação como essa com o meu filho quando ele tinha 4 anos de idade. Estávamos num supermercado quando ele me pediu um chocolate. Respondi que estava com o dinheiro contado e que, infelizmente, não seria possível comprar o que ele me pedia naquele momento. Para a minha surpresa, ele me respondeu que era só passar o cartão. Como profissional da área financeira, eu me assustei, pois julgava que era cedo para falar sobre dinheiro com ele, mas, naquele momento, vi que precisava fazer isso com urgência.

Comecei a lhe mostrar os valores dos alimentos quando íamos ao supermercado e quanto poderíamos gastar num mês. Dessa forma, ele compreendeu que era necessário elencar prioridades, fosse escolhendo um chocolate ou um salgadinho.

Ele mostrou interesse pelo tema e passou a fazer mais perguntas: “Mãe, você acha que isso é caro?” ou “acho que isso está barato, né?”. Foi aí que eu e meu esposo resolvemos lhe dar uma mesada para que ele aprendesse na prática a administrar o seu próprio dinheiro. Com isso, ele começaria a reforçar a importância de economizar para comprar o que ele mais queria naquele momento.

Hoje ele está com 8 anos de idade. Sempre que posso, eu lhe mostro a planilha de orçamento da nossa casa para que ele tenha uma ideia da forma como gastamos o nosso dinheiro. Assim, ele vai sendo inserido na economia doméstica e aprendendo cada vez mais.

Outro aspecto importante é a composição de uma reserva inicial para uma criança. Existem diversas opções de investimentos que podem ser feitas quando uma criança nasce, seja para uma faculdade, a compra de uma casa ou de um carro, uma viagem ou outras situações específicas de cada um. Por exemplo, assim que meu filho nasceu, eu fiz um plano de previdência privada para ele, o que, particularmente, considero uma ótima alternativa de longo prazo. Essa economia vai ajudar a custear gastos futuros.

Independente disso, o mais importante é criar nas crianças o hábito de poupar aos poucos, para que elas entendam a importância e o valor do dinheiro, assim como riscos e rendimentos variados. É fundamental ensinar-lhes os caminhos para que se interessem pelo tema, busquem sempre a melhor saída e tenham autonomia para que façam boas escolhas no futuro.

 

Helen Vogt é sócia e líder em Produtos e Alocação em Previdência da Blue3.

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