Efeito dominó

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Fatos históricos da relevância da resposta dada pela população grega no recente plebiscito marcam uma geração. Sem meias palavras, o filósofo e sociólogo Edgar Morin afirmou que “a barbárie econômica que estrangula a Grécia tem por objetivo estrangular o partido progressista que a governa”. Portanto, ainda temos um longo caminho pela frente.

Mais importante ainda é constatar que um dos grandes artífices dessa consagradora vitória da soberania de um povo – o ministro das Finanças Yanes Varoufakis – pede demissão e sai da mesa de negociações para facilitar a trajetória reformista do primeiro-ministro grego Alex Tsipras, na direção de um acordo que torne nula parte da pesada dívida construída apenas para salvar os bancos alemães, no auge da crise de 2008.

Trata-se, na verdade, de uma luta entre a poderosa tróica (FMI, Banco Central Europeu – BCE e Comissão Européia) liderada pela Alemanha, que impõe enormes sacrifícios à população dos países europeus mais frágeis economicamente, onde se inclui Portugal, Espanha e Itália. O capital financeiro é hegemônico no mundo e grande financiador das elites dirigentes em escala planetária. O efeito demonstração é o grande temor dessas elites dirigentes europeias nesse instante.

As implicações para o Brasil dessa nova conjuntura são muitas. Em primeiro lugar, a resolução do acordo nuclear iraniano, o panorama de enfraquecimento da economia chinesa e o impasse entre Grécia e a “dividocracia” (tróica) européia representam uma tendência de enfraquecimento da demanda e dos preços internacionais das commodities minerais e energéticas (o petróleo e o minério de ferro) importantes na definição de nossa geração de divisas em  moeda forte.

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Outro aspecto a considerar refere-se ao novo ambiente no mercado internacional de crédito, onde os juros e prêmio de risco para operações para países da periferia como o Brasil sobem. Hoje o título de dez anos do governo brasileiro já paga 13% ao ano. A crise também instabiliza a trajetória futura da cotação do real frente ao dólar, dado que o impasse europeu reduz o volume de transações comerciais no continente que representa 40% do comércio mundial.

Para agravar esse quadro de fragilidades, acelera-se a crise política no Brasil, com um forte enfraquecimento e perda de legitimidade do governo Dilma, diante do crescimento da chamada estagflação – representada pelo incremento do desemprego, queda real de 10% nos salários dos trabalhadores e enfraquecimento da atividade produtiva reduzindo a receita fiscal da União, estados e municípios.

Apertem os cintos, pois fortes emoções nos esperam!

Ranulfo Vidigal

Economista.

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