O desemprego é talvez a face mais visível do fracasso das políticas neoliberais na América Latina. Na Colômbia, a taxa de desemprego aberto é de 20,5% e estima-se que o subemprego – trabalhadores sem carteira assinada, serviços temporários ou com salários inferiores ao mínimo – chegue a 18%. Na Venezuela, o Governo Chavez ainda não foi capaz de baixar a níveis aceitáveis as altas taxas de desemprego – 13,5% – e subemprego – 52%. Peru e Equador, dois dos países mais afetados pela onda neoliberal que privilegiou a estabilidade monetárias, ostentam índices alarmantes – desemprego de 7,2% no Peru e de 13,2% no Equador e taxa de subemprego de 43,4% e 62,2%, respectivamente. Mesmo o México, que consegue “exportar” desempregados para os EUA – e com isso ostenta uma taxa oficial de 1,97% – tem 22,2% da população vivendo no subemprego. Para finalizar, o Chile, talvez o primeiro colocado no vestibular liberal, tem uma taxa de desemprego de 10% – os números do subemprego, que sabe-se serem elevados, não foram divulgados pelo Pulso Latino-americano, tablóide editado em Miami e publicado por uma penca de jornais conservadores da região.
Campeão
Ainda no Pulso Latino-americano, a confirmação do Brasil como primeiro colocado no ranking dos juros. No crédito pessoal, a taxa do CDC era de 67,3% ao ano, quase 18 pontos percentuais superior à do Uruguai, o segundo colocado.
Agenda
Como esta coluna antecipou na semana passada, a dolarização será o tema dominante nas discussões latinas, se depender da agenda neoliberal norte-americana. A adoção – ou melhor seria imposição – do dólar como moeda da região é o tema central do citado Pulso.
Papai Noel
A decisão do governador Anthony Garotinho de adiar para depois das festas de fim de ano a redução do inacreditável pedágio cobrado pela Via Lagos, de R$ 4,30 (durante a semana) a R$ 6,30 (nos fins de semana e feriado) para R$ 3, se não fizer parte das tradicionais trocas de boas festas de fim de ano, é inexplicável. Na verdade, a redução do pedágio representou um duplo bom negócio para a concessionária.
A exemplo do México, onde o preço extorsivo das tarifas esvaziou drasticamente o movimento nas estradas, levando as empresas a devolverem as concessões ao Estado, os absurdos preços do pedágio da estrada para a Região dos Lagos ameaçavam tornar a rodovia num novo elefante branco.
A redução da tarifa, além de ajudar a evitar o esvaziamento da estrada, vem acompanhada de ponto pouco divulgado pela mídia “chapa branca”: a redução das obrigações contratuais da Via Lagos, com o estado assumindo a responsabilidade por investimentos que caberiam à concessionária privada.
Método
Perguntar não ofende: como e por que foi contratada a empresa UND para realizar os estudos que resultaram na fracassada tentativa de mudar o nome da Petrobras?
Numerologia
Será que a UND, a empresa de publicidade responsável pela fracassada mudança do nome da Petrobras, é uma versão esmaecida da UDN?
Numerologia II
A equipe econômica não se emenda. Depois de errar durante seis anos seguidos a previsão do saldo da balança comercial, os sábios tucanos resolveram palpitar de novo e chutaram que, em 2001, a balança terá superávit de US$ 1 bilhão. Como nas outras vezes, a bola deve passar longe.
Presentão
O aumento de 17,81% presenteado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à Cerj é um prêmio à ineficiência e um incentivo ao cartorialismo, para ficar-se no linguajar da plutocracia econômica. É injustificável que uma empresa com serviços tão precários tenha o aumento das suas tarifas garantido por contrato que garante a indexação negada aos setores produtivos do país.
Mamatas
O combate à sonegação pelo uso de esquemas de superfaturamento de importação ou subfaturamento de exportações chega ao país com anos de atra$o para o Tesouro Nacional. O esquema funciona da seguinte forma: uma empresa multinacional ou brasileira abre uma controlada em algum paraíso fiscal. Esta última compra, por exemplo, um computador no exterior pelo preço real de mercado de US$ 1 mil e o revende para a controladora por US$ 2 mil, ou R$ 3 mil, ou … Em outros países, até menos desenvolvidos que o Brasil, os controles para barrar este tipo de burla já existe há muitos anos.