O Egito anunciou a derrubada do imposto de importação para uma série de alimentos pelo período de seis meses, o que deve beneficiar a entrada no país árabe de produtos brasileiros como a carne de frango. Decreto do primeiro-ministro egípcio Mostafa Madbouly sobre o assunto foi publicado no Diário Oficial da União na última terça-feira e vale para todos os países fornecedores, não apenas para o Brasil.
A isenção engloba alimentos como carne de frango de vários tipos, entre elas fresca e congelada, frango inteiro, em cortes e seus miúdos; miudezas comestíveis de bovinos, suínos, ovinos, caprinos frescas, refrigeradas e congeladas; laticínios; manteigas; queijos; chás; gorduras e óleos animais ou vegetais hidrogenados e outros.
“A iniciativa egípcia abre para mais produtos avícolas esse mercado, que só importava frango inteiro do Brasil, em uma faixa de peso pequena de 800 gramas a 1,5 kg. Agora temos a oportunidade de diversificar a pauta de exportações com frangos inteiros de vários tamanhos, cortes de frango, peito, coxa, sobrecoxa, miúdos de frango, entre outros”, afirmou o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour.
O executivo diz que a medida é animadora para os frigoríficos brasileiros e significa também grande oportunidade para empresas médias e pequenas entrarem nesse mercado. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o frango inteiro brasileiro, principal produto exportado ao Egito, tinha tarifa de 30%, agora zerada.
O Brasil é o principal fornecedor de frango inteiro para o mercado egípcio, com mais de 90% de participação sobre as importações do país, segundo a ABPA.
“Com a suspensão da tarifa, a expectativa é que o produto brasileiro fique mais competitivo, complementando a oferta local, que tem sido impactada pelos efeitos da Influenza Aviária em seu território e dos aumentos dos custos de produção”, avaliou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em nota.
Tamer Mansour relata que a medida em favor da importação foi tomada por causa da situação difícil que vive a economia egípcia. Segundo ele, muitas granjas fecharam desde a época da pandemia, algumas das quais porque não conseguiram se recuperar após registro de gripe aviária no país. Além disso, há dificuldade de importação de insumos e de disponibilidade de moeda estrangeira no Egito.
“O governo se viu obrigado a abrir as importações de frango para cobrir esse gap dos alimentos, sendo que o frango é um alimento prioritário”, diz Mansour.
No Egito, o setor produtivo compreendeu a medida. O vice-presidente Câmara das Indústrias de Grãos da Federação das Indústrias do Egito, Abdel Ghaffar Al-Salamouni, ressaltou que a decisão propiciará o fornecimento de produtos alimentares a preços menores, diminuindo o fardo sobre o cidadão à luz das circunstâncias difíceis que a maioria dos países do mundo está enfrentando. Ele ressalta que o governo egípcio conseguiu garantir o fornecimento de alimentos em momentos complicados como a pandemia e a guerra russo-ucraniana.
Já a Argélia autorizou a importação de carne de frango com certificação halal do Brasil após a publicação nesta semana do Certificado Sanitário Internacional (CSI) pelas autoridades do país, o que oficializa a abertura. Com isso, surge para o Brasil um novo mercado entre as nações árabes e africanas, de 44 milhões de habitantes.
Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a conclusão das negociações entre o país e a Argélia sobre o assunto foi concluída após a revisão dos certificados e auditorias que subsidiaram a análise e o estabelecimento de requisitos fitossanitários para importação do produto.
“É um mercado grande que o Brasil estava tentando abrir há mais de 10 anos, uma grande vitória para o setor de aves”, afirma Tamer Mansour. O executivo explica que houve queda na produção argelina de carne de frango e nas importações da União Europeia pelo país. “Gerou grande oportunidade para que o Brasil entre nesse mercado de grande potencial”, diz.
Mansour afirma que o mercado argelino é exigente. “A Argélia tem uma grande população de classe média e classe alta, que vai realmente comprar e exigir bastante qualidade do nosso produtor. Mas tenho certeza que o Brasil vai atender perfeitamente o exigente mercado argelino”, diz. Segundo ele, o mercado da Argélia será trabalhado para frango inteiro e cortes. “Haverá uma pauta diversificada que ajudará a substituir a queda em outros mercados, como o Egito”.
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou, em nota divulgada, que o Brasil pode atender as exigências do mercado argelino e que os brasileiros vão focar na estratégia de complementar a demanda local. A associação informa que os argelinos produzem internamente 340 mil toneladas de carne de frango. Segundo a entidade, a Argélia era um mercado fechado para a carne de frango do Brasil até então.
“É uma janela de oportunidade para os exportadores brasileiros e inclusive deveremos fazer uma ação de promoção na próxima semana na Argélia”, avalia o diretor de Mercados da ABPA, Luís Rua.
O Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de carne de frango no mundo. O país destina 36% da produção nacional ao mercado externo, segundo o Ministério da Agricultura. As exportações brasileiras do setor atingiram de janeiro a agosto deste ano US$ 6,73 bilhões, 5,5% acima do mesmo período de 2022. Os principais mercados importadores da carne de frango brasileira são China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
A ABPA informa que além de líder mundial nas exportações de carne de frango, o Brasil é o maior exportador mundial do produto com certificação halal. São cerca de 2 milhões de toneladas embarcadas com o selo por ano para mercados muçulmanos com consumo no Oriente Médio, África, Ásia e Europa. Segundo a pasta, a abertura do mercado argelino é resultado do trabalho integrado com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe
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