Boletos falsos e transações em Pix também serão tendência de golpes
Em 2008, Barack Obama transformou o marketing político usando as redes sociais e aplicativos de mensagem para se comunicar e mobilizar os eleitores sobre sua campanha, atos, pensamentos e planos políticos. Ele tornou-se uma referência em campanhas eleitorais e muitos candidatos começaram a usar as mesmas estratégias adotadas por ele.
As plataformas digitais de comunicação facilitaram a troca de informação, mas também surgiram criminosos que estão mais interessados em desinformar e enganar pessoas para obter algum tipo de ganho ou vantagem, por exemplo.
Com a proximidade das eleições, teremos um cenário onde o fake news deve se intensificar, mas não estaremos expostos apenas a esse tipo de ação, muitos fraudadores vão se aproveitar da situação para aplicar golpes financeiros.
Os assuntos relacionados com as eleições serão a isca perfeita para uma maior propagação dos golpes, com as vítimas compartilhando para sua rede de amigos os links nocivos. O fraudador não só pescará sua vítima, mas também contará com o compartilhamento do golpe em grupos de mensagem. As discussões sobre o futuro político do país serão um prato cheio para ataques de phishing, malware e até ransomware.
Além das pessoas serem alvos de phishing, as empresas também estarão expostas, via seus clientes e funcionários, a outros tipos de ataques. Hoje, o Brasil é o quarto maior alvo de ataques de ransomware do mundo. Segundo relatório da SonicWall, houve aproximadamente 33 milhões de ataques no país, o que o coloca na quarta posição entre os países que mais sofrem esse tipo de crime, atrás somente dos EUA, da Alemanha e do Reino Unido.
Com o ransomware, instituições tornam-se reféns de cibercriminosos que não só impactam serviços e transações financeiras, mas deixam também um rastro de dados vazados que abastecem os fraudadores em golpes de engenharia social, de roubo de conta e identidade sintética. Isso pode expor os negócios em uma escala imensa, podendo abalar toda parte financeira, além da reputação da instituição.
Boletos bancários falsos e transações em Pix também serão tendência de golpes, uma vez que serão divulgadas formas de contribuição para campanhas, candidatos e partidos. Com a eleição, haverá um aumento do compartilhamento de conteúdos e por isso é necessário um cuidado redobrado. Quando um eleitor fervoroso recebe uma informação que lhe pareça relevante sobre seu candidato, é necessário verificar a sintaxe da URL, e pensar muito antes de clicar e/ou compartilhar. O usuário deve dar preferências a abrir, ler e acessar conteúdo que seja de fonte conhecida. Todo cuidado é pouco!
Para vencer esse quadro assustador, será importante investir em educação das instituições financeiras e de comércio, cartilhas e campanhas públicas para os clientes se prevenirem e, também, campanhas internas para seus funcionários, abordando os tipos de cibercrime possíveis e ainda somar as mais avançadas soluções de inteligência artificial e machine learning na prevenção das fraudes em toda a jornada do cliente.
Eduardo Linhares é diretor-geral para América Latina da Feedzai.