Eles usam black tie

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Na marcha para um autoritarismo tecnocrata, esta semana os atores se superaram, em três ações que, se separadas são preocupantes, juntas montam um quadro grave. Na quarta-feira, a Polícia Federal levou, com mandato de condução coercitiva, o reitor e o vice da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de duas vice-reitoras, funcionárias e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep). Pelo visto, o trágico exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de nada serviu. Simbólico, o alvo da PF foi a construção do Memorial da Anistia Política do Brasil. O nome da operação – Esperança Equilibrista – ainda que possa ser justificado como uma homenagem à redemocratização, tem um cheiro de provocação. A ação mereceu o repúdio geral, inclusive do exterior. O diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, divulgou nota contra a “despropositada e ilegal condução coercitiva de que foi vítima o reitor e a equipa reitoral da UFMG”. “Quero pedir-lhes, em nome da comunidade acadêmica internacional, que não se deixem intimidar por estes atos de arbítrio por parte das forças antidemocráticas que tomaram conta do poder no Brasil.”

No mesmo dia, o Ministério Público Federal do Rio entrou com ação pública contra a União e nove ex-conselheiros da Petrobras acusados de segurar os preços dos combustíveis para favorecer a reeleição de Dilma Rousseff. São alvos, entre outros, o ex-ministro Guido Mantega e a ex-presidente da estatal Graça Foster. Os procuradores alegam que conselheiros indicados pelo governo impediram que a empresa realizasse reajustes nos preços, mesmo diante de pedidos de sua diretoria. Temos assim o MP contestando uma política de governo. Danem-se os votos, danem-se os eleitos.

Na terça-feira, o juiz federal de primeira instância Sergio Moro, em solenidade da qual participou o presidente Michel Temer, pediu, em discurso, que o Planalto use sua influência para que o Supremo não mude seu entendimento sobre a possibilidade de alguém ser preso depois de condenado em segunda instância. O jornalista Reinaldo Azevedo, que é conservador, mas defende a legalidade, sintetizou: “O juiz Sérgio Moro cobrou nesta terça que o presidente Michel Temer se comporte como ditador, encabreste os poderes Legislativo e Judiciário e poupe de cortes de gastos apenas os entes de Estado ligados à Lava Jato. Ah, sim: foi aplaudido de pé.”

 

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Catástrofe

A decisão do governo norte-americano, anunciada pelo seu presidente, de reconhecer Jerusalém como capital do Estado de Israel é um erro conceitualmente afirmado por atores do mundo todo”, afirma a pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais Monica Herz.

É uma afronta a todas tentativas de negociação – não só da relação entre palestinos e israelenses, mas também entre Ocidente, europeus, americanos e a população islâmica como um todo. O significado de Jerusalém como um símbolo das três religiões monoteístas demanda que seu estado final seja negociado cuidadosamente por um conjunto grande de atores e que se formem coalizões capazes de lidar e operacionalizar soluções encontradas. Enquanto isso não for possível, é necessário que o processo de negociação continue. Essa decisão do governo norte-americano impede o processo de negociação. É uma verdadeira catástrofe”, explica Monica, que tem doutorado em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Science.

 

Rápidas

Nesta sexta-feira, será lançada a pesquisa/diagnóstico “A Criança no Centro; um retrato das infâncias na cidade de São Paulo”, capitaneada pela Visão Mundial, que integra a Rede World Vision *** No próximo domingo, o Shopping Park Lagos (RJ) celebrará quatro anos com um jantar beneficente para 500 crianças de dez instituições beneficentes da Região dos Lagos *** Thiago Maia é o novo VP de Vendas de Coty Brasil *** Neste sábado, o Center Shopping Rio, em Jacarepaguá, promove show gratuito do cantor de Victor Sávios, cover de Tim Maia *** Na segunda, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, fará palestra para profissionais de comunicação durante encontro promovido pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), em São Paulo. Inscrições pelo telefone (11) 3030-9395 *** Professor titular da Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE), o economista Fernando de Holanda Barbosa lança na segunda-feira, na Livraria FGV, no Rio, o livro Macroeconomia.

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