Em 2022, população ocupada no comércio chegou a 10,3 milhões

Segundo IBGE, números superam patamar pré-pandemia; confiança do varejo, entetanto, cai pelo terceiro mês consecutivo, diz CNC

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Carteira de trabalho (Foto: ABr/arquivo)
Carteira de trabalho (Foto: ABr/arquivo)

Em 2022, o número de ocupados no comércio somou 10,3 milhões, aumento de 2,6% ante o ano anterior. Pela primeira vez, esse contingente superou o patamar pré-pandemia, registrado em 2019, com alta de 1,5% frente a este ano, ou mais 157,3 mil postos de trabalho. Os dados são da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2022, do IBGE, divulgada hoje.

O comércio varejista respondeu pela maior parte das ocupações (7,6 milhões), seguido pelo comércio por atacado (1,9 milhão) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (846,2 mil).

Em 2022, 1,4 milhão de empresas comerciais geraram R$ 6,7 trilhões em receita líquida operacional e pagaram R$ 318,0 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

A maior parte dessa receita, 51%, foi gerada pelo comércio por atacado, seguido pelo comércio varejista (40,2%), e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (8,8%).

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Desde o início da série histórica da PAC, em 2007, o ano de 2022 registrou a maior diferença entre as participações dos segmentos do atacado e varejo, de 10,8 pontos percentuais (p.p.).

A concentração entre as oito maiores empresas do setor comercial praticamente não se alterou, passando de 10%, em 2013, para 10,1%, em 2022.

Em 2022, a participação do Sudeste na receita bruta de revenda era de 48%, percentual que caiu desde 2013 (52,2%).

Entre 2019 e 2022, o número de empresas comerciais que usaram a Internet como forma de comercialização passou de 1,9 mil para 3,4 mil, o que representa um crescimento de 79,2%.

Em 2022, a atividade comercial brasileira tinha 1,4 milhão de empresas, que ocupavam 10,3 milhões de pessoas. Esse contingente caiu 0,7% em uma década, uma redução de 76,6 mil pessoas. No entanto, em relação ao ano anterior, houve um aumento de 2,6% (263,7 mil pessoas). Foi a primeira vez que o número de ocupados no setor superou o patamar pré-pandemia, registrado em 2019. Nessa comparação, o comércio aumentou em 157,3 mil o número de pessoas ocupadas, o que representa um crescimento de 1,5%.

Em 2022, a maior parte dos trabalhadores do comércio estava concentrada no varejo (7,6 milhões, ou 73,5% do total) e o restante estava distribuído entre o atacado (1,9 milhão, ou 18,4%) e o segmento de veículos, peças e motocicletas (846,2 mil ou 8,2%). Esse número representa a maior participação do atacado desde o início da série histórica da pesquisa, em 2007.

As três atividades comerciais com maior aumento na ocupação em 10 anos, em números absolutos, foram hipermercados e supermercados (crescimento de 392,1 mil pessoas); comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (149,0 mil); e comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos (34,6 mil). O setor de hiper e supermercados empregava 1,5 milhão de pessoas em 2022 e respondia por 14,8% dos ocupados do setor comercial do país, a maior proporção entre as atividades pesquisadas.

Também em 10 anos, as maiores quedas na ocupação foram das atividades de comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (menos 289,9 mil pessoas), comércio varejista de material de construção (-110,4 mil pessoas) e comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação (-77,4 mil pessoas).

Outro ponto a ser observado na ocupação do setor de comércio é porte médio, ou seja, o número médio de trabalhadores por empresa. Em 2022, no comércio em geral, a média foi de sete pessoas por empresa, o que caracteriza um pequeno aumento em relação a 2013, quando era de seis pessoas. Nos grandes setores comerciais, esse número foi parecido: seis nas empresas do segmento de motocicletas, peças e veículos, oito nas atacadistas e sete nas varejistas.

Quando esse indicador é avaliado pelos grupamentos de atividades comerciais, há uma grande variação no porte médio. A maior média era do setor de hiper e supermercados (119 pessoas por empresa), seguido do atacado de mercadorias em geral (25 pessoas) e do atacado de combustíveis e lubrificantes (23 pessoas). Por outro lado, os menores portes eram das empresas das atividades de representantes e agentes do comércio (uma pessoa) e comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação (quatro pessoas).

A publicação também avalia a estrutura do mercado de trabalho no comércio pelo salário médio pago aos trabalhadores. Em 2022, as empresas do setor pagaram uma média de 2 salários mínimos. No atacado, a média era maior (2,9 mínimos) do que no setor de motocicletas, peças e veículos (2,3 salários mínimos) e no varejo (1,7 salários). Esses três segmentos registraram aumento nesse indicador nos últimos dois anos da pesquisa (2021 e 2022).

Comparadas a 2013, as médias salariais também aumentaram nos três segmentos comerciais. Nas atividades de veículos, peça e motocicletas e de atacado, o aumento foi de 0,1 salários mínimos, enquanto no varejo, foi de 0,2 salários mínimos

As atividades atacadistas pagavam as maiores médias: comércio por atacado de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação (4,4 salários); comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (4,4 salários mínimos), e comércio por atacado de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos, ortopédicos, material de escritório, papelaria e artigos de uso doméstico (4,1 mínimos), cujo salário médio foi o que mais aumentou no período (0,5 mínimos).

Por outro lado, os menores salários estavam nas atividades de representantes e agentes do comércio (1,3 salários mínimos) e comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3).

No ano de 2022, as empresas comerciais registraram uma receita bruta total de R$ 7,2 trilhões. Dessa quantia, R$ 621,1 bilhões foram provenientes do comércio de veículos, peças e motocicletas; R$ 3,7 trilhões do comércio por atacado; e R$ 2,9 trilhões do comércio varejista. Já a receita operacional líquida, ou seja, aquela livre deduções como vendas canceladas, descontos, ICMS sobre vendas e outros impostos, foi de R$ 6,7 trilhões.

O comércio por atacado avançou 6,7 p.p. entre 2013 e 2022 e se manteve o mais representativo do setor, com 51% do faturamento total, maior taxa desde 2007. Já o comércio varejista, segmento que liderou entre 2014 e 2019, registrou uma perda de 2,7 p.p., mas manteve a segunda posição, com 40,2% de participação, menor taxa dos últimos 10 anos. O comércio de veículos, peças e motocicletas foi o que teve a maior redução de representatividade, com perda de 4,0 p.p.. Desde o início da série histórica, em 2007, o ano de 2022 registrou a maior diferença entre as participações dos segmentos do atacado e varejo (10,8 p.p.).

Durante os últimos 10 anos, a maior representação em receita operacional líquida foi de comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (12,7%), que cresceu 2,5 p.p.. Hipermercados e supermercados (11,4%), que figurava na primeira posição do ranking de participação até 2021, caiu para a segunda posição em 2022. Já comércio por atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (8,6%), que era a quarta atividade mais relevante em 2013, em 2022, assumiu a terceira posição.

O comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos foi o agrupamento que mais cresceu entre 2013 e 2022 (3,7 p.p.), o que fez passar da 16ª para a quinta colocação. Por outro lado, comércio de veículos automotores foi a atividade que mais perdeu participação na análise dos 10 anos (-3,6 p.p.), e saiu da terceira para a sétima posição.

Na comparação de 2022 com o período pré-pandemia (ano de 2019), destacou-se o fato de hipermercados e supermercados ter sido o agrupamento com a maior perda em participação das receitas (-1,5 p.p.).

Já o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 107,4 pontos em julho, uma retração de 0,7% em relação a junho. Essa foi a terceira queda consecutiva, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice também apresentou queda de 0,1%.

Apesar de o subindicador de condições atuais – que avalia a economia, o comércio e a empresa – ter recuado 0,1% pelo terceiro mês consecutivo, o principal destaque positivo foi o aumento de 1,2% na confiança dos comerciantes em relação às condições atuais de suas empresas, retornando o indicador para um nível de satisfação, aos 100,4 pontos. Esse aumento reflete um entusiasmo renovado dos empresários em relação ao varejo, impulsionado por indicadores de crescimento do comércio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da CNC revelou uma queda de 0,2% em julho, indicando piora na percepção do mercado de trabalho atual e para os próximos meses.

Julho apresentou a terceira queda mensal consecutiva do subindicador de expectativas – em relação à economia, ao setor e à empresa. A redução foi de 1,1%, na comparação com junho, e de 0,8%, na variação de 12 meses.

A queda da confiança do empresário do comércio em julho foi impulsionada pelo pessimismo dos lojistas de bens semiduráveis, como roupas, calçados, tecidos e acessórios (redução de 2%). Já a confiança do comércio de produtos de primeira necessidade (supermercados, farmácias e perfumarias) recuou 0,5% este mês. A intenção de contratação de novos funcionários foi o item que mais pesou entre os comerciantes de bens semiduráveis (houve queda de 3,9%). Esse é o segmento que mais impactará o mercado de trabalho, apesar de os outros também apresentarem queda nesse item.

Com informações da Agência de Notícias IBGE

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