Em fluxo pré-ramadã, países árabes compram mais frango do Brasil

Emirados aumentaram em 27,7% as compras de carne avícola brasileira no primeiro bimestre; Arábia Saudita adquiriu volume 8,4% maior

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Abate de frangos (Foto: EBC/arquivo)
Abate de frangos (Foto: EBC/arquivo)

Os mercados árabes se destacaram como destino das exportações brasileiras de carne de frango no primeiro bimestre do ano, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A instituição explicou o desempenho pela aproximação do ramadã, mês do Islã em que os muçulmanos jejuam de dia, mas fazem refeições coletivas ao anoitecer, encorpando a demanda por alimentos nos seus países. O ramadã segue o calendário lunar e neste ano deve começar no dia 10 de março.

“O início do ano é um período que é fortemente influenciado pelo fluxo de importação pré-ramadã, o período sagrado para a religião islâmica. Neste contexto, além de Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, vimos o notável crescimento das exportações para o Iraque, Catar, Kuwait e outros destinos da região, especialmente em um contexto de certas incertezas em razão de conflitos na região” disse o diretor de Mercados da ABPA, Luís Rua.

No total, as exportações brasileiras de carne de frango somaram 397,7 mil toneladas em fevereiro, volume 4,7% maior que no mesmo mês de 2023. A receita de exportações chegou a US$ 707 milhões, número 4% menor que no mesmo período do ano anterior. No primeiro bimestre deste ano, as exportações somaram 802,2 mil toneladas, com receita de US$ 1,39 bilhão, com avanço de 0,3% no volume e queda de 12,7% na receita.

Os Emirados Árabes Unidos fizeram compras de 78,2 mil toneladas no primeiro bimestre, 27,7% maiores do que em igual mês de 2023, e a Arábia Saudita avançou 8,4% nas importações para 67,6 mil toneladas. Esses são os dois países árabes que figuraram entre os cinco principais destinos das exportações brasileiras de carne de frango no primeiro bimestre. Também estão no ranking a China, o Japão e a África do Sul.

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Após visitar unidades de produção de carne bovina e de frango em Goiânia e Brasília, o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes e embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, e o vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Mohamad Mourad, disseram que a atenção à higiene sanitária e aos processos halal fortalecem ainda mais a posição do Brasil como fornecedor de alimentos aos árabes e podem até levar a novos negócios.

Ontem, delegação formada por diplomatas de países árabes visitou a fábrica de produção de carne de frango da Seara em Brasília. A Seara é uma das marcas da empresa JBS, que na quarta-feira já havia recebido os diplomatas em sua linha de produção de carne bovina em Goiânia, no estado de Goiás. Todos os produtos que deixam essas duas unidades são halal. No caso da fábrica de Brasília, 60% da produção é destinada ao mercado externo.

Alzeben disse à ANBA que, diante dos desafios para obtenção de alimentos no mundo, empresas como a visitada são uma “usina especialmente para o Oriente Médio”. O diplomata destacou a atenção aos cuidados sanitários e de produção halal, o que, para ele, aumenta a credibilidade dos produtos brasileiros.

“Isso abre espaço para que as partes interessadas estejam também em contato com esta empresa gigantesca, que é um império de produção”.

Todas as empresas que produzem alimentos são autorizadas, certificadas e constantemente monitoradas por órgãos do Governo Federal e dos estados. No caso da produção halal, as companhias precisam de uma certificação específica, concedida por certificadoras, pois o abate e a produção halal exigem que diversos processos sejam seguidos, entre os quais: o animal precisa estar consciente no momento do abate, que precisa ser feito por um profissional muçulmano. Além disso, não pode existir nenhum contato com carne suína, um produto que os muçulmanos não consomem.

Mourad afirmou que os dois dias de agenda no Centro-Oeste do Brasil foram “positivos sob vários aspectos” e destacou a segurança alimentar, prioritária para o mundo árabe.

“Mas não só no sentido de que garanta o fornecimento da comida, mas sim que garanta o fornecimento do alimento processado e abatido da maneira permitida segundo os preceitos islâmicos. E isso, eles (os diplomatas) puderam ver com os próprios olhos nas duas plantas que visitamos”, afirmou Mourad em almoço oferecido pela empresa em um restaurante da marca Swift em Brasília.

Em sua passagem por Goiás, os embaixadores também se reuniram com lideranças da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), um contato que poderá ser retomado em novas reuniões “e em uma outra visita a Goiânia” para que se criem mais oportunidades para empresários do estado e árabes discutirem sobre negócios e para que os produtores locais expandam ainda mais suas exportações para o mundo árabe.

“Hoje é o segundo principal destino das exportações do estado e vamos trabalhar para que seja o primeiro”, disse.

Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe

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