Em média, quanto tempo dura um presidente da Petrobras?

Desde a sua fundação, um presidente dura, em média, 579 dias a frente da Petrobras, mas essa média muda no decorrer do tempo.

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Fundada em 3 de outubro de 1953, durante o segundo governo de Getúlio Vargas, desta vez eleito democraticamente, a Petrobras teve desde então 45 presidentes, já incluindo a atual, Magda Chambriard. O seu primeiro presidente foi Juracy Magalhães, que presidiu a companhia por apenas 153 dias, de abril a setembro de 1954.

Juracy Magalhães, primeiro presidente da Petrobras

Desde a sua fundação, a duração dos mandatos dos presidentes à frente da companhia variaram bastante, sendo que os três mais longos foram Sergio Gabrielli, 2.397 dias, de jul/2005 a fev/2012; Joel Rennó, 2.301 dias, de nov/1992 a mar/1999, e Shigeaki Ueki, 1.982 dias, de mar/1979 a ago/1984.

Gabrielli, Rennó e Ueki, os três presidentes mais longevos da Petrobras.

Se considerarmos todos os presidentes de sua história, em média, um presidente da Petrobras dura pouco mais de 579 dias. É importante ressaltar que esse número é uma média, ou seja, da mesma forma que os mandatos de Gabrielli, Rennó e Ueki puxam esse número para cima, existem mandatos que duraram pouquíssimo tempo e que puxam esse número para baixo.


A base de dados utilizada

Antes de abrirmos os dados em três fases, sendo a primeira o período democrático anterior ao Regime Militar, que foi de abr/1954 a mar/1964, pouco mais de 10 anos; o próprio Regime Militar, que foi de mar/1964 a mar/1985, pouco mais de 21 anos, e a fase atual, o período democrático após o Regime Militar, iniciado em mar/1985 e que já conta com pouco mais de 39 anos, é preciso esclarecer a procedência dos dados utilizados.

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Como eu não encontrei no site da companhia uma relação com todos os seus presidentes desde a sua fundação, tive que utilizar a única fonte disponível com esses dados: o artigo Lista de Presidentes da Petrobras que está publicado na Wikipedia.

Feita a análise dessa base, é possível verificar que ela é, pelo menos, coerente. Eu não tenho como garantir sua correção, pois isso caberia a própria Petrobras, que, infelizmente, não disponibiliza essa relação histórica no seu site.

Por exemplo, esse artigo relaciona apenas dois presidentes interinos entre os 45 relacionados. Eles não foram excluídos por duas razões: 1. a base poderia ter mais presidentes interinos que foram relacionados no artigo, mas que não foram identificados dessa forma, e 2. existem espaços de tempo sem presidente, o que pode ter acontecido, mas é difícil de acreditar.

Isso porque a Petrobras não possui vice-presidente, mas possui a figura do presidente interino para ocupar o espaço entre um presidente que saiu e um presidente que está para entrar. Contudo, como esses dados não teriam uma grande influência no resultado final, pois o propósito desse artigo de Opinião é dar uma ideia, eu não me preocupei com isso.

Feitos esses esclarecimentos, vamos às informações.

Regime democrático antes do Regime Militar – abr/1954 a abr/1964 – 10 anos

Média de duração dos oito mandatos: 450 dias

Na primeira fase, a mais curta das três relacionadas, a Petrobras teve oito presidentes, sendo que o que ficou mais tempo foi Janary Gentil Nunes, 1.040 dias, de fev/1956 a dez/1958, durante a presidência de Juscelino Kubitschek, e o que menos ficou foi Osvino Ferreira Alves, 66 dias, de jan/1964 a abr/1964, já na reta final do Governo de João Goulart.

A média de duração dos mandatos dos oito presidentes desse período foi de 450 dias.

Regime Militar – mar/1964 a mar/1985 – pouco mais de 21 anos

Média de duração dos nove mandatos: 846 dias

Na segunda fase, a Petrobras teve 9 presidentes. A média dos seus mandatos foi de 846 dias, quase o dobro da média da fase anterior. Os presidentes que mais duraram foram o já mencionado Shigeaki Ueki, 1.982 dias; Araken de Oliveira, de out/1974 a mar/1979, 1.623 dias, e o ex-presidente da República Ernesto Geisel, de nov/1969 a jul/1973, 1338 dias.

Ueki, Araken e Geisel, os presidentes mais longevos da Petrobras durante o Regime Militar

O presidente que menos durou foi Thelmo Dutra de Rezende, 203 dias, de ago/1984 a mar/1985, já na reta final do Governo Figueiredo.

Regime democrático após o Regime Militar – de mar/1985 a até o presente momento

Média de duração dos 27 mandatos concluídos: 528 dias

Na terceira fase, a mais longa das três, a Petrobras teve 28 presidentes, sendo 27 com mandatos concluídos e a atual presidente, Magda Chambriard. A média dos mandatos concluídos é de 528 dias.

Um ponto interessante é que se os mandatos mais longos forem excluídos dessa média, os já citados mandatos de Sergio Gabrielli e de Joel Rennó, além dos mandatos de Graça Foster, de fev/2012 a fev/2015, 1.087 dias, e de Henri Philippe Reichstul, de mar/1999 a dez/2001, 1.003 dias, essa média cai para 222 dias.

Gabrielli, Rennó e Foster, três dos quatro presidentes mais longevos no período democrático pós Regime Militar. O quarto presidente mais longevo, Reichstul, não tinha foto disponível na Wikipedia.

Além disso, se não considerarmos os mandatos interinos de João Henrique Rittershaussen, 22 dias, e de Clarice Coppetti, 9 dias, além do mandato de José Coutinho Barbosa, presidente que deve ter sido interino, mas que não está identificado dessa forma no artigo da Wikipedia, que presidiu a companhia por 16 dias em mar/1999, nós temos uma média de 261 dias nesse período.

Se considerarmos apenas os presidentes da companhia com mandato concluído desde o Governo de Michel Temer, 7 no total excluindo os 2 interinos, essa média é de 410 dias, sendo que os presidentes que mais duraram foram Roberto Castello Branco, de jan/2019 a abr/2021, 831 dias, e Pedro Parente, de mai/2016 a jun/2018, 732 dias. Neste período, o presidente que menos durou foi José Mauro Ferreira Coelho, de abr/2022 a jun/2022, 67 dias.

Desde o Governo Michel Temer, iniciado em mai/2016, Roberto Castello Branco e Pedro Parente foram os presidentes mais longevos da Petrobras.

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