Mais de R$ 50 bilhões já foram solicitados por meio do consignado “Crédito do Trabalhador”, que é voltado para os empregados que têm a carteira assinada. A Medida Provisória que criou a linha de crédito passou a valer na última sexta-feira. Segundo o Sebrae, a iniciativa pode beneficiar os profissionais contratados nos mais de 21,7 milhões de pequenos negócios espalhados pelo país, que terão acesso a empréstimos em instituições bancárias com taxas mais baratas. Empregados domésticos e trabalhadores rurais com carteira assinada e pessoas contratadas por microempreendedores individuais (MEI) estão entre os públicos prioritários da iniciativa.
“Dois terços da economia é crédito. A grande maioria do povo brasileiro, 88%, como é o caso das micro e pequenas empresas, não tinha acesso a crédito, assim como os trabalhadores”, comenta o presidente do Sebrae, Décio Lima.
Nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que os possíveis impactos da medida que ampliou o crédito consignado para celetistas ainda não foram considerados nas projeções da autoridade monetária. A afirmação foi feita durante entrevista para apresentação do Relatório de Política Monetária do primeiro trimestre.
“A gente não considerou ainda, nas nossas projeções, o impacto do consignado privado. Temos visto, desde o lançamento, estimativas variadas de como será o impacto. Há muita dúvida sobre quanto isso representa um fluxo novo de crédito ou uma substituição de dívida antiga por nova, e sobre como isso vai se desdobrar no tempo”, disse.
A medida, segundo o governo, tem o potencial de oferecer crédito menos caro a até 47 milhões de pessoas.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, foram registradas 64.718.404 simulações e 8.704.759 pedidos de crédito. Até as 17h da última terça-feira, 48.170 pessoas contrataram R$ 340,3 milhões em empréstimos pela nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada. O valor médio ficou em R$ 7.065,14 por trabalhador, com prazo médio de 21 meses divididos em parcelas de R$ 333,88.
Na avaliação do presidente do BC, a iniciativa tende a responder mais a uma questão estrutural da oferta de crédito, do que uma medida conjuntural, “tendo a ver como uma agenda mais antiga de substituir crédito de alto custo para baixo custo”, ressaltou.
No documento divulgado nesta quinta-feira, o BC reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto do Brasil de 2,1% para 1,9% em 2025. Ainda de acordo com o BC, a projeção de inflação para o ano cai para 5,01%, ainda fora do intervalo da meta.
No documento, o BC cita o forte crescimento da economia em 2024, de 3,4%. Na avaliação do BC, a economia aquecida favorece a alta da inflação, dificultando a convergência para a meta. A inflação acumulada em doze meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentou de 4,87% em novembro para 5,06% em fevereiro.
A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, podendo varia 1,5% para mais ou menos. O documento diz que as projeções de inflação se mantiveram acima da meta, tornando a “convergência para a meta desafiadora”. O BC sinalizou que só vê a inflação perto da meta no segundo semestre de 2027.
“O BC sabe que, no curto prazo, a gente vai conviver com uma inflação acima da meta”, afirmou Galípolo.
Na semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano.
Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que as incertezas externas, principalmente pela política comercial do país, suscitam dúvidas sobre a postura do Federal Reserve.
Em relação ao Brasil, o texto informa que a economia brasileira está aquecida, apesar de sinais de moderação no crescimento. Em relação às próximas reuniões, o Copom informou que elevará a Selic “em menor magnitude” na reunião de maio
“Você vai estar com uma taxa de juros caminhando para um patamar elevado e com uma inflação rodando acima da meta”, acrescentou o presidente do BC.
Com informações da Agência Brasil
Leia também:
Auditores fiscais protestam contra privatização da inspeção de animais para abate
Regulamentação permite que os próprios frigoríficos paguem empresas privadas para fiscalizá-los
Com esses juros, relação dívida/PIB passará de 108% em 2 anos
No Senado, Gabriel Galípolo ouve cobranças sobre as taxas de juros elevadas e efeito na relação dívida/PIB
Alckmin defende o multilateralismo no Brasil: ‘Comércio exterior é emprego’
Brasil não tem litígio com ninguém, segundo o vice-presidente.
Preço médio dos carros usados alcança maior patamar da história
Ticket de vendas atingiu R$ 85.563 em março, um aumento de 2,89% na comparação com fevereiro, mostra estudo
Páscoa: preços subiram até 21,54% em 12 meses
Dados foram apurados pela Veiga de Almeida, com base no IPCA de março; lojas foram além do chocolate e aumentaram em 30% o faturamento no período
Avanço dos biocombustíveis impulsiona setor de análise da qualidade de produtos com crescimento médio de 61% ao ano
Mercado segue avançando com aproveitamento de oportunidades criadas por novas regulações e à busca por soluções mais sustentáveis para o planeta