Durante a realização do XIII Seminário Nacional das Cátedras Sérgio Vieira de Mello (CSVM), nesta quinta-feira, na mesa de abertura do evento, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) divulgou o relatório anual da entidade, apresentando os resultados das áreas que integram o plano de trabalho das 35 instituições de ensino superior conveniadas.
Um exemplo de avanços no acesso e inclusão de pessoas refugiadas e solicitantes da condição de refugiado no ensino superior se refere às 496 pessoas matriculadas nestas instituições entre os anos de 2021 e 2022. Neste grupo, 470 pessoas são estudantes de graduação, 18 são mestrandos e outros oito acadêmicos estão cursando o doutorado.
Segundo a Acnur, tal avanço é reflexo das políticas assertivas de ingresso no ensino superior para essa população, contando com 22 instituições que implementaram procedimentos de ingresso facilitado ao ambiente acadêmico. Destas, 18 universidades promoveram editais específicos que, para além do ingresso, atuam de forma eficaz no processo de integração na sociedade brasileira dessas pessoas.
Outro importante dado se refere ao crescimento de aproximadamente 46% na revalidação de diplomas de pessoas refugiadas pelas instituições membros da CSVM nos últimos 12 meses, totalizando 123 diplomas revalidados no período. A revalidação do diploma é um elemento central para possibilitar a continuidade dos estudos de pessoas refugiadas e sua inserção no mercado de trabalho em suas respectivas áreas de formação.
No campo do ensino, entre 2021 e 2022, a CSVM ofereceu em suas grades curriculares 200 disciplinas sobre o tema do deslocamento forçado, alcançando diretamente 3.672 alunos. Já na área da pesquisa acadêmica, a CSVM incentivou a criação ou manutenção de 50 grupos de pesquisa sobre a temática dos refugiados. Estes grupos estão situados em 22 instituições e são compostos por 955 pesquisadores entre graduandos (328 acadêmicos), graduados e mestrandos (254), mestres e doutorandos (149) e doutores (224).
De acordo com a Acnur, ao gerar dados quantitativos e qualitativos sobre as dinâmicas que impactam a integração local de pessoas refugiadas no Brasil, a CSVM contribui para a formulação e aprimoramento de políticas públicas voltadas para esta população.
Já na área de extensão e serviços comunitários, 25 instituições têm apoiado as pessoas refugiadas – ingressas ou não – com iniciativas de prestação de serviços que dialogam com as necessidades dessa população. Dentre estas, foram ofertados serviços de saúde (totalizando 189 atendimentos em 12 meses), saúde mental e apoio psicossocial (90 atendimentos), serviços de integração local (mais de 500 atendimentos), orientação jurídica (1.500 atendimentos), e ensino de português (2.500 atendimentos).
“Ao longo de seus 19 anos de existência, a CSVM tem se mostrado um ator fundamental para garantir que pessoas solicitantes da condição de refugiado e pessoas refugiadas reconhecidas tenham acesso a direitos e serviços no Brasil, promovendo o acesso a uma ampla rede de serviços em 13 unidades federativas por meio de seus projetos de extensão, assim como agregar conhecimentos em prol do ensino e da pesquisa sobre a temática do deslocamento forçado de pessoas”, afirmou o Representante Interino do Acnur, Oscar Pineiro.
Cada universidade da CSVM pode atuar por meio de cursos de graduação e/ou pós-graduação nos eixos de ensino, pesquisa e extensão de modo a fortalecer uma abordagem inclusiva, educação protetora e pesquisa aplicada para consolidar o acolhimento de pessoas em situação de deslocamento forçado no ambiente universitário e nas comunidades de acolhida.
O XIII Seminário da CSVM foi iniciado nesta quarta-feira, contando com representantes da Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG, organizadora do evento), da CSVM-UFG, do Acnur e autoridades públicas.
A programação do XIII Seminário, disponível em https://csvm.ufg.br, segue vigente até esta sexta-feira, tendo como tema central de discussão a questão do racismo e da xenofobia no contexto do deslocamento forçado de pessoas. Todo o seminário está sendo transmitido virtualmente (www.youtube.com/watch?v=AaJWkkfs4sg) com tradução em português, inglês e espanhol.
Até esta sexta-feira, temas como fronteiras e identidades, raça, classe e resistências, assim como os 25 anos da Lei Nacional sobre a Proteção de Refugiados serão discutidos em mesas redondas com professores da CSVM, profissionais do ACNUR e professores pesquisadores internacionais.
Compõem a programação cinco grupos de trabalho que serão discutidos em diferentes eixos temáticos, como políticas de ingresso e permanência na academia; acesso a direitos e acolhimento; arte, gênero e educação.
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