Embratel S.A.

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Um dia após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, a Embratel formaliza, nos Estados Unidos, a aquisição pela mexicana Telmex da participação da MCI, que detinha 51,9% do controle da empresa. Ainda pairam dúvidas em relação aos próximos passos da Embratel sob o controle da Telmex, mas a perspectiva é de que os serviços de telefonia local serão priorizados, já que o ex-presidente da Embratel, Jorge Rodriguez, admitiu que o segmento é promissor. “O serviço local é o grande futuro da Embratel”, afirmou em entrevista à Tribuna da Imprensa.
O dado que mais se destaca dentre os divulgados pela Embratel a respeito do segundo trimestre de 2004 foi o prejuízo de R$ 64 milhões da companhia de telecomunicação. A valorização do dólar frente ao real em 6,8% no período prejudicou, visto que a Embratel tinha 49% da dívida exposta ao câmbio, sem hedge. Os altos custos com interconexão, que somaram 46,9% no segundo trimestre, aliado a competição acirrada de outras telefônicas, à dificuldade que as operadoras de celulares têm tido em faturar os clientes e repassar à Embratel e aos custos equivalentes a venda de aparelhos da Vésper (que ainda está em fase de consolidação no mercado), foram as outras principais responsáveis pelo desempenho abaixo do esperado da Embratel.
O endividamento se manteve inalterado em R$ 4,1 bilhões e o ebitda (geração de caixa) caiu 22,5% em comparação com o primeiro trimestre do ano corrente, a R$ 347 milhões. Analistas afirmam que a Embratel deve se focar na redução da dívida para que os fundamentos não sejam comprometidos. Em relação ao segundo trimestre de 2003, a receita líquida cresceu 8,5%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2004 houve uma queda de 4,5%. O recuo é reflexo da queda das receitas com ligações internacionais de 12,5% e de 1,4% na comunicação de dados. Os custos administrativos aumentaram 17,7%, impulsionado pelas despesas com pessoal, com terceiros e outros.

Mercado de Ações

No dia 15 de julho de 2004, quando a Embratel divulgou alguns dados preliminares do desempenho do segundo trimestre, a reação no mercado acionário foi imediata. As ações da empresa recuaram 3,23% e ficaram entre as mais baixas do dia. Os investidores, então, já estavam preparados para a apresentação formal dos resultados referentes ao segundo exercício do ano da empresa de telecomunicações. No dia da apresentação dos dados, 22 de julho, os papéis fecharam em leve alta de 0,50%, contudo o movimento positivo não se manteve e tem oscilado sem rumo definido, ao sabor das notícias referentes a finalização da troca de controle da empresa pela mexicana Telmex.

Opinião do Mercado

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Ivanor Torres, analista de Investimento da Corretora Geral
Apesar da Embratel ter divulgado um fato relevante uma semana antes de expor os resultados indicando uma queda nas receitas, o prejuízo de R$ 64 milhões surpreendeu, pois ficou aquém das expectativas. O resultado foi influenciado por vários fatores. Um deles é a baixa receita no segmento de voz do segundo trimestre de 2004, que recuou 9,5%. Outro aspecto é o aumento das despesas gerais e administrativas em itens não recorrentes. Também contribuiu a depreciação do real frente ao dólar em 6,8%. Como cerca da metade do endividamento não estava com hedge (proteção) cambial, o resultado financeiro ficou prejudicado. Além disso, a aquisição da Vésper, que é uma subsidiária da Embratel, somou pontos negativos da empresa, pois a Vésper apresentou maus resultados no segundo trimestre de 2004. Por estar apenas iniciando no mercado de telefonia sob o controle da Embratel, os custos da companhia foram grandes e o retorno ainda não foi sentido.
A Embratel se encontrava em uma briga com as telefonias celulares que não estavam repassando as receitas que deviam. A Anatel interveio e está formalizando um acordo entre as telefonias móveis e a Embratel. Por enquanto não foi chegado a um consenso.
Perspectivas
O potencial de crescimento das ações da Embratel é muito grande. Projeto um up side de 50% até o final do ano. No curto prazo os papéis têm condições de subir dos atuais R$ 8,00 para R$ 9,50. Até o final do ano, devem atingir R$ 12,00. A perspectiva é de que os resultados da Embratel serão melhores após a formalização do controle da empresa pela mexicana Telmex. O grupo deve ser rápido para se manter consolidado no Brasil e na América Latina. Recentemente é que houve a aprovação do Cade para a aquisição da Embratel pela Telmex. A compra deixa a brasileira em uma situação mais favorável. A expectativa é que haja uma renegociação da dívida de US$ 1,3 bilhão, porque deixa a empresa muito exposta às oscilações cambiais. Como a Telmex é um grupo com imagem forte, passa segurança aos investidores e até já provocou recuperação no valor das ações.
Recomendação
Devido as grandes chances dos papéis da Embratel se valorizarem, recomendo compra das ações da companhia

Eduardo Roche, analista de investimentos do BES Securities
Os resultados do segundo trimestre da Embratel foram muito ruins, com a apresentação de um prejuízo de R$ 64 milhões. O desempenho financeiro do período foi pior em comparação com o do primeiro trimestre de 2004 porque nos primeiros meses do ano o dólar quase não oscilou. No segundo trimestre, o real sofreu uma desvalorização de 6,8%. Como 49% da dívida da Embratel não estava protegida, a empresa ficou exposta a esta variação e teve, como conseqüência, um desempenho negativo. No primeiro trimestre a parte da dívida que não estava com hedge era de 41%. Mas o resultado não foi restrito apenas à questão financeira. A parte operacional da empresa também apresentou dados fracos. O desempenho só não foi pior porque houve itens recorrentes positivos.
Perspectivas
É difícil visualizar perspectivas para a empresa no próximo trimestre. Acredito que o terceiro trimestre estará um pouco comprometido ainda. A Embratel teve muitas dificuldades com os custos de interconexão. Não sei se ela irá buscar alguma solução a curto prazo. Não se sabe quando os problemas com os custos serão resolvidos. Com certeza o impacto nos resultados será menor que o do segundo trimestre de 2004, mas ainda não há como saber qual será a intensidade.
A formalização da compra pela Telmex da Embratel, que ocorreu recentemente, com certeza trará benefícios à empresa, mas estes somente serão sentidos no longo prazo. A troca de controlador trará vantagens, mas não será a fonte de resolução dos demais problemas.
Recomendação
Minha posição fica como “neutro”. No curto prazo, a situação se encontra mais complicada, pressionada por muitas dúvidas que rondam a empresa. Contudo, no longo prazo, o cenário tende a ser mais favorável.

Visão da Empresa

A receita líquida da Embratel cresceu 8,5% ante ao segundo trimestre de 2003, atingindo R$ 1,8 bilhão. Em relação ao primeiro trimestre de 2004, a receita caiu 4,5%. A receita de longa distância nacional aumentou 4,5%, para R$ 978 milhões ante o mesmo período de 2003. Comparado ao primeiro trimestre de 2004, a receita recuou 9,8%. A competição e a introdução de novas práticas anti-fraude resultaram em perdas de volume de tráfego de voz básica no segmento residencial. Outro fator que contribuiu para a queda de receitas de um trimestre para outro foi a dificuldade que operadoras de celulares estão tendo em faturar os clientes e repassar para a Embratel. O prejuízo de R$ 64 milhões ocorreu devido ao aumento dos custos de interconexão, às despesas de retenção não recorrentes, e ao aumento das despesas financeiras em virtude da desvalorização de 6,8% do real.
O ebitda caiu de R$ 391 milhões referente ao primeiro trimestre de 2004 para R$ 347 milhões no segundo trimestre, com uma margem que ficou em 19,2% frente aos 23,7% do exercício anterior. O indicador sofreu impacto devido ao aumento para 46,9% dos custos de interconexão e por pagamentos não recorrentes.
O prejuízo da Embratel, assim como o desempenho negativo do ebitda, foi minimizado devido a diversas reversões não recorrentes, como um crédito de R$ 66 milhões; outro de R$ 38 milhões relativo ao excesso de pagamento do FUST e pelo recebimento de uma receita não-operacional extraordinária de R$ 106 milhões, referentes a recuperação dos expurgos inflacionários sobre o imposto e sobre o lucro líquido e pelos juros relacionados a estes montantes.
Durante o trimestre, o caixa da Embratel foi utilizado para pagar dívidas e os desembolsos do plano de retenção. No final do segundo trimestre de 2004, o endividamento acumulado se encontrava na faixa dos R$ 4,1 bilhões, refletindo o impacto da desvalorização do real em 6,8%.

Equipe Técnica Acionista.com.br
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