Empresa em foco

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Desempenho

O mercado externo continuará sendo o alvo de escoamento de quase metade da produção da empresa Perdigão, do setor de alimentos. Com a perspectiva de elevação do PIB brasileiro, o consumo dos clientes deve acompanhar o aumento e a empresa já está preparada para atender a esta crescente demanda interna (que tende a se gradual), sem perder de foco o cenário externo.
Regiões que até então não constavam na rota de produtos brasileiros comercializados, como o Extremo Oriente, Oriente Médio, Europa e países africanos, hoje representam grandes negócios para a Perdigão. O crescimento das exportações da companhia do setor de alimentos apresentou evolução de 52,5%, em um total de R$ 580 milhões. No mesmo período do ano passado, o desempenho havia sido de R$ 380 milhões. As vendas com carnes como um todo evoluíram 16,2%. Somente para o mercado externo, a alta nas vendas de carnes foi mais expressiva: 30,4%, o que corresponde a 135,9 mil toneladas do produto.
Os aspectos positivos começaram a ser evidenciados no ano passado, quando a gripe asiática – que atingiu principalmente a China – e a vaca louca dos Estados Unidos, abriram caminho para que os produtos brasileiros do setor alimentício fossem inseridos no mercado internacional mais agressivamente. Desde então, a Perdigão passou a aproveitar o momento propício e inaugurou uma fase de extensão no mercado global. Em 2001 as vendas para o estrangeiro somaram uma quantia de R$ 1.034 bilhão. No ano seguinte, o salto foi para R$ 1.205 bilhão e no ano passado o número correspondeu a R$ 1.837 bilhão, e a tendência é de que a trajetória continue em linha ascendente.
Os reflexos da política que foca exportações puderam ser sentidos na valorização das ações da empresa. Em relação ao último dia do fechamento de dezembro de 2003, os papéis já subiram em torno de 24%, enquanto que o Ibovespa caiu cerca de 7%. Se a comparação for feita com o ano passado, o crescimento foi de 187%. O volume de ações negociadas registrou ganhos de 180% a mais que no primeiro trimestre de 2003.

Destaques
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Opinião do mercado

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Andrés Kikuchi, analista de Investimento da Concórdia Corretora
A Perdigão vem se beneficiando de um movimento iniciado no ano passado, quando houve o auge da crise da vaca louca e da gripe asiática. A carne e o frango dos Estados Unidos e China, respectivamente, foram afetados e o mercado mundial de alimentos redirecionou seus países de importação. O mercado brasileiro, que está livre da área de perigo, passou a convergir as atenções e a Perdigão foi favorecida. As exportações da empresa passaram de R$ 380 milhões no primeiro trimestre de 2003 para R$ 580 milhões no mesmo período de 2004. Esse total representa um receita bruta de R$ 1,2 bilhão, cerca de 48% destinado ao exterior. Os principais mercados foram o árabe, asiático, europeu e russo.
Outro fator que contribuiu para os resultado positivos da Perdigão foi a queda do preço da soja e do milho, já que a companhia utiliza esses insumos para a alimentação dos animais. Como o preço é alinhado com o do mercado internacional e a China tem rejeitado a soja brasileira, o produto caiu de valor. Além disso, a Perdigão é competitiva internacionalmente por não precisar pagar o frete para exportação. A maioria dos produtos que a companhia compra são do Brasil mesmo, sendo, portanto, dispensável, o gasto com o frete que outros países precisam desembolsar. Esses aspectos impulsionaram um incremento de margens e fizeram a empresa ter um retorno tanto operacional quanto financeiro.
O lucro líquido acumulado do ano passado foi de R$ 123 milhões. Para ter uma idéia do desenvolvimento positivo da empresa, só no primeiro trimestre de 2004 o lucro já atingiu R$ 80,3 milhões. O indicador dívida líquida sobre ebitda (geração de caixa) vem baixando gradativamente e hoje se encontra no patamar de 1,9 vezes. A Perdigão tem feito rolagem da dívida, o que vem diminuindo a exposição ao risco. O ebitda do primeiro trimestre foi de R$ 146 milhões, apresentando um forte crescimento, já que no idêntico período de 2003 correspondeu a R$ 35 milhões.
Perspectivas
Refletindo o bom resultado da Perdigão no primeiro trimestre de 2004, as perspectivas para o resto do ano são positivas. As ações, que hoje oscilam em R$ 31,15, devem apresentar um up side de 55,3% até dezembro de 2004 e fechar o ano a R$ 48,4. A relação dívida líquida sobre ebitda tende a cair para 1,1 vezes. As margens da empresa não devem apresentar crescimento tão forte quanto o do primeiro trimestre já que o preço dos insumos, como a soja, deve se estabilizar, assim como o preço do frango que nos primeiros meses do ano teve um expressivo aumento de valor e agora deve se manter.
A Perdigão está acompanhando a boa tendência do setor e tem aproveitado as oportunidades de negócios. No final do ano passado a Perdigão fez um grande investimento e construiu o Complexo Agroindustrial Rio Verde, em Goiás. Como está em fase de início, os resultados ainda não são significativos, mas a tendência é de melhora nas margens operacionais. Com o tempo, após a fase do aprendizado, há uma otimização dos resultados. Caso haja o crescimento do PIB em 3,5% e o conseqüente aumento de consumo pela população, esta nova planta instaurada em Goiás será suficiente para suprir a demanda interna.
Recomendação
Recomendo compra das ações da Perdigão.

Tatiane Pereira, analista de Investimento da Corretora Coinvalores
A Perdigão apresentou um ótimo resultado no primeiro trimestre de 2004. O lucro líquido atingiu R$ 80,3 milhões em comparação com um prejuízo de R$ 8 milhões no mesmo período de 2003. O desempenho advém do aumento de 52,5% das exportações, e da elevação do preço do frango. O produto subiu de valor por conta da gripe aviária, que diminuiu a oferta de frango no mercado. A lei é a da procura e da oferta. Com menor oferta, os preços ficam pressionados e sobem. As exportações foram direcionadas para o Extremo Oriente, Europa e Oriente Médio.
Em relação ao mercado interno, o primeiro trimestre apresentou um aumento de 9,1% do faturamento da empresa. O volume de vendas de carne obteve um incremento de 3,5%. O destaque fica por conta dos produtos elaborados e processados, de maior valor agregado, que cresceram 6,7% no período. O crescimento do PIB até agora veio dentro do esperado e refletiu nos resultados positivos da empresa no cenário interno. A melhora do mix dos produtos favoreceu o valor dos mesmos.
Perspectivas
Trabalho com o preço-alvo da ação em R$ 43,00, o que representa um up side de 46% até o final do ano. Até agora, 1° de julho de 2004, os papéis da Perdigão obtiveram incremento de 23%, enquanto o Ibovespa recuou 6,5% no mesmo período. Nos primeiros dias do ano, as ações valiam R$ 23,80 e agora estão a R$ 29,30.
As perspectivas são positivas devido a três fatores. O primeiro deles diz respeito à estimativa de crescimento econômico interno. Caso se confirme o aumento do PIB em 3,5%, o consumo da população tende a acompanhar o crescimento, principalmente o dos produtos de maior valor agregado. Como a evolução do PIB será efetuada de forma lenta e gradual, a Perdigão não terá dificuldade em suprir a demanda do mercado interno e do externo.
O segundo fator se refere às exportações, que tendem a continuar fortes, principalmente de aves e suínos. Os preços internacionais seguirão elevados. E o terceiro aspecto se refere ao custo de produção dos grãos, principalmente soja e milho. Estes insumos utilizados largamente pela Perdigão como alimento para os animais, tiveram um forte recuo de preços, beneficiando as margens da empresa. A queda do valor ocorreu em virtude da previsão de que a safra norte-americana deva ser maior neste ano e devido aos sinais de que a China tende a restringir seu crescimento econômico, diminuindo a importação destes produtos. Se a demanda cai, o preço do produto acompanha o movimento e também recua.
A dívida da empresa é de R$ 1,240 bilhão. Do total, R$ 719 milhões é atrelado ao dólar, o equivalente a 58% do endividamento. Contudo, apenas R$ 520 milhões representa dívida a curto prazo. Como as exportações apenas do primeiro trimestre foram de R$ 580 milhões, a empresa possui um hedge natural, além do hedge financeiro. Mesmo assim, a empresa está com um forte controle da dívida e vem apresentando um processo de diminuição da mesma. Em dezembro de 2003, o endividamento era de R$ 1,396 bilhão. Em apenas três meses o número caiu para R$ 1,240 bilhão. Enquanto a dívida cai, o caixa aumenta, o que é muito bom para a Perdigão. O ebitda atingiu R$ 146 milhões no primeiro trimestre e o índice dívida sobre ebitda ficou em 1,14 vezes, o que é muito positivo.
Recomendação
Recomendo compra das ações da Perdigão, pois acredito que, dentre os papéis das empresas do setor, os da Perdigão são as que apresentam maior espaço de crescimento.
Os problemas sanitários que atingiram o mercado internacional, contribuíram para o bom desempenho da Perdigão que apresentou números recordes no primeiro trimestre de 2004 impulsionada pelo alto índice de exportação. No período, as vendas externas representaram 53,5% da receita líquida da companhia, elevação de 30,4% em relação a igual período de 2003. Somente para o Extremo Oriente as exportações obtiveram aumento de 142% em receitas e 72% em volume. Já no Oriente Médio, as vendas avançaram 59% em receitas e 72% em volumes. No mercado interno houve também uma melhora, já que o faturamento ficou 9% superior em relação ao primeiro trimestre de 2003, totalizando R$ 653 milhões.
As ADRs da Perdigão apresentaram excelente performance, crescendo 243% quando comparadas ao mesmo período de 2003. No Brasil, as ações da companhia tiveram valorização acima do Ibovespa e da Governança Corporativa. Nos cinco primeiros meses de 2004 os papéis subiram aproximadamente 24%.
O resultado operacional do primeiro tri cresceu 869% e alcançou R$ 121 milhões em função da melhoria do mix de produtos, redução de custos de algumas matérias-primas, recuo das despesas, crescimento das receitas e dos volumes comercializados. A contenção das despesas em 3,6 pontos percentuais impulsionou um salto de 312,3% do ebitda.

Equipe Técnica Acionista.com.br
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