Empresários otimistas, consumidores pessimistas

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Esta coluna já analisou algumas vezes as efêmeras expectativas de empresários, que vão da euforia à depressão dependendo da manchete do jornalão de confiança. Alguns números do Boletim Macro da FGV Ibre de fevereiro, divulgado nesta quinta, ajudam na discussão.

A publicação fala do descasamento entre os índices de confiança de empresas e consumidores. Em 2020, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu pelo terceiro mês consecutivo, para 98 pontos. Por seu lado, o Índice de Confiança dos Consumidores (ICC) recuou 1,2 ponto, para 90,4 pontos, após fechar 2019 em alta. “Com isso, o descolamento entre o nível de confiança de empresas e consumidores atingiu 7,9 pontos, o maior nível desde junho de 2010”, anota o Ibre.

A diferença ocorre principalmente nos indicadores de percepção sobre a situação atual (ISA). Entre o final da recessão de 2014–16 e janeiro de 2020, o ISA Empresarial avançou 21 pontos, para 93,5 pontos, enquanto o dos consumidores subiu 13 pontos, para 78,7 pontos, ainda muito abaixo da média histórica. Os indicadores de expectativas seguiram comportamento mais parecido entre eles. Em janeiro de 2020, ambos giravam próximos ao nível neutro de 100 pontos. Nota-se maior insatisfação entre consumidores de renda mais baixa.

E aí vem a pergunta: como pode a expectativa empresarial estar em alta, se os consumidores estão retraídos, e o consumo parece estar vindo apenas daqueles de maior poder aquisitivo? A confiança empresarial não se reflete na intenção de investimento das empresas que vem se mantendo abaixo dos níveis pré-crise. O Indicador de Ímpeto de Investimentos, que girava em torno de 130 pontos no início de 2013, recuou a 81,9 pontos no primeiro trimestre de 2016 e hoje está em 118,6 pontos. “A indústria ressente-se da demanda ainda fraca, mas as avaliações negativas vêm diminuindo gradualmente”, anota a FGV.

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Confiança à parte, a economia segue patinando, com crescimento em torno de 1%. Para a FGV, o descolamento entre a confiança de empresas e consumidores limita o crescimento da economia, e só uma melhora mais rápida e intensa das condições do mercado de trabalho para soltar as amarras.

 

Vale o 6%

A Advocacia-Geral da União (AGU) estima que evitou uma perda para os cofres públicos de R$ 1 bilhão ao evitar na Justiça que, no cálculo do pagamento de auxílio-transporte a servidores, fosse eliminado o desconto de 6% do salário dos que recebem o benefício.

A Medida Provisória 2.165-36/2001 estabelece que o valor do auxílio deve ser a diferença entre o gasto mensal do servidor com o transporte e o equivalente a 6% do seu vencimento ou soldo. O pedido na justiça havia sido feito por um militar.

A decisão foi da Turma Nacional de Uniformização (TNU), da Justiça Federal, o que, segundo a AGU, significa que tanto em 1º grau quanto em turmas recursais, vai se observar daqui para frente esse mesmo entendimento.

 

Na praça

A Nissan do Brasil lançou um programa piloto de locação de veículos zero-quilômetro. O projeto segue a decisão mundial da montadora. Com a mudança no modelo de uso de carros, em que a posse não é mais tão desejada, as companhias buscam soluções para se manter no mercado.

No caso do Brasil, cerca de 40% das vendas da indústria automobilística está sendo feita para locadoras (e o destino final é motorista de aplicativo) ou pessoas com deficiência. Em ambos os casos, o modelo de venda direta cresce a partir de isenções fiscais. Mas o sistema afeta a margem de lucro das montadoras. Disputar diretamente o mercado de locação deve ser uma tendência.

Neste primeiro momento, a Nissan oferecerá o aluguel apenas a funcionários de fornecedores e prestadores de serviços que atendem à empresa.

 

Pedalada

O Banco Central dos neoliberais é técnico. Mas, um dia após Bolsonaro ter dado prazo ao ministro Paulo Guedes para “apresentar resultados”, o BC liberou compulsórios e injetou R$ 135 bi na economia. Se fosse a Dilma, era intervenção no mercado.

 

Rápidas

A Coordenadoria do Núcleo Jovem da Associação Comercial de Santos (ACS Jovem) realizará cerimônia de posse da nova gestão 2020 no próximo dia 3, às 18h30, no auditório da entidade *** O Trio Capitu, grupo instrumental fundado em 2012, faz o primeiro concerto da temporada em 13 de março, às 19h, no Teatro Noel Rosa, na Uerj, em programação especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

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