No ano passado, as empresas aumentaram em US$ 7 bilhões seu volume de operações para se proteger contra as variações do câmbio. Com isso, o estoque das transações do chamado hedge cambial (proteção cambial) saltou de aproximadamente US$ 22 bilhões para cerca de US$ 29 bilhões. Na opinião de uma fonte do mercado, “este tipo de operação ajuda as empresas a diminuir seu passivo externo e também contribui para uma melhora do grau de solvência do país como um todo.”
A grande novidade é que as empresas não contaram com o Banco Central (BC) para reforçar suas defesas contra os humores do mercado internacional. O governo, dentro de sua estratégia de eliminar toda sua dívida em dólar, ofereceu menos títulos com cláusulas de correção cambial em 2005. “Sem o BC, as empresas procuraram casar suas posições em operações entre credoras e devedoras em moeda estrangeira”, explicou a fonte.
Essa postura do BC representou uma mudança de comportamento em relação ao adotado durante a crise cambial de 1999, quando o governo foi o maior provedor de proteção cambial no mercado. Naquela época, o BC emitiu uma grande quantidade de títulos atrelados ao câmbio. Com isso, deixou todo o estoque da dívida pública muito sensível às variações do dólar. Isso pesou contra o Brasil nos anos seguintes como um ponto de fragilidade frente às crises financeiras internacionais.