Nas devastadoras enchentes que afetaram e seguem afetando o Rio Grande do Sul há três meses, o setor privado teve a oportunidade de desempenhar um papel crucial não apenas na recuperação econômica, mas também na construção de um modelo de responsabilidade social corporativa mais robusto e eficaz. Empresas enfrentaram um cenário de crise sem precedentes, e a forma como responderam a esta situação traz valiosas lições para o futuro.
Primeiramente, é essencial reconhecer o esforço das empresas em oferecer ajuda imediata. Muitas corporações participaram ativamente da arrecadação e distribuição de alimentos, roupas e suprimentos essenciais. Segundo a Defesa Civil estadual, 17 das 20 maiores companhias do Brasil, de acordo com o valor de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo, envolveram-se em algum tipo de movimento solidário.
No entanto, a crise também revelou a necessidade de estratégias mais estruturadas para enfrentar desastres naturais. Uma das principais lições é a importância de um planejamento de continuidade de negócios que incorpore a resiliência diante de crises ambientais. Empresas que possuíam planos de contingência mais elaborados conseguiram retomar operações e oferecer suporte mais eficaz às comunidades afetadas.
Além disso, a crise demonstrou que a responsabilidade social corporativa deve ir além de ações emergenciais. Empresas devem investir em projetos de longo prazo voltados à prevenção e mitigação dos efeitos de desastres naturais. Isso pode incluir a implementação de tecnologias sustentáveis, promoção de práticas de construção resilientes e engajamento em iniciativas comunitárias que promovam a conscientização sobre a gestão de riscos.
Outro ponto crucial é a advocacia por políticas públicas eficazes. Durante e após as enchentes, o setor privado teve a oportunidade de se engajar em projetos governamentais de prevenção e resposta a desastres. A participação ativa na discussão de políticas, como o fortalecimento de infraestruturas urbanas e a melhoria de sistemas de alerta precoce, pode garantir que as lições sejam incorporadas à legislação e às práticas de gestão pública.
Mais do que nunca, a colaboração entre órgãos públicos e empresas se mostra essencial para promover a adoção de melhores práticas na gestão de desastres. Recentemente, o governo do Rio Grande do Sul lançou um programa que repassa auxílio de até R$3 mil para pequenos negócios impactados pela enchente. Em paralelo, seguem em andamento propostas de incentivo fiscal para áreas atingidas.
O impacto das enchentes ressalta a necessidade de um compromisso contínuo com a responsabilidade social corporativa. Empresas que aprenderem com essas lições e adotarem uma abordagem proativa e estratégica não apenas ajudarão a criar comunidades mais resilientes, mas também fortalecerão sua própria posição como líderes responsáveis em um ambiente de negócios cada vez mais consciente das questões sociais e ambientais.
O verdadeiro impacto de uma empresa vai além de suas operações diárias e se reflete na capacidade de contribuir para um futuro mais seguro e sustentável para todos!
Vanessa Pires é CEO da Brada, empresa que conecta investidores a projetos de impacto positivo por meio de leis de incentivo. Especialista em ESG e incentivo fiscal via fomento público.