Encomendar plataformas na Ásia prejudica o Brasil

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Ariovaldo Rocha (foto de Paulo Botelho, divulgação Sinaval)
Ariovaldo Rocha (foto de Paulo Botelho, divulgação Sinaval)

“A decisão da Petrobras de encomendar plataformas de produção nos estaleiros asiáticos não foi tomada em decorrência de problemas quanto à qualidade dos produtos brasileiros”, afirma Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

Rocha assegura que em todas as contratações da indústria naval brasileira, tanto para a Petrobras quanto para outras empresas aqui e no Exterior, ao longo de várias décadas, as condições de qualidade, prazo e preço sempre foram observadas. “A qualidade dos produtos deste segmento industrial brasileiro é reconhecida mundialmente”, destaca o presidente da entidade em nota.

O Sinaval se manifestou após notícias sobre as intenções de contratação, pela Petrobras, de novas plataformas (do tipo FPSO) para o campo de Búzios, na Bacia de Santos. O Sindicato cita problemas técnicos em obras produzidas no exterior, lembrando o primeiro grande navio para transporte de minério, recebido da China pela Vale, que teve problemas estruturais logo no primeiro carregamento. Plataformas construídas na China para a Petrobras tiveram que ficar ancoradas na Baía de Guanabara por longos períodos para reparos e complementações por empresas brasileiras.

Em 2012, a então presidente da Petrobras, Graça Foster, apresentou uma relação de 14 sondas feitas na China e na Coreia previstas para serem entregues naquele ano e que estavam com atrasos de 83 a 864 dias. Das 16 sondas previstas para 2011, apenas 10 foram entregues, com 542 dias de atraso.

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Em relação a preços, Ariovaldo Rocha destaca que nenhuma indústria brasileira consegue ser competitiva com os preços praticados na China, e isso ocorre por fatores como o “custo Brasil”, carga de impostos diretos e indiretos, além de subsídios e outras formas de apoio dos países asiáticos aos estaleiros lá estabelcidos.

“Deve-se considerar que uma demanda perene contribuiria para a redução progressiva dos custos brasileiros”, explica Rocha. “A decisão de contratação de plataformas na China pelo menor preço ofertado é, portanto, injusta e prejudica não só os estaleiros brasileiros quanto as indústrias de navipeças nacionais.”

Prejudica também a geração de empregos. A virtual paralisação dos estaleiros levou à perda de cerca de 70 mil postos de trabalho diretos e de 300 mil nas indústrias que compõem a cadeia produtiva.

A exigência de fabricação de plataformas com conteúdo produzido no Brasil permitiu o desenvolvimento dos fornecedores. Nos governos do Partido dos Trabalhadores, o percentual de conteúdo local pulou de 39% para 86%. Em 2017, o Governo Temer (MDB) reduziu pela metade a exigência nos leilões de óleo e gás.

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