SP: energia elétrica pressiona preços e contribui para alta no custo de vida

Segundo a Fecomércio-SP, em setembro, Região Metropolitana registrou expansão de 0,41%, com maior impacto para as famílias de menor renda

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Conta de energia elétrica (Foto: Marcello Casal Jr./ ABr)
Conta de energia elétrica (Foto: Marcello Casal Jr./ ABr)

O Índice Custo de Vida por Classe Social, divulgado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), apontou alta de 0,41% na Região Metropolitana de São Paulo, em setembro, seguindo o aumento de 0,18%, registrado no mês anterior. Nos primeiros nove meses de 2024, o índice acumula um crescimento de 3,07%. Já em 12 meses, o indicador avança 4,18%.

De acordo com o levantamento, para as classes D e E, houve elevações de 0,66% e 0,64%, respectivamente, no custo de vida, o dobro das registradas pelas classes A e B. Dentre as atividades que mais contribuíram para o resultado, destacaram-se habitação e alimentação. A primeira cresceu 1,62%, influenciada pelas altas de 6,1% na energia elétrica e de 3,3% no gás de botijão. No segundo grupo, houve aumento de 0,55%. As carnes, como contrafilé (5,5%), e as frutas, como o mamão (13,8%), contribuíram para a alta.

Na análise por faixa de renda, notam-se expansões nos preços dos itens alimentícios de 0,62% e 0,46% para, respectivamente, as classes D e E. Para a classe A, por sua vez, a alta foi de 0,39%. Na habitação, a variação das famílias de menor poder aquisitivo ficou em quase 2%, enquanto para a classe B, por exemplo, foi de 1,41% (e pouco acima de 1% para a classe A). Em setembro, a alimentação no domicílio avançou 0,95%. Outros grupos que apresentaram elevações no mês foram os de saúde (0,33%), vestuário (0,30%), artigos do lar (0,09%) e educação (0,06%). Já os recuos nos preços foram observados nos segmentos de despesas pessoais e transportes, com quedas de 0,83% e 0,05%, respectivamente, deflações influenciadas pelo varejo. No primeiro caso, houve diminuições de 2,9% no valor dos brinquedos e de 2,7% nos produtos para animais de estimação. Nos transportes, quedas no etanol (-1,4%), nos seguros de veículos (-3,9%) e no ônibus interestadual (-1,6%). Esse barateamento só não foi maior em razão do aumento de 5,4% nas passagens aéreas.

De acordo com a Fecomércio-SP, os preços devem continuar pressionados em outubro, especialmente em decorrência da mudança para a bandeira tarifária vermelha, patamar 2. No entanto, as recentes chuvas no Sudeste e no Sul do Brasil podem aliviar os custos da energia nos próximos meses. O preço dos alimentos, principalmente as carnes, podem continuar impactando o grupo, mas não causará um efeito cascata. Segundo a Entidade, são pressões pontuais e especificas de preços, não havendo a necessidade de uma atenção maior.

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“A melhora no mercado de trabalho e o ganho real de renda continuam fortalecendo o poder de compra e o consumo das famílias, sem grandes prejuízos para a economia”, comenta Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomércio-SP.

Já segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “a aceleração do IPCA-15 em outubro sinaliza uma inflação mais persistente do que o desejado, o que pode exigir um ajuste mais agressivo da política monetária. Dos nove grupos, oito tiveram alta. O aumento nos preços de habitação, especialmente da energia elétrica, e alimentos eleva o custo de vida, pressionando o Banco Central a manter uma postura mais rigorosa com a taxa de juros. Embora o setor de transportes tenha aliviado a pressão, o cenário ainda é inflacionário chegando cada vez mais perto do teto da meta, assim como já previsto no Boletim Focus dessa semana. Tudo isso deve influenciar a decisão do Banco Central na próxima reunião da Selic, a considerar, inclusive, um aumento de 0,50%.”

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