Alimentos caminham para deflação em junho

Bandeira amarela na energia impediu queda maior do IPCA de maio; alimentos tiveram influência na queda do IPCA em maio

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Caixas de ovos, alimentos
Ovos (Foto: Luiz Agner/IBGE)

A inflação do país desacelerou para 0,26% em maio, recuando 0,17 ponto percentual (p.p.) em relação a abril (0,43%). O resultado mensal foi influenciado, principalmente, pelo avanço no grupo habitação (1,19% e 0,18 p.p. de impacto), após aumento nos preços da energia elétrica residencial, que passou de -0,08% em abril para 3,62% em maio, devido à mudança na bandeira tarifária. No ano, a inflação acumulada é de 2,75% e, nos últimos 12 meses, de 5,32%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje pelo IBGE.

Para Felipe Rodrigo Oliveira, economista-chefe da MAG Investimentos, “a abertura do dado mostrou uma desaceleração do grupo alimentos e bebidas, além de deflação nos grupos artigos de residência e transportes. Para os próximos meses, a sazonalidade favorável deverá permitir que ocorra deflação nos alimentos no domicílio. Além disso, a apreciação do real deverá contribuir para uma desaceleração do segmento de bens industriais”.

O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, destaca a influência dos principais grupos de produtos e serviços pesquisados.

“Se olharmos para os três principais grupos, alimentação e bebidas, habitação e transportes, que juntos possuem peso de 57% no IPCA, observamos que a desaceleração dos alimentos, que saíram de 0,82% em abril para 0,17% em maio e a queda dos transportes de 0,37%, acabam por compensar a alta de 1,19% do grupo habitação, refletindo no resultado final do índice geral”.

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O grupo habitação avançou de 0,14% em abril para 1,19% em maio, com alta de 3,62% na energia elétrica residencial, principal impacto no índice do mês, com 0,14 p.p..

“Além do reajuste em algumas áreas pesquisadas e aumento nas alíquotas de PIS/Cofins, esteve vigente no mês de maio a bandeira tarifária amarela, com cobrança adicional de R$ 1,885 na conta de luz a cada 100 KWh consumido”, explica Gonçalves.

Já o grupo alimentação e bebidas variou 0,17% em maio (0,04 p.p. de impacto) frente a 0,82% em abril, menor variação mensal desde agosto de 2024, quando havia recuado 0,44%. Contribuíram para esse resultado as quedas do tomate (-13,52%), do arroz (-4%), do ovo de galinha (-3,98%) e das frutas (-1,67%). No lado das altas destacam-se a batata-inglesa (10,34%), a cebola (10,28%), o café moído (4,59%) e as carnes (0,97%).

“A queda nos preços do tomate pode ser explicada por um aumento da oferta devido ao avanço na safra de inverno, movimento inverso no caso da batata inglesa, onde a safra de inverno ainda não é suficiente para suprir a demanda. Já no caso da cebola, questões relacionadas à importação do produto da Argentina influenciaram no aumento dos preços”, pontua o gerente do IPCA.

Por outro lado, a queda de 0,37% dos transportes contribuiu para a desaceleração do IPCA de maio, exercendo -0,08 p.p. de impacto, com destaque para os recuos na passagem aérea (-11,31%) e combustíveis (-0,72%). Todos os combustíveis pesquisados registraram recuos em maio: óleo diesel (-1,30%), etanol (-0,91%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,66%).

“A queda nas passagens aéreas se deve por ser um período entre as férias de final e início de ano e as do meio do ano, quando as companhias aéreas costumam baixar os preços. Já nos combustíveis, destaque para a redução do álcool hidratado, que é aquele abastecido nos veículos, que sofreu redução na tributação, resultando em um recuo de R$ 0,05 por litro”, salienta Gonçalves.

As demais variações e impactos no IPCA de maio foram: saúde e cuidados pessoais (0,54% e 0,07 p.p.); vestuário (0,41% e 0,02 p.p.); despesas pessoais (0,35% e 0,04 p.p.); comunicação (0,07% e 0 p.p.); educação (0,05% e 0 p.p.); e artigos de residência (-0,27% e -0,01 p.p.).

Além de uma estabilidade, inflação fica no campo positivo em todas as localidades pesquisadas

Regionalmente, a maior variação (0,82%) ocorreu em Brasília por conta da alta da energia elétrica residencial (9,43%) e da gasolina (2,60%). A menor variação ocorreu em Rio Branco (0%) em razão da queda no ovo de galinha (-9,09%) e no arroz (-6,26%).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,35% em maio. No ano, o acumulado é de 2,85% e, nos últimos 12 meses, de 5,20%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2024, a taxa foi de 0,46%.

Os produtos alimentícios desaceleraram de abril (0,76%) para maio (0,26%). A variação dos não alimentícios passou de 0,39% em abril para 0,38% em maio.

Quanto aos índices regionais, a maior variação (1,24%) ocorreu em Brasília por conta da energia elétrica residencial (9,30%) e do ônibus urbano (12,90%). A menor variação ocorreu em Rio Branco (0,09%) em razão da queda no ovo de galinha (-9,09%) e no arroz (-6,26%).

Já o IPC-S da primeira quadrissemana de junho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,41% e acumula alta de 4,49% nos últimos 12 meses.

Nesta apuração, cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição para o resultado do IPC-S partiu do grupo educação, leitura e recreação cuja taxa de variação passou de -0,71%, na quarta quadrissemana de maio de 2025 para -0,25% na primeira quadrissemana de junho de 2025.

Também registraram acréscimo em suas taxas de variação os grupos: transportes (0,02% para 0,19%), habitação (0,98% para 1,04%), alimentação (0,29% para 0,31%) e comunicação (-0,34% para -0,19%). Em contrapartida, os grupos despesas diversas (0,44% para 0,18%), saúde e cuidados pessoais (0,59% para 0,51%) e vestuário (0,56% para 0,52%) apresentaram recuo em suas taxas de variação.

Com informações da Agência de Notícias IBGE

Matéria atualizada às 19h06 para incluir análise do economista da MAG Investimentos

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