Com previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano e expectativa de crescimento da carga e do consumo de energia no mesmo período, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira amarela. Válida para este mês, as tarifas serão acrescidas em R$ 18,85 a cada MWh utilizado. Uma das alternativas à oscilação tarifária, e o peso que o reajuste representa no bolso do consumidor, é a geração própria de energia solar, que acaba de atingir a marca de 29 GW de potência instalada operacional em residências, comércios, indústria, propriedades rurais e prédios públicos, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O sistema de bandeiras tarifárias da Aneel, que vai de verde (sem custo extra) a vermelha 2 (R$ 78,77 por MWh utilizado), foi instituído em 2015 para indicar aos consumidores os custos de produção de energia no Brasil, considerando fatores como recursos hídricos, avanço das fontes renováveis e acionamento de fontes mais caras de geração, como as termelétricas.
Em julho, com a bandeira tarifária amarela, uma conta de luz de R$ 100 vai passar a R$ 102,6.
Segundo mapeamento da Absolar, o país possui até o momento mais de 2,6 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos e soma mais de 3,7 milhões de unidades consumidoras atendidas pela tecnologia. Ao calcular os benefícios da geração distribuída, estudo encomendado pela associação indica que a economia líquida na conta de luz de todos os brasileiros pode chegar a aproximadamente R$ 85 bilhões até 2031.
De 2012 a 2023, o setor de energia solar gerou mais de 1 milhão de empregos, somou R$ 164 bilhões em investimentos, evitou que 42,33 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera e hoje também contribui com uma fatia expressiva da energia elétrica gerada no país.
A utilização cada vez mais efetiva da geração de energia a partir de sistemas fotovoltaicos, ressalta Jayme Passos, amplia o protagonismo do Brasil na transição energética global
Por conta da previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano, junto com o aumento de temperatura e maior consumo de energia, a bandeira amarela volta ao sistema de tarifas do consumo de energia elétrica após 26 meses. Esta alteração significa que a cada 100 kWh consumidos, terá um aumento de R$ 1,885 no valor cobrado.
No entanto, esse cenário não atinge o mercado livre de energia no Brasil. Além disso, o mercado livre, para as empresas, apresenta alguns fatores favoráveis frente ao mercado regulado e as mudanças de bandeiras tarifárias. Portanto, apenas os consumidores do mercado regulado de energia terão os custos gerados pela bandeira amarela. Em Santa Catarina, a distribuidora do setor é a Celesc, ou seja, os clientes da empresa catarinense devem pagar R$ 1,885 a cada 100kWh.
A mudança de bandeira foi anunciada pelo Governo Federal por meio da Aneel, que alega que esse panorama climático irá fazer com que as termelétricas, com energia mais cara que as hidrelétricas, passem a operar mais.
A orientação da Aneel é que os consumidores do mercado regulado utilizem a energia de forma consciente e evitem desperdícios, pois para preservar recursos naturais é fundamental que exista a economia de energia.
Desde abril de 2022, a bandeira que estava em vigência em todo o país era a verde, na qual não possui custo adicional, e promove a redução dos custos das empresas e segurança para o orçamento das famílias.
Outra modalidade que existe no sistema tarifário é a bandeira vermelha. Ela é divida em dois patamares, sendo que a primeira possui acréscimo de R$ 4,463 a cada 100 kWh consumido, e a segunda de R$ 7,877 a cada 100 kWh consumido.