Eneva tem rating de AA+ da Fitch

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Prédio da Fitch Ratings
Prédio da Fitch Ratings (Foto: reprodução)

A Fitch Ratings colocou em observação positiva, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ da Eneva S.A e de sua nona emissão de debêntures. A Eneva é uma empresa integrada de energia, com atuação em geração de eletricidade e extração de gás. A companhia possui capital pulverizado, com ações negociadas no Novo Mercado da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (B3). Fundada há 23 anos, o acionista com maior volume de ações da empresa é o BTG Pactual (22,02%).

A Fitch diz que a observação positiva segue o anúncio de oferta pública de distribuição primária de ações ordinárias da Eneva, com garantia inicial de R$ 3,2 bilhões e possibilidade de emissão adicional de até R$1,0 bilhão, além da assinatura de três memorandos de entendimento, vinculantes, para aquisição de ativos termelétricos do BTG Pactual Holding Participações S.A. (BTG, AAA(bra)/Estável) e coligadas, por R$ 2,9 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão pago com ações da Eneva, e assunção de dívida líquida de apenas R$ 222 milhões.

A Fitch considera que as operações ampliarão e diversificarão a base de ativos da Eneva, além de reduzir a alavancagem financeira da companhia para patamares condizentes com um rating superior, caso não haja outro movimento expressivo de crescimento nos próximos anos. As quatro geradoras a serem adquiridas adicionarão capacidade instalada proporcional de 693MW, elevando em cerca de 10% a capacidade operacional e em construção da Eneva e contribuindo para um significativo fortalecimento da geração operacional de caixa, ao menos em 2025.

Para a Fitch, a significativa queda do Ebitda incremental (prevê o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) a partir de 2026, decorrente do término dos atuais contratos de fornecimento e da recontratação de parte da capacidade destas usinas em condições menos favoráveis em termos de receita fixa, não impede que a relação dívida líquida/Ebitda migre para patamares próximos ou abaixo de 3,5 vezes.

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A capacidade instalada da empresa ao final de março de 2024 era de 5,2 GW, por meio de ativos de geração térmica e solar, podendo chegar a 6,3 GW, quando concluir os projetos em construção, e a 7,0 GW, caso as aquisições sejam concluídas.

Estrutura de capital

O aporte de capital, de ao menos R$ 3,2 bilhões, e o pagamento de parcela significativa da aquisição com ações por si só favorecem a alavancagem e a liquidez da Eneva em um momento em que a companhia apresenta elevados investimentos nos projetos em construção. “O uso da geração de caixa de setembro a dezembro de 2024 dos ativos adquiridos, estimada em R$ 551 milhões, para reduzir a parcela a ser paga com caixa e o robusto Ebitda incremental, estimado em R$1,6 bilhão em 2025, também contribuem para o processo de desalavancagem”, destaca o relatório da agência de classificação de risco de crédito.

A Eneva possui base de ativos composta principalmente por dez usinas termelétricas (UTEs), sendo oito a gás natural e duas a carvão, além de um complexo solar. A companhia tem 5,2 GW de capacidade instalada em operação, incluindo a UTE Fortaleza (327 MW), que está em hibernação desde dezembro de 2023. A capacidade instalada operacional deve ser expandida para 6,3 GW até o final de 2026, com a conclusão das UTEs Parnaíba VI (92 MW) e Azulão I e II (950 MW).

Adicionando a capacidade proporcional de 693MW dos quatro novos ativos, a Eneva atingirá capacidade instalada em operação de 7,0 GW a partir de 2027. Além disso, apresenta reservas de gás provadas e prováveis suficientes para suprir as necessidades de suas térmicas por mais de 15 anos, considerando despacho de 50% das usinas, e tem apresentado reposição de reservas superior a seu consumo.

Em 2023, a empresa teve receita fixa de R$2,7 bilhões. A Fitch considera que as UTEs Parnaíba I e III provavelmente serão competitivas em caso de realização do Leilão de Reserva de Capacidade, devido a uma estrutura de custos verticalizada e por já estarem amortizadas. A Fitch vê pouco espaço para recontratação das usinas a carvão Itaqui (360 MW) e Pecém II (365 MW). Dos 693MW de capacidade de ativos a serem adquiridos, 242MW terão contratos vencendo ao final de 2024 e 241MW vencerão ao final de 2025, mas 503MW estão contratados a partir de julho de 2026.

A previsão da Fitch é que o fluxo de caixa livre (FCF) da Eneva seja negativo em R$ 382 milhões em 2024, após R$ 2,6 bilhões de investimentos, que incluem aproximadamente R$ 1,1 bilhão nas UTEs em desenvolvimento, R$ 850 milhões no segmento de exploração de gás e R$160 milhões na planta de liquefação.

O FCF negativo de 2024 será financiado por linhas de crédito já contratadas e pelo aumento de capital. Com os elevados investimentos, de R$ 4,9 bilhões, em 2025-2026, o FCF deve ficar negativo, em média, em R$ 300 milhões, frente aos R$ 800-900 milhões esperados anteriormente, e se tornar positivo em 2027, atingindo R$ 2,0 bilhões. O cenário-base do rating considerou Ebitda de R$4,4 bilhões em 2024, R$ 5,9 bilhões em 2025 e R$ 4,7 bilhões em 2026.

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