Ensino Superior acelera renda em 15 anos

Profissionais com Graduação ganham 160% mais do que quem tem Ensino Médio

753
Carteira de Trabalho Digital (foto de Bruno Peres, ABr)
Carteira de Trabalho Digital (foto de Bruno Peres, ABr)

Levantamento do Unico Skill revela como a educação acelera a renda do trabalhador brasileiro conforme o nível de escolaridade. O salário médio de quem tem Ensino Superior (R$ 6.522) equivale ao que um profissional com Ensino Médio (R$ 2.509) só alcançaria após cerca de 15 anos, considerando um reajuste anual de 6,35%, que é a média composta (CAGR) de aumento do salário mínimo nos últimos 10 anos. Em outras palavras, a Graduação antecipa em uma década e meia o patamar de renda do trabalhador. O estudo foi realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, referente ao segundo trimestre de 2025, e no Censo Escolar 2024, do Inep.

Considerando níveis de escolaridade mais baixos, a discrepância de renda é ainda maior. O trabalhador com Ensino Fundamental (R$ 2.137) levaria 18 anos para chegar ao patamar de quem tem Ensino Superior – considerando um cenário hipotético em que o profissional graduado teria reajuste zero no período. No caso de quem não tem instrução formal (R$ 1.662), seriam 22 anos.

Os dados mostram, ainda, que o impacto da educação sobre a renda cresce conforme o nível de escolaridade avança. O salário médio de trabalhadores com Ensino Fundamental é 28,6% maior do que a renda de quem nunca estudou. Do Ensino Fundamental para o médio, o aumento é de 14,6%, e do médio para o superior, o salto chega a 159,9%. Ou seja, um profissional que conclui a Graduação tem o salário 2,7 vezes maior em relação a quem parou de estudar e não entrou na universidade. Na comparação com quem não tem instrução formal, o trabalhador graduado ganha mais do que o quádruplo: 292,4%.

Ainda segundo o apurado, um ano de Ensino Fundamental, por exemplo, potencialmente aumenta a renda média em 2,8%. No Ensino Médio, 4,7%, e no Superior, 27%. Esses percentuais representam o ritmo médio de crescimento salarial durante os anos de estudo de cada nível de ensino, em taxa composta.

Espaço Publicitáriocnseg

Além dos ganhos de renda, o levantamento também comprova que estudar é um escudo contra o desemprego – e essa “proteção” vai ficando mais forte à medida que a escolaridade avança. A chance de um profissional com Ensino Superior completo permanecer desempregado é menos da metade da de quem concluiu apenas o Ensino Médio (3,5% contra 8%), e chega a ser seis vezes menor em relação àqueles que não terminaram o Ensino Fundamental (3,5% contra 21,1%). Os dados foram obtidos a partir do índice oficial de desemprego divulgado pelo IBGE referente a 2024.

Se a mão de obra qualificada é valorizada pelo mercado de trabalho, encontrar o trabalhador com as habilidades necessárias é cada vez mais difícil. Para os CEOs brasileiros, a escassez de talentos já se tornou a principal ameaça ao futuro dos negócios no país, segundo uma pesquisa da consultoria PwC.

Quase 80% das empresas têm dificuldade para contratar

Já a 32ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), que mede o nível de otimismo de profissionais com qualificação e recrutadores em relação à economia e ao mercado de trabalho brasileiro, revela que quase 80% das empresas seguem com dificuldades para contratar. O dado é importante, pois, mesmo diante de um aumento do pessimismo pelo segundo semestre consecutivo, 18% das empresas planejam recrutar mais nos próximos meses, o que demonstra resiliência nas projeções de contratação.

O índice consolidado recuou 3,1 pontos (de 38,6 pontos, no primeiro semestre, para 35,5 pontos, no segundo). As perspectivas para os próximos seis meses regrediram na mesma proporção, passando de 43,3 para 40,2 pontos. A tendência de queda reforça a percepção de um ambiente mais desafiador, marcado por juros elevados, inflação persistente, câmbio volátil e projeções mais modestas para o PIB de 2025.

A taxa de desemprego entre profissionais qualificados manteve-se em 3%, índice bastante inferior à taxa geral do país (5,8%). Mesmo com o contexto de cautela, 78% das empresas relatam dificuldade em contratar profissionais com qualificação, e 63% acreditam que o desafio deve permanecer estável, enquanto 25% projetam piora.

Segundo o estudo, “embora haja instabilidade, profissionais empregados mantêm confiança em sua empregabilidade individual, indicando percepção de segurança em seus cargos atuais. E na escolha de novas oportunidades, fatores não salariais seguem como determinantes para a tomada de decisão. Pacotes de benefícios, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, perspectiva de crescimento, modelo de trabalho (presencial, remoto ou híbrido) e distância da residência ao escritório estão entre os aspectos mais citados.”

Leia também:

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg