O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, descreveu a atual “escalada militar” entre Israel e Irã como “profundamente preocupante” e pediu o início “urgente” de um processo de diálogo, com o objetivo de “encontrar uma saída” para o constante fogo cruzado dos ataques.
“Junto-me a todos aqueles que pedem uma redução das tensões e negociações diplomáticas urgentes”, disse ele durante um discurso no Conselho de Direitos Humanos da ONU, no qual analisou algumas das principais áreas de preocupação internacional.
Türk pediu a Israel e ao Irã que garantam “total respeito” às leis internacionais, pedindo especificamente a proteção de civis em áreas densamente povoadas. Tanto as forças iranianas quanto as israelenses atingiram alvos em áreas urbanas nos últimos dias.
Nesta segunda-feira, as Forças Armadas israelenses bombardearam a sede da televisão pública iraniana em Teerã, IRIB, de acordo com a agência de notícias semi-oficial iraniana Mehr.
A Força Aérea israelense confirmou que “continua atacando alvos militares no centro do Irã”, embora não tenha fornecido mais detalhes até o momento.
Esse ataque ocorre depois que o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, apontou o dedo diretamente para a “propaganda” iraniana. “A propaganda e o alto-falante sedicioso do Irã estão prestes a desaparecer”, disse Katz nas redes sociais. “A evacuação dos residentes próximos já começou”, acrescentou.
As Forças Armadas israelenses pediram a evacuação do chamado Distrito 3 de Teerã, onde está localizada a sede da televisão pública iraniana.
“Aviso urgente a todas as pessoas presentes na área indicada no mapa anexo no Distrito 3 de Teerã. Caros cidadãos, para sua segurança, pedimos que deixem a área mencionada no Distrito 3 de Teerã imediatamente”, tuitou o porta-voz do Exército israelense em árabe, Avichay Adraee.
“Nas próximas horas, o Exército israelense operará nessa área, como tem feito na área de Teerã nos últimos dias”, acrescentou Adraee na mensagem, que é acompanhada por um mapa com uma área em vermelho e nomes persas como os que ele usa para ordenar evacuações na Faixa de Gaza.
Já o Irã emitiu uma ordem de evacuação para os moradores de Bnei Brak, uma cidade na periferia sul de Tel Aviv, depois que as autoridades israelenses realizaram bombardeios no oeste da capital iraniana, Teerã, na segunda-feira.
“Nas próximas horas, as Forças Armadas entrarão em ação nessa área para atacar a infraestrutura militar do regime sionista, assim como fizeram nos últimos dias na área ao redor de Tel Aviv”, disse a Guarda Revolucionária em um comunicado divulgado pelo canal de televisão estatal Kan.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na segunda-feira que as forças israelenses “controlam os céus de Teerã” como parte de sua campanha de bombardeio contra o território iraniano desencadeada na sexta-feira, e reiterou que seu objetivo é destruir os programas nuclear e balístico de Teerã.
O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben Gvir, acusou na segunda-feira a imprensa internacional de “colocar vidas em perigo” com sua cobertura e ameaçou prender qualquer pessoa que filmar em áreas israelenses afetadas pelos ataques do Irã, em uma tentativa de impedir “expressões de alegria” e apoio a Teerã.
Durante uma visita à cidade de Petah Tikva, que foi atingida por um ataque iraniano, o ministro prometeu confrontar essa “mídia estrangeira” cuja cobertura favorece “expressões de apoio aos ataques do Irã”, o que se traduz em “apoio aos terroristas”, de acordo com o “The Times of Israel”.
Ben Gvir deixou claro que a polícia “perseguirá” todos aqueles que forem a “locais onde ocorreram ataques” para filmar, pois isso permite que os agressores “triangulem melhor seus atentados”.
Com relação a isso, ele disse que consultou o Shin Bet – a agência de inteligência interna do país – e indicou que as forças de segurança já estavam cientes da situação. “Mostrar onde os mísseis caíram em território israelense é um perigo para a nossa segurança, então espero que aqueles que filmam sejam tratados exatamente como isso, como pessoas que prejudicam a segurança do Estado”, disse ele.
“Os fotógrafos e jornalistas que conseguiram obter acesso não são da Al Jazeera ou da Al Mayadeen, mas de canais de televisão estrangeiros, que não proíbem filmagens, a menos que violem os regulamentos e a censura”, disse ele.
Esses dois canais foram proibidos de cobrir o território israelense desde os ataques do Hamas e de outras facções palestinas em 7 de outubro de 2023. O governo israelense citou questões de segurança para impedir o trabalho de seus jornalistas.
Na segunda-feira, o Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento israelense (Knesset) aprovou a extensão do estado de emergência até o final de junho, conforme solicitado pelo governo.
A medida recebeu o apoio unânime dos membros do comitê em questão, conforme confirmado pelo Ministro da Defesa, Israel Katz, o que é um primeiro endosso do governo.
O Departamento de Estado dos EUA atualizou nesta segunda-feira suas recomendações de viagem sobre Israel e pede a seus cidadãos que não viajem ao país devido à existência de um conflito armado.
O Departamento disse em um comunicado: “Não viaje para Israel devido a conflitos armados, terrorismo e distúrbios civis”, que também mantém sua recomendação de não viajar para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Até agora, Washington só recomendava evitar a faixa de quatro quilômetros das “fronteiras libanesa e síria” devido à “presença e atividade militar contínua”.
A recomendação é uma atualização de uma emitida no último sábado, que pedia a “partida voluntária de funcionários do governo dos EUA que não fossem emergenciais e de membros da família devido à situação de segurança volátil e imprevisível”.
Com informações da Europa Press
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