Espaçolaser (ESPA3): resultado do 1T25, prioridades e perspectivas

Nesta entrevista, Fabio Itikawa destaca as cinco prioridades da Espaçolaser que estão norteando o trabalho feito pela companhia.

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Conversamos sobre o resultado do 1T25 da Espaçolaser com Fabio Itikawa, CFO da companhia.

Qual a sua avaliação sobre o resultado do 1T25 da Espaçolaser?

Antes de começar a resposta, eu queria ressaltar que no release do 4T24, nós definimos cinco prioridades para 2025: expansão através da abertura de novas lojas franqueadas; recomposição de preços com o intuito de crescimento no top-line; ganhos de eficiência e produtividade na nossa operação; melhoria da experiência do cliente e disciplina financeira para reduzirmos a alavancagem. Em termos de expansão, nós abrimos 18 novas franquias nos últimos 12 meses, o que nos permitiu alcançar 245 lojas franqueadas, um crescimento de 8%.

Com relação à recomposição de preço, no 2S24 a companhia desenvolveu uma nova estratégia comercial através da qual está reposicionando o seu preço, melhorando o seu mix de áreas ofertadas aos clientes, e que possuem maior valor agregado, e fazendo campanhas promocionais mais assertivas e mais diretas, além de, pontualmente, campanhas de marketing para áreas que hoje possuem um baixo volume de vendas. A ideia é dar continuidade a essa estratégia, pois, no 1T25 o nosso ticket médio cresceu 23% quando comparado ao 1T24. Além disso, o System-Wide Sales cresceu 13,5% no 1T25, e o Same-Store Sales, 11,4%. Isso é reflexo dessa nova estratégia comercial. É claro que há um limite para o reposicionamento de preço, mas a partir do momento em que há pouca elasticidade de reajuste de preço, nós vamos continuar fazendo esse trabalho.

Com relação aos ganhos de eficiência, eu posso citar o exemplo das despesas com cartão de crédito, que, basicamente, é o serviço de adquirência, onde o cliente passa o cartão e a adquirência morde um pedaço desse valor. No passado, esse serviço era prestado de forma descentralizada por mais de um adquirente, o que não nos beneficiava em termos de volume para negociarmos melhores condições comerciais. Dessa forma, nós concentramos boa parte desse volume em um grande player para obtermos melhores condições comerciais, o que se refletiu na redução de 30% dessa despesa no 1T25, que passou de R$ 4 milhões para R$ 3 milhões. Para o ano, nós estamos falando de R$ 12 milhões, R$ 15 milhões em ordem de grandeza, o que é um custo relevante para a nossa operação.

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Cabe destacar que a Espaçolaser utiliza a metodologia ABZ, onde o orçamento é muito bem acompanhado. Como nós definimos pacotes de custos e despesas que possuem donos, cada dono tem que buscar a redução desses pacotes, independente do custo ser pequeno ou relevante. Com isso, a companhia vem melhorando a eficiência da sua operação. Por exemplo, nós tivemos uma redução de 5% da despesa operacional, que engloba tanto as despesas com vendas, redução de 22%, quanto gerais e administrativas, redução de 12%.

Com a recomposição de preço, os ganhos de eficiência e a redução de custos e despesas, nós entregamos um Ebitda recorde para a companhia, que alcançou R$ 80 milhões, com uma consequente melhora na margem Ebitda, que ficou em quase 28%.

Com relação a melhoria da experiência dos nossos clientes, neste trimestre nós implementamos diversas melhorias no nosso aplicativo para agendamento das sessões. Com isso, nós tivemos uma melhora do nosso NPS, que atingiu 87 pontos no final do 1T25 contra 85,7 no 1T24. Essa é uma longa jornada de melhoria, mas estamos no caminho para que possamos ter, cada vez, foco no nosso cliente.

Por fim, nós temos a disciplina financeira. O 1T25 foi o décimo segundo trimestre de redução do indicador de alavancagem da companhia. Neste trimestre, nós atingimos 2,06x e reduzimos a dívida líquida em quase R$ 40 milhões quando comparado ao 1T24. A consequência disso é que estamos conseguindo captar mais barato do que há um ano. Por exemplo, no 1T25 nós fizemos uma operação pequena de R$ 15 milhões, mas com uma taxa de CDI + 2,8%. Há um ano, nós havíamos feito uma operação de CDI + 4,5%. Outro ponto é que, recentemente, a Moody’s atribuiu, pela primeira vez, um rating para a Corpóreos, que é a nossa subsidiária operacional. Foi um rating A em escala nacional, que foi superior ao que a companhia já tinha. Esse foi mais um reconhecimento do trabalho que a companhia vem fazendo de focar na rentabilidade e na redução de alavancagem.

Além disso, a geração de caixa operacional teve um crescimento de quase 9%, com a conversão de Ebtida em caixa atingindo quase 63%, o lucro líquido ajustado cresceu quase 73%, e o lucro líquido contábil mais do que dobrou, crescendo 118%.

A companhia teve seus desafios nos últimos três anos, mas agora sabe o que precisa ser feito e está mexendo nas alavancas certas para retornar a um patamar de crescimento e rentabilidade.

O resultado da Espaçolaser costuma variar entre os trimestres ou costuma ser mais linear?

O resultado da Espaçolaser tem seus momentos. Nós temos uma sazonalidade na nossa operação, com o primeiro e o quarto trimestres mais fortes em termos de venda e resultado, enquanto o segundo e o terceiro são um pouco mais fracos.

Como o mercado está sentindo a recomposição de preços da Espaçolaser?

Dentro da nova estratégia comercial, nós estamos testando o nível de elasticidade para aumentarmos os preços sem impactarmos tanto o volume de vendas. Claro que vai chegar um momento em que um determinado patamar de preço vai prejudicar o volume de vendas, mas, por enquanto, nós enxergamos que o mercado ainda está respondendo bem a nova estratégia de reposicionamento de preço da companhia.

Como a Espaçolaser está sentindo o ano de 2025?

Até o momento, 2025 está dentro das nossas expectativas. Nós já esperávamos um 1T25 com resultados fortes, e abril e maio, em termos de vendas, estão dentro da nossa expectativa. Pelo que desenhamos para 2025, por enquanto, não estamos tendo nenhuma novidade, mas como vivemos no Brasil, onde se pode acordar de um jeito e ir dormir de outro, nós estamos preparados. A companhia tem 20 anos de existência, operando não só no Brasil como também na Argentina, dois países com dinâmicas bem diferentes. A Espaçolaser é uma companhia resiliente, com um serviço muito desejado por um grande público feminino, e está preparada para qualquer momento adverso que possa surgir em 2025.

O que falta para que o preço da ação da Espaçolaser comece a refletir o trabalho que está sendo feito pela companhia?

Além de estarmos trabalhando na operação da companhia para melhorarmos a sua rentabilidade e reduzirmos a sua alavancagem, nós estamos melhorando a comunicação com o mercado. Recentemente, nós fizemos o Investor Day da companhia, o que já trouxe algum reflexo no preço da ação. Após esse evento, a ação chegou a bater R$ 0,83, depois de estar em um patamar de R$ 0,70.

O trabalho de RI é se comunicar com o mercado, falando e dando clareza sobre as melhorias da companhia, sobre as suas prioridades e como essas prioridades estão trazendo resultados para a companhia. O nosso objetivo é dar uma nova visão sobre a Espaçolaser.

Como a companhia está vendo as suas perspectivas para o restante do ano?

O segundo trimestre está dentro das nossas expectativas. Em termos de vendas, esse é um trimestre mais fraco que o primeiro e o quarto, mas nós temos o objetivo muito claro de trabalharmos nas cinco frentes que estipulamos. Pelo lado financeiro, nós temos um grande trabalho a ser feito para reduzirmos o custo de funding e melhorarmos o perfil de endividamento da companhia. O rating da Moody’s e o resultado do 1T25 vão nos ajudar nas conversas com os nossos parceiros financeiros para que possamos, eventualmente, reduzirmos o nosso custo de funding.

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