Conversamos sobre o resultado do 3T24 da Espaçolaser com Fabio Itikawa, CFO da companhia.
Como a Espaçolaser avalia o seu resultado do 3T24?
É importante ressaltar o filme da Espaçolaser, e não um trimestre em específico. No 3T24, nós tivemos mais um trimestre de redução de alavancagem, que tem sido o foco primordial da companhia, através da geração de caixa. A companhia reduziu a sua dívida líquida, com a dívida bruta caindo, aproximadamente, 8% quando comparado com o 3T23. Também comparado ao mesmo período, o nível de alavancagem foi reduzido e nós alcançamos uma relação de Dívida Líquida/Ebitda de 2,2x, sendo que a geração de caixa, a conversão de Ebitda em caixa, continua elevada. No 3T24, essa conversão foi de 131%.
O resultado de 2024 reflete a estratégia e a prioridade da companhia: gerar caixa e ser mais eficiente na sua operação, para com isso reduzir a sua alavancagem. Essa estratégia tem trazido outros benefícios além da redução da dívida. Em outubro, nós conseguimos fazer uma nova captação de R$ 30 milhões com custo de dívida bem abaixo do custo levantado no início deste ano. Isso reflete um trabalho de qualidade da companhia, pois a partir do momento em que mostramos o compromisso em reduzir a alavancagem e melhorar a eficiência da nossa operação, nós temos uma melhor qualidade de crédito, o que se reflete em um custo de dívida mais atrativo.
É por isso que temos que olhar a Espaçolaser pelo seu filme e pela consistência com a qual ela vem entregando resultados.
Como a Espaçolaser entende os seus números?
Nós temos alguns indicadores que são resultados de iniciativas que começaram no final do ano passado e início deste ano, sendo que o principal indicador operacional da companhia é o nível de cancelamento. No 3T24, nós tivemos uma redução expressiva de 8% em relação ao 3T23. No acumulado do ano, essa redução é de, aproximadamente, 12,4% quando comparada ao mesmo período do ano anterior. Isso se deve ao trabalho interno que fizemos de revisão de processos, uso de tecnologia para melhorar e agilizar a parte de cobrança e uma liderança mais focada nesse indicador.
O novo ciclo de alta da Selic impacta a dívida da Espaçolaser?
De fato, impacta, pois a dívida da companhia é atrelada ao CDI. Contudo, como comentei, nós estamos trabalhando para reduzir o custo do nosso funding. Recentemente, nós conseguimos uma dívida atrelada ao CDI mais um spread de 2,92%, sendo que a dívida anterior, captada no início do ano, em outra condição de mercado, era de CDI + 4,5%. É por isso que estamos trabalhando na redução do spread da dívida que temos atualmente. A dívida, recentemente captada, mostra como vamos trabalhar o restante das nossas dívidas.
Como está composta a dívida da Espaçolaser? Faço essa pergunta, pois a companhia gera resultado operacional, mas boa parte desse resultado é consumido pelas despesas financeiras.
A companhia tem, aproximadamente, R$ 800 milhões de dívida bruta e R$ 205 milhões em caixa. A dívida bruta está 100% atrelada ao CDI com um spread médio de 4,5%. Essa dívida vence em 2029, porém ela tem amortizações trimestrais que vão começar a ser feitas no primeiro trimestre de 2025. Como comentei, todo o trabalho feito pela companhia, com foco na redução da alavancagem, tem trazido resultados para termos uma melhor discussão com os bancos de forma a melhorarmos não só o alongamento do perfil da nossa dívida, como também reduzir o nosso custo de funding.
Como a Espaçolaser avalia a sua cobertura pelo mercado?
Hoje nós temos três corretoras que cobrem a Espaçolaser: BTG, Itaú e Goldman Sachs. O time que cobre a companhia é bem qualificado e conhece o setor e o negócio. Agora, pela relevância da Espaçolaser, seu tamanho e seu potencial de crescimento, há oportunidades para termos mais coberturas de outros bancos. Esse é o trabalho do RI: estar na rua para mostrar o case da Espaçolaser, as suas alavancas de crescimento e a sua geração de valor para podermos conquistar novas coberturas.
Como você está vendo o desafio de ser CFO de uma companhia como a Espaçolaser?
Profissionalmente, está sendo um desafio bem interessante, pois eu não tinha experiência no segmento de varejo. Eu passei 15 anos no setor imobiliário e a Espaçolaser tem sido bastante desafiadora, pois é um business bem dinâmico, muito focado em vendas e onde os reflexos das decisões tomadas hoje são sentidos em um curto prazo de tempo. Esse tem sido um grande desafio, mas que está sendo bem gratificante, pois o time é bem qualificado e tem compromisso com a excelência e a entrega de resultados.
Como a companhia está vendo as suas perspectivas para o 4T24 e já para 2025?
O 4T24 é um trimestre importante para a companhia, pois é quando temos as nossas campanhas promocionais. Em outubro, nós fizemos uma grande campanha e, historicamente, esse é um mês de vendas expressivas para a Espaçolaser. Em novembro, nós temos a Black Friday, quando fazemos mais campanhas promocionais e iniciativas de marketing bem agressivas, sendo que nós devemos começar a ver mais performance de vendas na segunda metade do mês como reflexo dessas iniciativas. Com isso, o 4T24 tende a ser um pouco melhor que os demais trimestres de 2024.
Com relação a 2025, começa a haver uma incerteza com relação a forma como a economia vai performar. O nosso negócio é de varejo, que é muito impactado por juros e crédito, e com um aumento da taxa de juros, o consumo se retrai. Para o próximo ano, nós vemos um cenário mais desafiador dadas as perspectivas macroeconômicas de juros mais altos, incertezas a respeito da economia, como o risco fiscal, e com a definição do governo nos Estados Unidos e como isso vai impactar o Brasil. O importante é que nós estamos colocando as ferramentas na mesa para nos prepararmos para um ano um pouco mais volátil e desafiador.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto a sua entrevista?
Eu gostaria de reforçar o foco da companhia nesse processo de desalavancagem, sendo que nós entregamos mais um trimestre com redução de dívida líquida. Esse tem sido o principal drive da companhia.
Eu também gostaria de ressaltar outros pontos que a companhia vem adotando. No release do resultado do 3T24, nós divulgamos um investimento que a companhia está fazendo em um resfriador que vai reduzir o consumo de resfriamento que temos na operação. Esse é um custo variável que será eliminado. Nós também divulgamos iniciativas digitais através das quais estamos buscando mais eficiência para a operação e o tamanho do mercado através da atualização de um estudo que fizemos recentemente comparando o mercado atual com o mercado da época do IPO em 2019. Com esse estudo, nós vemos o mercado crescendo e uma maior penetração e adoção do tratamento de depilação a laser. Esse é um mercado que tem um potencial muito grande para ser explorado aqui no Brasil.