Conversamos sobre o resultado do 4T24 da Espaçolaser com Fabio Itikawa, CFO da companhia.
Qual a sua avaliação sobre o resultado do 4T24 e de 2024 da Espaçolaser?
O resultado do 4T24 foi um turning point dos resultados dos trimestres anteriores. Eu posso resumi-lo em três mensagens. A primeira foi a melhora dos resultados financeiros e operacionais da companhia. No 4T24, nós geramos um lucro líquido contábil de R$ 5 milhões que reverteu um prejuízo contábil de R$ 19 milhões no 4T23. Essa melhora veio do recorde de pouco mais de R$ 517 milhões em vendas no trimestre, considerando o sistema wide sales, que são as vendas de lojas próprias e franquias. Por exemplo, nov/2024, que tem a Black Friday, foi o mês de maior venda da história da companhia. Esse resultado também foi fruto da nossa decisão de buscarmos eficiência na nossa operação, tanto que o lucro bruto cresceu 16,5% na comparação 4T24 x 4T23 e o Ebitda cresceu 5% na comparação 2024 x 2023.
A segunda mensagem é a melhora de rentabilidade. No 4T24, nós alcançamos uma margem bruta de 36,3% contra 31,7% no 4T23 e uma margem Ebitda de 17,7% contra 16,4% no 4T23. A melhor performance em vendas e um maior controle de custos e despesas se refletiram nas margens.
A terceira mensagem é o fortalecimento da estrutura de capital. No 4T24, a geração de caixa teve um crescimento de 86% quando comparado ao 4T23, passando de R$ 35,7 milhões para R$ 66,5 milhões. Isso se refletiu nos níveis de alavancagem da companhia, tanto que em 2024 a dívida líquida foi reduzida em R$ 41 milhões e o nível de alavancagem, que é a dívida líquida/Ebitda, atingiu 2,1x contra 2,4x em 2023. Essa trajetória de queda de alavancagem foi reflexo da estratégia da companhia em focar na geração de caixa e na redução do endividamento.
Quando sai um resultado da Espaçolaser, quais são os primeiros números que você analisa?
Eu procuro sempre olhar a geração de caixa, já que o Ebitda e o consumo ou de não de caixa se refletem no nível de alavancagem da companhia. Quando eu analiso os resultados mensais da Espaçolaser, eu sempre foco na geração de caixa para saber se a companhia está gerando caixa para melhorar a sua rentabilidade e fortalecer o seu balanço.
Qual a sua avaliação sobre o endividamento da Espaçolar e o impacto do ciclo de alta da Selic?
Nós estamos trabalhando para melhorarmos a nossa estrutura de capital, focando tanto no nosso perfil de endividamento quanto na redução de custo de alavancagem. Em out/2024, nós captamos R$ 30 milhões, a um custo de CDI + 2,9%, e no 1T25, R$ 15 milhões a um custo de CDI + 2,8%, sendo que essas duas operações refletem a melhora na qualidade de crédito da companhia.
Por mais que o cenário seja de juros crescentes, o que impacta na nossa operação, nós estamos muito bem posicionados para passarmos por esse ciclo monetário mais apertado. Por exemplo, a Espaçolaser encerrou 2024 com R$ 224 milhões em caixa, suficiente para fazer frente aos nossos vencimentos nos próximos 12, 18 meses.
Como a Espaçolaser avalia as perspectivas das suas operações internacionais (Argentina, Colômbia e Chile)?
Em 2024, nós inauguramos 9 lojas no Chile, onde a Cela, a nossa subsidiária, é a maior empresa de depilação a laser do país, e 6 lojas na Argentina. No Paraguai, nós temos um franqueado com uma operação, mas já vemos oportunidades para abrirmos novas lojas em 2025. Com relação à Colômbia, no ano passado nós fizemos o repasse da operação para um franqueado local, cuja gestão já começou a trazer benefícios em termos de crescimento de vendas.
A operação internacional, quando comparada ao Brasil, ainda é pequena, mas ela vem crescendo em termos de resultado e de expansão de novas lojas.
Como está o trabalho da Espaçolaser para reduzir os cancelamentos, número que impacta a sua receita bruta? Outra pergunta: como a companhia cobra dos seus clientes os pacotes que vende?
Nós fizemos uma remodelação da área de cobrança, trocando a liderança, desenvolvendo novos processos internos e alterando a régua de cobrança, o que nos permitiu obter boas melhorias na linha de cancelamento. Além disso, nós fizemos parcerias com agências de cobrança para melhorarmos essa linha.
Com relação à segunda pergunta, nós vendemos os tratamentos de forma parcelada com a cobrança mensal no cartão de crédito do cliente. É como se fosse uma assinatura mensal. Isso acaba impactando em eventuais inadimplências, já que o cliente, às vezes, não tem limite no cartão de crédito para passar o valor da parcela, o que se reflete na linha de cancelamento e em eventuais provisões.
Como o nosso ticket médio é de R$ 1,5 mil, e nós estamos atendendo, cada vez mais, o público C e D, esse público, não necessariamente, tem limite para passar esse valor no cartão de crédito. Para que pudéssemos democratizar o atendimento, nós adotamos o modelo de cobrança mensal que não toma do limite o valor do ticket médio, mas apenas o valor mensal de cada parcela.
No 3T24, a Espaçolaser anunciou a aquisição de um modelo de máquina de resfriamento que vai gerar um payback através da substituição de parte do consumo do gás resfriador. Como a Espaçolaser escolhe os seus equipamentos?
Nós temos uma área técnica, chamada Universidade do Laser, que acompanha as inovações desse mercado, não só no Brasil, como também no exterior, para que tenhamos a melhor tecnologia no nosso parque. Essa máquina de resfriamento foi identificada em outros países. Nós fizemos os testes e avaliamos a sua eficiência, e como os resultados foram bastante positivos, nós já começamos a implementar as primeiras unidades no nosso parque.
Como está a competição no mercado de depilação a laser?
Nós estamos em um ambiente competitivo onde os nossos competidores estão fechando lojas e reduzindo os seus tamanhos. Para que você tenha uma referência, a Espaçolaser terminou 2024 com 806 lojas, mas para que os nossos concorrentes possam chegar ao nosso número, é preciso somar quatro ou cinco deles. Além do fechamento de lojas, nós estamos vendo, cada vez mais, alguns players ampliando o leque de serviços ou diminuindo os serviços de depilação a laser para agregar outros serviços, principalmente de estética. Fora do Brasil, nós também estamos vendo os nossos concorrentes fechando lojas e diminuindo de tamanho.
Como a companhia está vendo as suas perspectivas para 2025?
Como uma continuidade das decisões estratégicas que foram iniciadas em 2024. Nós vamos seguir com o trabalho de expansão através de franquias; de reposicionamento de preços, sendo que só em 2024 o nosso ticket médio aumentou 17%; e de fortalecimento da nossa estrutura de capital. O drive para 2025 é gerar caixa para reduzir a alavancagem da companhia.