Especialistas libaneses destacaram, na quinta-feira, os desafios enfrentados pelos refugiados sírios no Líbano e a necessidade de encontrar uma resolução adequada para combate-los. Ziad Sayegh, especialista em assuntos de refugiados e imigração e diretor executivo da Civic Influence Hub, uma organização não governamental, disse que o primeiro passo que o governo libanês deve tomar é coletar dados e saber o número exato de refugiados sírios, uma medida que ele diz que daria uma ideia mais clara da situação real no terreno.
“Os refugiados podem ser categorizados como estudantes, trabalhadores e outros, o que daria uma ideia sobre os seus papéis, situação social e contribuições para o mercado de trabalho libanês”, disse Sayegh, acrescentando que uma análise dos dados poderia facilitar o regresso gradual dos refugiados sírios para o seu país de origem.
Sayegh fez as observações durante um simpósio organizado pela Universidade Americana de Beirute para discutir os desafios enfrentados pelo Líbano, incluindo aqueles colocados pelo grande número de refugiados sírios deslocados no país. O Líbano, com uma população de mais de 5 milhões de habitantes, continua a ser o país que acolhe o maior número de refugiados per capita, com o governo a estimar cerca de 2 milhões de refugiados sírios a viver no país.
Estima-se que o custo global do acolhimento de refugiados sírios no Líbano tenha atingido 40 mil milhões de dólares americanos em termos de eletricidade, medicamentos e consumo de água, de acordo com o Ministro Libanês dos Deslocados, Issam Charafeddine. As autoridades libanesas têm apelado à comunidade internacional para ajudar a devolver os refugiados sírios ao seu país de origem, uma vez que alegam que o Líbano, que tem sido assolado por uma crise financeira sem precedentes, já não pode dar-se ao luxo de acolher um grande número de pessoas deslocadas em seus territórios.
Contudo, os esforços exercidos pelo Líbano neste sentido produziram poucos resultados. Em julho, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução apelando ao Líbano, assolado pela crise, para não deportar refugiados sírios. De acordo com a resolução, não estão reunidas as condições para o regresso voluntário e digno dos refugiados em zonas propensas a conflitos na Síria.
Josiane Matar, pesquisadora sobre refugiados e migração, propôs ao governo libanês elaborar um plano para o regresso dos refugiados, pois acredita que depender apenas do apoio financeiro de organizações internacionais é insuficiente para gerir a crise. “O governo deve ter um plano claro, especificando o seu papel e o papel das organizações da ONU e de outras partes interessadas”, disse ela.
Matar acrescentou que os refugiados também devem ter a oportunidade de participar na tomada de decisões que lhes digam respeito. “Os refugiados muitas vezes não têm a oportunidade de expressar as suas necessidades e avaliar o apoio que recebem. Deveria haver uma melhor comunicação entre os refugiados e as comunidades de acolhimento para este fim”, disse ela.
Por Dana Halawi, Agência Xinhua.
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