Ontem foi dia de a Bovespa lutar para se manter acima do patamar de 111 mil pontos, mas acabou não conseguindo e fechando praticamente estável pelo segundo dia consecutivo, com alta de 0,02% e índice em 110.585 pontos. O dólar encerrou com nova alta de 0,57%, cotado em R$ 5,52. O Dow Jones com alta de 0,98% e Nasdaq com +1,05%. No ano, a Bovespa está negativa em 7,08%.
Hoje, tivemos a volta da China do feriado prolongado de uma semana e a Bolsa de Xangai fechando com alta de 0,67%. As demais Bolsas asiáticas também com comportamento positivo. Na Europa, as Bolsas abriram positivas, passaram para o negativo e, agora, tentam retomada de alta. Os futuros do mercado americano com comportamento misto e sem definição.
Aqui, mantemos a toada de que o mercado só vai melhorar quando conseguir ultrapassar o patamar de 112 mil pontos e mirar no objetivo inicial (fraco) de 115 mil pontos. A consequência disso é que os IPOs estão sendo adiados. Os investidores vão esperar a divulgação do payroll de setembro, nos EUA, e a inflação oficial pelo IPCA.
Nos EUA, a notícia é que o Senado aprovou elevação do teto da dívida em US$ 400 bilhões para ir até o dia 3 de dezembro, mas o governo segue encilhado. Na China, tivemos a divulgação do PMI Caixin de setembro de serviços, em alta para 53,4 pontos, de anterior em 46,7 pontos, e o índice composto evoluindo para 51,4 pontos, já na faixa de expansão da atividade (acima de 50 pontos).
Na Alemanha, o saldo da balança comercial em agosto mostrou superávit em queda para 13 bilhões de euros, fruto de exportações em queda de 1,2% e importações subindo +3,5%. No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava nova alta de 0,97%, com o barril cotado a US$ 79,06. O euro era transacionado em alta para US$ 1,157, e notes americanos de 10 anos com juros em alta para 1,59%. O ouro e a prata em queda na Comex, e commodities agrícolas com desempenho positivo na Bolsa de Chicago.
Aqui, Bolsonaro adiantou que teremos problemas de desabastecimento em 2022 e voltou a falar de inflação alta e combustíveis caros. O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), relator da reforma tributária, disse ser possível votar em outubro, ou pelo menos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O comportamento dos mercados hoje deve ser definido com a divulgação do IPCA e o payroll americano, que sairá às 9h30 (horário de Brasília).
A situação que governos e Bancos Centrais têm pintado é de muitas incertezas na retomada das economias (apesar da boa expansão de 2021), no comportamento da inflação (se persistente ou não), no que fazer para retirar estímulos monetários e fiscais e como oferta e demanda estarão reagindo diante da escassez de energia e outras variáveis, incluindo a retomada do emprego. Aqui, não é diferente. Só é bem mais complicado pela condição de emergente desequilibrado.
Os mercados de risco no mundo e aqui estão mostrando isso de forma muito clara. Todos os dias, somos martelados por declarações de incerteza por parte de dirigentes, e o resultado é a volatilidade nas Bolsas, commodities, câmbio e juros. Além disso, pacotes de infraestrutura e sociais estão sendo gestados, reformas são requeridas e decisões demoram a sair.
Só para ilustrar, o BoE (o BC inglês) declarou que os juros permanecerão baixos, mesmo com a inflação em alta e depois de paralisarem as compras de PEPPs. Já o BoJ (o BC japonês) rebaixou a avaliação de cinco de nove regiões do país por piora da pandemia. Nos EUA, aparentemente, teremos uma definição tipo “tapa-buraco” para elevação do teto da dívida, o que resolve pelo menos até dezembro os problemas. O Banco Central Euopeu encontra muitas fontes de incertezas que podem trazer inflação à frente e que é prematuro assumir preços em queda no próximo ano.
Já o Institute of International Finance (IIF) divulgou ontem que o enfraquecimento da China afeta os países emergentes, que ficarão mais vulneráveis com a retirada antecipada de estímulos monetários e fiscais.
Nos EUA, o líder do governo, Chuck Schumer, disse que o Senado chegou a um acordo para aprovar a extensão do teto ainda hoje. Boa notícia, e menos uma coisa para estressar os investidores, ainda que seja uma solução de curto prazo. Já Loretta Mester, do Fed de Cleveland, deu tom mais positivo ao estimar que o emprego máximo deve ser atingido no final do próximo ano e que as projeções não indicam elevação agressiva dos juros básicos. Ainda nos EUA, os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior encolheram 38 mil posições para 326 mil, quando o previsto era que ficassem em 345 mil. Pedidos continuados caíram 97 mil, para 2,7 milhões.
Também ontem, no mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, também oscilou forte ao longo do dia, primeiro em queda com a possibilidade de os EUA liberarem reservas emergenciais, e depois com a notícia de que não seria feito, pelo menos agora. O óleo era negociado perto do encerramento em alta de 1,72%, com o barril em US$ 78,76. O euro era transacionado em US$ 1,156, em leve alta, e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,56%. O ouro em queda e a prata com alta na Comex, e commodities agrícolas com desempenho positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, em Qingdao, ainda com baixa liquidez na véspera de terminar o longo feriado chinês, registrou alta de 0,38% e a tonelada negociada em US$ 117,02.
No segmento doméstico, o IBGE anunciou a previsão de safra 2021 em 250,9 milhões de toneladas, com previsão de queda de 0,3% em relação ao mês anterior e o sexto reajuste seguido em queda. A área colhida de 68,3 milhões de hectares será 4,4% superior, o que evidencia menor produtividade. O secretário Bruno Funchal declarou que o monitoramento de execução da política pública é fundamental para o orçamento e é importante fortalecer o teto de gastos para controle e percepção do risco. O diretor do BC, Bruno Serra, também disse que o choque de demanda sobre a inflação trouxe visibilidade do processo difícil de controlar, mas que vão atingir as metas de 2022 e 2023. Segundo ele, o maior desafio fiscal será depois da pandemia.
Ocorre que no relatório dos precatórios, divulgado hoje, existe uma miscelânea de alternativas e encontro de contas, tudo para abrir espaço no teto de gastos e viabilizar programas assistencialistas, já que algumas modalidades estariam fora do teto. A votação da PEC dos precatórios foi adiada para o próximo dia 19, já que o relator concedeu vista coletiva do parecer. Bem verdade que parece um pouco melhor do que outras alternativas declaradas ao longo da semana.
No mercado, a quinta-feira foi dia de dólar oscilando ao sabor do noticiário e novamente vazando o patamar de R$ 5,52, para fechar com +0,57% e cotado a R$ 5,517. No segmento Bovespa da B3, na sessão do último dia 5, os investidores estrangeiros alocaram recursos no valor de R$ 1,54 bilhão e, com isso, o mês mostra ingresso líquido de R$ 2,98 bilhões. No ano, o saldo de entradas está em R$ 45,25 bilhões. No mercado acionário, dia forte para as Bolsas europeias, com Londres em alta de 1,26%, Paris com +1,61% e Frankfurt com +1,82%. Madri e Milão com valorizações de respectivamente 2,01% e 1,52%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,98% e Nasdaq com +1,05%. Na Bovespa, dia de muita luta para ficar acima dos 111 mil pontos, fechando em alta de 0,02% e com índice em 110.585 pontos. Destaque para Vale com +2,98%.
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Alvaro Bandeira
Economista-chefe do Banco Digital Modalmais