Estado salvou balanço de empresas e famílias, afirma FMI

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Compras durante lockdown (foto de Ioannis Kounelis, JRC-CE)
Compras durante lockdown (foto de Ioannis Kounelis, JRC-CE)

Recessões profundas quase sempre foram seguidas por períodos prolongados de fraca atividade, devido à forte elevação da dívida das famílias e empresas e à diminuição dos seus rendimentos e fundos próprios. “Não é o que se viu até agora na crise da Covid-19”, observam os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) Estelle Xue Liu, Karim Foda e Sebastian Weber.

Mas se as empresas e famílias não suportaram a maior parte das perdas decorrentes da pandemia na Europa, quem ficou com a conta? A resposta curta é “o setor público”, explicam os economistas em artigo para o Fundo.

Além dos instrumentos tradicionais de política econômica, como o seguro-desemprego, os grandes pacotes de auxílio emergencial – incluindo subsídios salariais, donativos, diferimento de impostos e empréstimos garantidos – apoiaram a renda e a saúde financeira do setor privado. Mas essas medidas também aumentaram a dívida pública em 2020 (líquida dos depósitos do governo) em mais de 5% do PIB na metade dos países e em mais de 12% do PIB em sete outros.

“Contudo, à medida que a recuperação avança, as autoridades terão de manter o apoio aos segmentos da economia mais duramente atingidos pela crise e permanecer atentas aos sinais de danos econômicos que ainda venham a surgir. Nem todos os balanços privados exibiram a mesma resiliência”, explicam os economistas do FMI.

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Antes da pandemia, o declínio do PIB normalmente era acompanhado por uma pressão crescente nos balanços das empresas e das famílias. Dessa vez, mesmo na pior fase da crise no ano passado, o índice do setor corporativo na Europa registrou uma queda mínima e, de fato, no final de 2020 já apresentava melhorias.

“Os balanços das famílias europeias também evoluíram positivamente em 2020, de modo geral, apesar da alta do desemprego e da redução das horas trabalhadas. As pessoas passaram mais tempo em casa e gastaram menos, enquanto as políticas públicas adotadas apoiaram a manutenção de seus rendimentos”, analisam.

A resiliência impediu uma deterioração dos ativos dos bancos europeus e de outras instituições financeiras. As baixas taxas de juros também sustentaram o valor das ações.

“O caminho à frente envolve um equilíbrio delicado. À medida que a vacinação avança e a recuperação econômica ganha impulso, o apoio emergencial generalizado deve ser substituído por intervenções cada vez mais direcionadas aos grupos e às empresas mais duramente atingidos pela pandemia”, recomenda o FMI.

“Quando a Covid-19 estiver sob controle e a recuperação estiver firmemente consolidada, a incerteza diminuirá, e será possível remover as medidas de apoio emergencial. Esse processo também envolverá desafios próprios, pois é possível que alguns dos danos econômicos até então ocultos venham à tona. A gestão desses riscos ocultos exige uma abordagem gradual e cautelosa”, finalizam os economistas.

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