Uma pesquisa feita pela Bnex, empresa especializada em Ciência do Consumo, apontou que o impacto das inundações nas demandas de consumo em supermercados do Rio Grande do Sul chegou a R$ 635 milhões, com algumas cidades tendo 100% da demanda afetada.
Em valores totais, a capital Porto Alegre foi a cidade mais afetada com 40,2% da demanda impactada, o equivalente a R$ 229 milhões.
A pesquisa da Bnex levou em conta as cidades nas margens da bacia hidrográfica do Guaíba e da Lagoa dos Patos. O Head de Inteligência da Bnex, Evandro Alampi, explicou a metodologia.
“A UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) disponibilizou um portal com informações e bases de dados das cheias do Rio Grande do Sul. Utilizamos a base que delimita o impacto da inundação, mostrando as áreas afetadas na bacia hidrográfica do Guaíba e da Lagoa dos Patos. Analisando essa base, sobrepusemos nossos dados de consumo demográfico e identificamos quantos domicílios foram impactados, bem como as características demográficas desses domicílios, como o perfil da população e a renda. Com isso, mensuramos o quanto essas pessoas poderiam consumir em um supermercado”, afirmou Alampi.
Em valores, os municípios mais afetados, depois de Porto Alegre, foram Rio Grande (R$ 49 milhões), Pelotas (R$ 42 milhões) e Canoas (R$ 41 milhões).
“Em algumas cidades, a inundação pegou poucos domicílios, então o impacto na demanda de consumo acabou sendo mais baixo, enquanto outros municípios foram atingidos inteiramente, então toda a demanda teve que sair dali. As pessoas que consumiam em um supermercado dessas regiões não estão mais consumindo. Essa demanda pode ter sido migrada para outras cidades”, explicou Alampi.
Além disso, parte da demanda acaba sendo suprida pelas doações feitas por todo o país, sendo esta também uma forma de migração.
A estimativa leva em conta somente as cidades impactadas pelas inundações. Outros municípios do Rio Grande do Sul também têm tido as suas respectivas demandas afetadas mesmo sem registrar alagamentos, como, por exemplo, por desabastecimento.
Perfil
O levantamento da Bnex também revelou o perfil das pessoas nos domicílios afetados, na questão da renda média domiciliar mensal. A maioria possuía renda média mensal de até cinco salários mínimos.
Segundo os dados, 68,1% dos impactados têm renda média mensal de até cinco salários mínimos, 24,7% de cinco a dez salários, 6,6% de 10 a 20 e 0,6% tem renda de mais de 20 salários mínimos.
“Isso mostra que o tamanho do estrago, principalmente na população com um rendimento um pouco mais baixo, enquanto que nas rendas maiores acaba que tem impacto, sim, a gente não pode minimizar, mas o percentual da população acaba sendo maior até cinco salários mínimos”, afirmou Alampi.
Desde o dia 27 de abril, áreas na região central do estado começaram a registrar fortes chuvas e granizo. A situação se agravou nos dias seguintes e em 1º de maio já eram mais de 100 cidades afetadas em um cenário de calamidade pública.
No dia 3 de maio, mais da metade do Rio Grande do Sul já havia sido afetada. Neste dia, o Lago Guaíba ultrapassou a marca histórica de 1941 e alcançou o nível inédito de 4,77 metros. Isso causou inundações em diversos bairros da capital gaúcha.
Segundo a Defesa Civil, até o dia 24/5, às 9h, a situação era a seguinte:
Municípios afetados: 469
Pessoas em abrigos: 63.918
Desalojados: 581.613
Afetados: 2.342.460
Feridos: 806
Desaparecidos: 65
Óbitos confirmados: 163
Óbitos em investigação: 0
Pessoas resgatadas: 82.666
Animais resgatados: 12.440
Efetivo: 27.751
Viaturas: 4.048
Aeronaves: 14
Embarcações: 253
Diante desse cenário, diversas campanhas de ações e doações foram realizadas em todo o país. A Bnex lançou uma estratégia de ativação de produtos produzidos no Rio Grande do Sul, na base de clientes varejistas, para incentivar a reestruturação do Estado.