Estranhas coincidências na terra onde a elite não dá bola para o povo

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Uma frase marcante do decano Carlos Lessa, que acaba de nos deixar abatido pela pandemia que nos assola, dá bem o sentimento geral na terra da jabuticaba e do juro pornográfico: “A elite atual é igual à elite do passado e não dá bola para o povo, não busca mais o desenvolvimento das forças produtivas, mas apenas seu próprio enriquecimento pessoal.”

Pois bem, estima-se que 18% dos cariocas tiveram que buscar o auxílio emergencial do Governo Federal para evitar passar fome. Isso dá bem o tamanho do abacaxi que nossas elites endinheiradas nos meteram. Assim também, cerca de 14 mil trabalhadores comprovadamente sem renda receberam o benefício do auxílio emergencial, na primeira leva da liberação de recursos na terra do açúcar, portanto, estavam fora do CadUnico e eram os novos informais que a crise sanitária fez surgir.

Autônomo não exige melhores salários, não faz greve nem exige melhores condições de trabalho, ao autônomo ninguém tem que dar garantia alguma. A glamorização midiática da informalidade não é a troco de nada: essa tragédia neoliberal que querem nos empurrar como “empreendedorismo” na realidade é INFORMALIDADE!!

Em países periféricos, o liberalismo econômico, tão aclamado por alguns políticos e economistas banqueiros, transforma o Brasil em um país importador de manufaturados, destrói as nossas indústrias e empregos, fazendo com que milhões de pessoas tenham que se atirar na informalidade para sobreviver.

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Segundo estudo do Ibre/FGV, 38% dos empresários reduziram jornada de trabalho. Menos de 10% das empresas de serviços operam normalmente, e a indústria projeta voltar à normalidade apenas em 2021. Isso mostra que, muito provavelmente, o nível de pedidos de recuperação judicial e falências tende a explodir no segundo semestre de 2020.

É aprender com tudo o que foi feito e também com tudo que deixou de ser feito, como rasgar o caminho da esperança que lateja, que lateja, na frágua da paciência operária”, nos ensina o poeta Thiago de Mello. Vida que segue.

Ranulfo Vidigal

Economista.

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