Estudo da KPMG revela que setor elétrico brasileiro teve rentabilidade menor nos últimos anos

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"A interferência política gerou consequências negativas no longo prazo para
todo o setor elétrico”, diz sócia da KPMG

As estatais elétricas brasileiras tiveram baixa rentabilidade nos últimos
anos, segundo estudo realizado pela KPMG em
parceira com o Instituto Acende. O levantamento adotou como indicador o EVA (da sigla em inglês,
Economic Value Added) – Valor Econômico Adicionado). Foram analisados dados de
36 companhias abertas que atuam com geração, transmissão e distribuição de
energia, no período de 2011 a 2016.
A pesquisa pegou como referência dois cenários para análise dos
resultados: o primeiro contém resultados de todas as 36 empresas e o segundo
exclui a Eletrobras e suas subsidiárias. No primeiro caso, o EVA foi
significativamente negativo de 2011 a 2015 e apresentou valor positivo apenas em
2016, ano em que houve a contabilização das indenizações acima citadas, um
evento não recorrente.

Somados os EVAs anuais, o estudo aponta que
houve uma perda econômica consolidada de R$ 103,5 bilhões, valor
superior ao orçamento do Bolsa Família em 2017, de R$ 80 bilhões. Já no
segundo cenário, a perda econômica consolidada foi bem menor, R$ 10,9
bilhões. Nesse caso, o EVA aparece ligeiramente positivo em 2011 e 2012;
depois, há o início de uma série de três anos de EVA crescentemente negativo
de 2013 a 2015, como consequência da desestruturação setorial generalizada
provocada pela MP 579, que acabou afetando todas as empresas, e não somente a
Eletrobras; e por fim, houve uma tímida retomada em 2016, com EVA positivo de
R$ 1,6 bilhão.
Segundo a sócia da KPMG, Franceli Jodas, os resultados acima permitem algumas
conclusões: "A interferência política gerou consequências negativas no longo prazo para
todo o setor elétrico, basta avaliar os resultados do EVA após a Medida
Provisória 579. A rentabilidade somente agora retoma a patamares razoáveis de
retorno sobre o capital e que este equilíbrio é fundamental para a
sustentabilidade dos investimentos no setor", afirma.
Franceli explica que a escolha do EVA para realizar a pesquisa se deu pelo fato que ele inclui na
sua formação o peso tanto do capital de terceiros quanto do capital
próprio, e considera o custo de oportunidade de ambos os tipos de capital. O
EVA é classicamente adotado para revelar a rentabilidade de setores de
infraestrutura.
No que diz respeito à escolha de amostra das empresas, de forma geral, foi
definida com base na disponibilidade de dados por elas publicados e buscando
obter cerca de 70% de representatividade em cada elo da cadeia (por exemplo, as
empresas geradoras da amostra respondem por cerca de 70% da potência instalada
no Brasil), disse a sócia da KPMG.

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