Os ETF’s negociados em bolsa bateram recordes nos primeiros três meses de 2017. Os investidores estão abandonando os tradicionais fundos geridos ativamente, essencialmente por causa das “elevadas taxas e de desempenhos inconsistentes”, escreve o Financial Times.
Os investidores mundiais conseguiram arrecadar quase 200 bilhões de euros, entre janeiro e março deste ano, um recorde trimestral, de acordo com a consultora ETFGI, com sede em Londres, revela o jornal. Ao longo de todo o ano de 2016 o lucro gerado foi de cerca de 400 bilhões de euros.
Robert Buckland, do Citigroup, diz que este crescimento dos Exchange Traded Funds – unidades negociáveis na bolsa como se fossem uma ação, mas que replicam índices de vários tipos de ativos – representam uma “mudança sísmica” impulsionada por uma “profunda reavaliação” entre os investidores sobre as taxas que estavam dispostos a pagar aos gestores de ativos para investir no mercado de ações tradicional.
“Margens de lucro de 40% são difíceis de justificar numa indústria onde as barreiras de entrada são baixas e há concorrência de baixo custo à espreita”, diz Robert Buckland, do Citigroup.
Os fundos de ações geridos ativamente perderam cerca de US$ 523 bilhões nos últimos 12 meses, enquanto os ETF aumentaram US$ 434 bilhões, de acordo com o provedor de dados EPFR.
No início deste mês, o Orange County Employees Retirement System (Ocers), um plano de pensões público da Califórnia avaliado em US$ 14 bilhões, foi o último grande investidor a anunciar que reduziu os investimentos nas mãos de gestores de ativos para economizar custos. De acordo com Financial times, a Ocers rescindiu 16 contratos no valor total de US$ 1.500 milhões com empresas como Standard Life Investments, GMO, JPMorgan Asset Management, Franklin Templeton e Pimco.
Tanto a Vanguard, com sede na Pensilvânia, como a BlackRock registaram altas de 140% e 167% novos negócios num ano. O Morgan Stanley prevê que as receitas globais dos gestores de fundos vão cair em pelo menos 3% nos próximos três anos.
Limites
Os ETF’s abalaram, de fato, o mercado tradicional de ações devido aos seus custos baixos e rentabilidade. Mas no mercado de dívida dos mercados emergentes os populares ETF’s estão enfrentando dificuldades.
A popularidade dos Exchange Traded Funds explodiu muito também devido à possibilidade de dar acesso a países ou mercados muito específicos a baixos preços. O Wall Street Journal revela que foram transacionados US$ 3,6 trilhões no mercado de títulos emergentes.
Mas o mercado está revelando sinais de ‘cautela’. Num ano em que os mercados emergentes estão no centro das atenções por causa da sua elevada rentabilidade, o desempenho dos ETF abaixo do esperado está levando preocupações, principalmente sobre se são o melhor instrumento para apostar em países com desenvolvimentos voláteis.
Ainda de acordo com o Wall Street Jornal, a dívida emitida por governos e empresas destas economias emergentes pode ser mais difícil de comprar e vender. Algumas transações de maior dimensão resultaram em erros de monitorização das carteiras de ETF nos mercados emergentes. A complexidade desses títulos, particularmente aqueles em mercados mais remotos, pode dar uma vantagem aos tradicionais traders, que em alguns casos passaram décadas a analisar os riscos políticos e monetários idiossincráticos dos países em causa.
“Há uma aura em torno dos ETF que dita que têm uma exposição a uma classe de ativos barata e que é fácil de acompanhar o benchmark”, afirma James Barrineau, co-chefe de dívida de mercados emergentes da Schroders Investment Management Ltd. “Isso em geral funciona para as ações, mas a dívida é um instrumento muito diferente”, conclui.