Foram criados 528 mil postos de trabalho nos EUA no mês de julho, resultado mais do que o dobro da expectativa do mercado, que previa 250 mil empregos gerados no período. Em junho haviam sido criados 398 mil e, em maio, 386 mil. Houve aumento de salário por hora trabalhada de 0,5%, contrário ao consenso de 0,3%; em bases anuais os salários crescem 5,2% ante os 4,9% esperados. Já a taxa de desemprego cai para 3,5%, contra os 3.6% estimados. A taxa de participação de trabalhadores na PEA caiu para 62,1%, contra 62,2% anterior.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, “o resultado é negativo para equities e bonds num primeiro momento, com reforço das apostas de que o Fed deverá manter uma política monetária mais firme. Mostra que a despeito do receio de recessão, a economia americana segue com um nível de atividade forte. O cenário parece muito mais de desaceleração do que recessão, ainda que a leitura do PIB tenha mostrado isso recentemente (recessão técnica com dois trimestres de PIB negativo).”
O mercado de ações reagiu negativamente, derrubando Dow Jones em mais de 100 pontos e Nasdaq em queda próxima de 1%.
“Além disso, as treasuries de 10 anos também tiveram impacto de 2,7% para 2,8%. O dado pode atrapalhar a recuperação recente do mercado de ações e alimentar a narrativa de que apenas vivemos um rally de Bear Market”, avalia William.
Já para Marco Caruso, economista-chefe, e Eduardo Vilarim, economista, ambos do Banco Original, “os dados da folha de pagamento dos setores não agrícolas trouxeram forte criação líquida de 528 mil empregos em julho, acima do dobro do consenso do mercado (250 mil). Foi possível observar avanço da ocupação em todos os setores, incluindo administração governamental, que registrou perda líquida na última divulgação. Nesse ambiente pujante, a taxa de desocupação voltou a cair, agora em 3,5%. Também foi possível notar forte avanço dos salários, com a remuneração média por hora avançando 0,5% no trimestre móvel, equivalente a 5% na comparação interanual.”
Ainda segundo os dois, “de modo geral, o número de julho reduz a incerteza sobre uma das metas do Fed, a manutenção do pleno emprego, contribuindo com nossa visão de que os juros norte-americanos devem continuar avançando em campo contracionista e solidificando um cenário de elevação da taxa de juros em 0,75 p.p. na próxima reunião, que ocorre em setembro. Essa análise parece ser corroborada pelas expectativas de inflação, que saem na próxima semana. Embora haja uma expectativa de queda nos headlines do CPI, os núcleos devem continuar avançando, consequência da alta de preços dos setores de housing e serviços, o que contribui para uma inflação que adquire um tom mais inercial.”
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