EUA: inflação ao consumidor sobe em setembro mais que o esperado

Para especialista, 'Fed provavelmente manterá os dois cortes de 0,25 previstos para este ano'

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Prédio do Federal Reserve, Fed
Prédio do Federal Reserve, Fed (Foto: Liu Jie/Agência Xinhua)

Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, por sua sigla em inglês) subiu 0,2% em setembro ante agosto, mantendo assim a variação do mês anterior, segundo dados com ajuste sazonal divulgados hoje pelo Departamento do Trabalho (DoJ) do país.

Segundo os números, em 12 meses, a inflação voltou a desacelerar, de 2,5% para 2,4%, o menor aumento nessa leitura desde fevereiro de 2021.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, apesar de os números terem vindo um pouco acima do esperado – 0,1% no mensal e 2,4% no anual -, o indicador anual ainda mostra desaceleração. Quando analisamos os dados mais detalhadamente, vemos um desempenho melhor, especialmente no setor de moradias, que antes avançava 0,4% ou 0,5% e agora subiu apenas 0,2%.

“Na comparação anual, esse avanço chega a 4,9%, o que considero uma das melhores notícias desses dados. Por outro lado, o aumento nos preços dos alimentos foi um dos principais fatores que surpreenderam para cima. Até então, o índice vinha subindo de forma modesta, entre 0,1% e 0,2%, mas agora registrou 0,4%. Mesmo assim, a variação anual permaneceu em 2,3%. Além disso, a alimentação fora de casa também apresentou alta de 0,4%.”

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Ainda segundo ele, “o grande destaque negativo do mês foi o setor de energia e combustíveis. Embora os preços do petróleo tenham começado a subir novamente em outubro, setembro foi um mês de fortes quedas, com os preços da gasolina caindo 4%, a maior queda do ano, e o setor de energia registrando queda de 6%. Diferente do Brasil, nos EUA o impacto dos preços internacionais do petróleo se reflete rapidamente nos preços domésticos. Apesar dessas flutuações, acredito que o cenário não mudará significativamente a política do Banco Central norte-americano, que provavelmente manterá os dois cortes de 0,25 previstos para este ano.”

Já segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, “os dados do CPI nos EUA podem pressionar a economia brasileira ao fortalecer o dólar, encarecendo importações e elevando a inflação interna. Além disso, a manutenção dos juros altos nos EUA pode atrair investimentos para lá, reduzindo o fluxo de capital estrangeiro no Brasil. Isso limita o espaço para cortes de juros pelo Banco Central brasileiro, retardando a recuperação do consumo e do investimento no país”.

E para o economista José Alfaix, da Rio Bravo, “o CPI de setembro registrou inflação ligeiramente superior às expectativas (0,1% versus 0,2%). Com o resultado, a variação acumulada em 12 meses saiu de 2,5% em agosto, para 2,4% nesse mês. O núcleo de serviços continua demandando maior atenção, especialmente no componente de habitação, onde observamos a maior resiliência inflacionária dos aluguéis imputados. Apesar de o processo desinflacionário ter se dado de maneira mais suave nos últimos dois meses, e o bom prognóstico do Fed, há pontos de atenção. O emprego mais forte no último relatório, paralelamente a uma ata marcada por premissas em relação ao mercado de trabalho, ameaça a magnitude o do ciclo de cortes do Fed. A inflação recebeu menos atenção ao dos diretores no último mês, mas não está morta. É esperado que caso os dados de emprego se mostrem fortes, e os preços a caminho da estabilidade, o Fed adote uma postura mais neutra na condução da política monetária.”

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