EUA: vitória democrata em cadeira ao Senado anima mercados

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Biden-durante-a-campanha-foto-Gage-Skidmore
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Os mercados globais fecharam sem direção única, devido aos riscos da Covid-19 nos países do ocidente. Todavia, o avanço nos preços do petróleo contribuiu para o avanço dos mercados americanos.

Na Europa, após conseguir sustentar as altas do dia anterior, o mercado não resistiu ao avanço da Covid-19 no hemisfério norte. Na Alemanha, o lockdown (confinamento) foi estendido até o final do mês de janeiro. No Reino Unido, Boris Johnson disse que não vê outra alternativa a não ser um, nacional. Adicionalmente, o diretor da OMS, Tedros Adhanom, informou que as variações do vírus podem gerar aceleração no número de casos e isso pode fazer com que “o pior esteja por vir”.

Assim, a maioria dos mercados europeus fechou em queda. Londres, devido à alta do petróleo e ao anúncio do pacote fiscal para amenizar os impactos do fechamento da economia, teve alta de 0,61%. Frankfurt perdeu 0,55%. Paris caiu 0,44%. Milão recuou 0,52%. Madri perdeu 0,10%. E Lisboa teve valorização de 0,31%.

O petróleo fechou a sessão com forte avanço. O consenso da Opep+ em manter cautela quanto à produção de petróleo, devido às incertezas quanto à demanda, fez com que a commodity energética subisse. Além disso, o ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman Al Saud, informou que o corte na produção do país será de 1 milhão de barris por dia entre fevereiro em março. O WTI teve alta de 4,85 %, a US$ 49,93. O Brent teve ganho de 4,91%, a US$ 53,60.

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Em Nova Iorque, com as pesquisas indicando a vitória democrata com maioria no Senado, Joe Biden não terá entraves para aprovar estímulos fiscais em meio a um cenário de prolongamento da pandemia. Além disso, a melhora nas perspectivas em relação ao mercado de petróleo também contribuiu para a alta. O Dow Jones fechou com alta de 0,55%. O S&P 500 e a Nasdaq tiveram alta de 0,71% e 0,95%, respectivamente.

O principal índice da B3 acompanhou Nova Iorque. O avanço dos preços do petróleo e a alta das commodities contribuíram positivamente para que o mercado brasileiro fechasse em alta. O Ibovespa subiu a 0,44%, a 119.376,21. O dólar fechou o dia com queda de 0,15%, em R$ 5,26.

Na Ásia, os mercados fecharam sem direção única. Se por um lado as notícias em torno da decisão da Opep+ ajudaram o humor dos investidores, a proibição de transações com softwares chineses gerou tensão entre as duas maiores economias do mundo.

Na China, o Xangai teve alta de 0,63%. Shenzhen subiu a 0,26% e Hong Kong teve elevação de 0,15%. Apesar do lado negativo do noticiário estar relacionado com a China, foram Tóquio e Seul os perdedores do dia, com queda de 0,38% e 0,75% respectivamente.

Para hoje, a vitória democrata na Geórgia está a um passo de se concretizar. A vitória de Warnock para uma das cadeiras e as pesquisas indicando uma possível vitória de Jon Ossoff fazem com que a continuação da rotação para ativos emergentes e maiores estímulos para economia americana não tenham entraves, fazendo com que os mercados abrissem animados.

Os efeitos de fora também serão observados pelo investidor brasileiro. Internamente, a fala de Bolsonaro sobre o “país estar quebrado” gerou desconforto. Paulo Guedes e Adolfo Sachsida dizem que a fala reforça a necessidade de consolidação fiscal do país. Além disso, os movimentos em torno das eleições à presidência da câmara e a condução da pandemia e distribuições de vacinas também ficarão no radar.

Também hoje, aconteceu a continuação dos números do PMI divulgados pela agência IHS Markit. Após a instituição britânica publicar dados fortes para o PMI industrial, os agentes tinham certa cautela quanto ao setor de serviços, tendo em vista que é um setor sensível às restrições econômicas. Para a Alemanha, o PMI de serviços foi de 47 pontos e o composto foi de 52 pontos. Para a Zona do Euro, 46,4 pontos para os serviços e 49,1 para o composto. No Reino Unido, o indicador de serviços chegou a 50,4 pontos e o composto acumulou 49,4 pontos.

A Eurostat publicou o índice de preços ao produtor, com perspectiva de dados fracos em novembro, com estimativas de 0,1% ao mês e de -2,2% ao ano. Os números divulgados foram de 0,4% ao mês e de -1,9% ao ano.

Na Alemanha, a agência Destats disponibilizará a primeira prévia do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). As expectativas para o mês, após queda de 0,8%, são de avanço de 0,6%. Ao ano, espera-se que o indicador continue deflacionário, com queda de 0,3% nos preços. Os baixos preços mostram que, apesar de dados positivos que vêm sendo divulgados pelo país, a demanda continua baixa, algo que também ocorre no restante da Zona do Euro, fazendo com que os Bancos Centrais mantenham as taxas de juros baixas.

No Brasil, tal qual nos demais países, serão divulgados os dados do PMI de serviços e composto. Apesar dos avanços no setor de serviços, conforme publicado pelo IBGE, são esperados avanços em ambos os indicadores (acima de 50 pontos), mas pode ser que o número seja um pouco menor, devido ao avanço menor da economia brasileira.

Antecipando os números do Payroll, a ADP System publicará dados da variação do emprego privado nos EUA. Após resultados elevados dos pedidos por seguro-desemprego ao longo das últimas semanas, o indicador será importante para evidenciar como o mercado de trabalho americano esteve durante o mês de dezembro. Após a criação de 307 mil empregos no setor privado no mês de novembro, o mercado espera que apenas 55,3 mil empregos tenham sido criados em dezembro. A queda nas perspectivas vai além do fato da variável ser de estoque, mas também porque muitas pessoas não estão conseguindo encontrar emprego em meio a um cenário incerto, mediante o avanço da Covid-19 no país.

O avanço da Covid-19 fez com que alguns estados americanos recrudescessem as medidas de distanciamento social, acabando por afetar o setor de serviços com mais força. Assim, o esperado é que o indicador do PMI saia de 58,4 para 55,3 pontos, apesar de ainda evidenciar alta, por ficar acima dos 50 pontos. O dado provavelmente puxará o PMI composto para baixo.

O escritório de estatísticas e economia americano mostrará as encomendas à indústria para o mês de novembro. A expectativa é de que o indicador saia de 1,0% e vá para 0,7%. O indicador é importante pois mostra a demanda por produtos industriais.

Quanto ao mercado de petróleo, após a Opep+ informar que tomará uma postura mais cautelosa em relação à produção de petróleo, os agentes esperam que os estoques de petróleo bruto tenham queda de 1,271 milhão, ante surpreendente queda de 6,065 milhões.

Por fim, o Fed publicará a Ata do Fomc, informando as principais perspectivas econômicas da autoridade monetária da principal economia do mundo. O esperado é que o comitê de política monetária continue com o posicionamento de estímulos para economia americana.

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Matheus Jaconeli

Economista

 

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