‘Execução de candidato no Equador é momento inédito’, diz especialista

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Fernando Villavicencio (Foto: Joselito Bolaños/Assembleia Nacional)
Fernando Villavicencio (Foto: Joselito Bolaños/Assembleia Nacional)

O assassinato do candidato à Presidência do Equador, Fernando Villavicencio representa um momento inédito na história do país, avalia Maria Villarreal, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). O candidato foi assassinado a tiros na saída de um evento de campanha eleitoral em Quito.

“O Equador, até 2017, era considerado o segundo país mais seguro da América Latina. Essa onda de violência que o país está experimentando é relativamente recente e muito grave. O assassinato do candidato ocorreu num contexto de crescente violência política. Só para se ter uma ideia, nesse último ano, quatro candidatos de governos locais foram assassinados e vários sofreram atentados. São candidatos de diversas tendências políticas”, disse a professora.

Para a especialista, o crime organizado traz um desafio à democracia, à institucionalidade e ao Estado de Direito do país sul-americano.

“O Fernando Villavicencio era um jornalista investigativo que tinha denunciado vários casos de corrupção em governos anteriores e nos últimos anos ele tinha se tornado um líder político ativo. Foi deputado e virou candidato à Presidência. Embora não fosse um dos favoritos, ele era uma figura importante na denúncia desses grupos do crime organizado transnacional. Já tinha recebido diversas ameaças e sofreu um atentado no ano passado. Esse atentado busca gerar instabilidade e caos no país por parte do crime organizado”.

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A professora lembra que o Equador era tradicionalmente um país de trânsito para drogas e se tornou um importante centro e processamento e distribuição da droga na América Latina. “Nesse momento, o país só está atrás dos EUA e da Colômbia nas Américas”.

Maria Villarreal destacou que a manutenção do primeiro turno presidencial em 20 de agosto é uma importante sinalização para a sociedade equatoriana.

“O Equador precisa reagir, pois é um momento de extrema consternação e choque para a sociedade, ainda mais numa sociedade que não está acostumada historicamente com tais níveis de violência. É um momento de unidade e de necessidade de concertação nacional. A manutenção das eleições é uma mensagem positiva, uma mensagem em que se responde aos desafios que o crime organizado coloca. Vai ser muito importante que o novo governo conte com o apoio das demais forças políticas para conseguir implementar um processo de reconstrução nacional para fazer frente ao crime organizado, uma ameaça grave à democracia”, completou.

Ontem, o próprio presidente do Equador, Guillermo Lasso, confirmou em publicação no Twitter que o candidato presidencial Fernando Villavicencio foi assassinado. Na postagem, Lasso prometeu que o crime não ficará impune.

“Indignado e consternado pelo assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e condolências à sua esposa e suas filhas. Por sua memória e sua luta, asseguro-lhes que este crime não ficará impune” afirmou o presidente do Equador.

Ele também afirmou que mobilizará as autoridades do Conselho Nacional Eleitoral e da Corte Nacional de Justiça, entre outras, para tratar do assunto. “O crime organizado já foi muito longe, mas sobre ele cairá todo o peso da lei” acrescentou Lasso.

O primeiro turno das eleições presidenciais do Equador está marcado para 20 de agosto. Villavicencio não estava entre preferidos para ir ao segundo turno nas pesquisas de intenção de voto, lideradas por Luísa Gonzales, do partido Revolução Cidadã.

Com informações da Agência Brasil, citando a Reuters

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