Execução rápida de garantias reduz risco de crédito corporativo

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Cédulas de R$ 100 e R$ 50
Cédulas de R$ 100 e R$ 50 (Foto divulgação)

A lentidão na execução de garantias é um dos principais fatores que aumentam o risco de crédito corporativo no Brasil. Segundo análise da Laqus, fintech que facilita o acesso ao mercado de capitais para empresas e primeira Depositária Central de Valores Mobiliários a concorrer com a B3, a integração entre infraestruturas de custódia e agentes de garantia pode mudar esse cenário, ao permitir uma recuperação mais rápida e previsível das dívidas em casos de inadimplência.

“A velocidade com que uma garantia pode ser executada quando o devedor não paga faz toda a diferença entre uma perda pequena e um prejuízo enorme”, afirma Rodrigo Amato, fundador e CEO da Laqus. “Quanto mais rápido for esse processo, menor é o risco, menor é o custo e mais eficiente se torna o mercado”, sustenta.

CVM

Homologada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2021, a Laqus registrou, entre janeiro e setembro de 2025, R$ 17,1 bilhões em volume depositado, distribuídos em 3.593 operações, e projeta encerrar o ano com R$ 22,2 bilhões e 4.491 operações — crescimento de 42% em volume e 66% em número de transações em relação a 2024. Para a fintech, a digitalização e centralização das informações sobre titularidade de títulos — em conjunto com a atuação do agente de garantia, previsto na Lei 14.711/23 — são fundamentais para reduzir o risco e dar mais previsibilidade ao crédito privado.

“A depositária garante a integridade dos registros e emite a documentação oficial quando o título entra em default. O agente de garantia, com mandato dos investidores, usa esses documentos para acionar as garantias e recuperar o crédito, ou ao menos parte dele. Essa integração evita disputas sobre quem tem o direito de executar, reduz o tempo de resposta e protege os investidores”, explica Amato.

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Para o executivo, o maior desafio está em reduzir a incerteza que se segue à inadimplência: “O risco não está apenas na inadimplência, mas na incerteza sobre o que acontece depois dela. Quando o processo de execução é lento ou confuso, o mercado cobra mais caro. Os investidores aumentam o chamado ‘prêmio de risco’, exigindo juros maiores para compensar a incerteza”, observa. “Por outro lado, quando o mercado confia que as garantias podem ser executadas com rapidez e segurança, o risco é precificado de forma mais justa. O investidor aceita um retorno mais baixo, o emissor paga menos para captar e todos ganham: há mais liquidez, mais previsibilidade e um custo de crédito mais justo.”

Casos recentes no mercado de capitais — como os de Ambipar e AgroGalaxy — evidenciam os impactos de estruturas de garantias fragmentadas. A falta de centralização e de mecanismos ágeis de execução aumentou o custo do crédito e reduziu a confiança dos investidores.

“É por isso que o papel da depositária é tão relevante”, ressalta Amato. “Ela não é apenas uma guardiã de títulos, mas sim a infraestrutura que dá segurança jurídica e técnica ao crédito. Ao garantir a titularidade e emitir as certidões que permitem a execução rápida, a depositária traz agilidade e confiança ao processo. E quando trabalha de forma integrada com o agente de garantia, cria-se um verdadeiro ecossistema de crédito moderno — com menos papelada, menos incerteza e mais eficiência.”

Segundo ele, a integração entre depositária e agente de garantia cria um fluxo confiável e auditável, capaz de evitar disputas, reduzir prazos e proteger os credores. “Essa integração é o próximo salto de eficiência do mercado brasileiro. É assim que se reduz o risco sistêmico e se constrói um crédito mais sustentável”, complementa o executivo.

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