O Produto Interno Bruto (PIB, expressão da economia do país) brasileiro registrou alta de 1,9% no primeiro trimestre deste ano (1T23) sobre o último trimestre de 2022 (4T22), segundo o IBGE divulgou nesta quinta-feira, surpreendendo as projeções de muitos analistas de mercado, que esperavam algo próximo de 1,2%.
“Apesar disso, o quadro é menos favorável do que parece à primeira vista”, analisa o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A indústria registrou seu segundo sinal negativo consecutivo. Na indústria de transformação, separadamente, já são três trimestres seguidos de perdas, trajetória que passou a ser apresentada também pela construção. O setor de serviços ainda resiste, graças a transportes e serviços financeiros, mas já não cresce como antes.
O bom desempenho foi bastante concentrado na agropecuária, com alta de 21,6%. “Mais uma vez vemos que uma forte expansão da agropecuária não basta para dinamizar nossa economia interna”, ressalta o Iedi. O consumo das famílias seguiu perdendo força, quase estagnado, e os investimentos ficaram no vermelho pela segunda vez consecutiva, praticamente triplicando a intensidade de perda.
Segundo o economista Paulo Silva, analista ALM do Efí Bank, “esse resultado da agropecuária foi impulsionado pela previsão de uma safra recorde de soja. “Embora os resultados do PIB e do setor agropecuário sejam encorajadores, as quedas na indústria e nos investimentos requerem cautela. É importante notar que esse resultado positivo não elimina a expectativa de uma desaceleração ao longo de 2023. Taxas de juros elevadas, restrições nas linhas de crédito e o desaquecimento da economia global tendem a limitar um desempenho mais robusto ao longo do ano”, analisa Silva.
Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, o crescimento foi muito acima das expectativas e deve provocar aumento das projeções para o ano, principalmente pelo fator do carrego estatístico. “Porém, os juros altos, a dissipação dos efeitos do impulso da agropecuária e o cenário externo incerto devem desacelerar o PIB, que deve fechar o ano com crescimento ao redor de 2%”, projeta.
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