O Ministério das Relações Exteriores informou que 22 países já manifestaram formalmente interesse em integrar o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A expansão do Brics é um passo para o multilateralismo.
A informação confirma matéria do Monitor Mercantil, que citou uma fonte da África do Sul ouvida pelo diário russo Nezavisimaya Gazeta. A expansão do Brics é vista como caminho rumo à desdolarização.
Lula viaja para Cúpula do Brics semana que vem
O secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Paes Saboia, apresentou os detalhes nesta quarta-feira, quando detalhou a viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará para África do Sul, Angola e São Tome e Príncipe.
Em Joanesburgo, África do Sul, Lula participará, entre 22 e 24 de agosto, da 15ª Cúpula do Brics. A reunião contará com a participação de 40 chefes de governo ou de Estado dos continentes africanos e asiático, além de América Latina e Oriente Médio.
Será a primeira reunião presencial após a pandemia. Do bloco, apenas o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará de forma virtual do encontro. A decisão foi anunciada pelos russos mês passado, devido aos riscos que o presidente correria em função da guerra na Ucrânia.
Na pauta, desdolarização e expansão do Brics
O embaixador destacou algumas questões que deverão pautar a reunião entre os representantes do bloco. Uma delas, relativa à entrada de novos integrantes. “Serão discutidos critérios e princípios a serem adotados para embasar a entrada de novos membros no grupo”, disse.
Saboia lembra que este não é um tema novo. “Desde 2011 discute-se como seria a interação com países de fora do bloco. Foi então observada a necessidade de se organizar e estabelecer critérios”.
A pauta ganhou força com o uso cada vez mais frequente, pelos Estados Unidos, do dólar como arma. Não só com sanções, como as aplicadas a Rússia, Irã e Venezuela, mas também com elevação dos juros, fortalecendo a moeda norte-americana e prejudicando a economia dos demais países.
Lula defendeu uso de moeda própria
Em café da manhã com correspondentes estrangeiros no início do mês (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que “possivelmente, nessa reunião [Cúpula] a gente já possa decidir, por consenso, quais os países novos que poderão entrar para os Brics”.
O presidente brasileiro defendeu o uso de uma moda própria para fazer comércio entre os países, seguindo em seu discurso pela desdolarização.
“Por que os países que representam mais da metade da humanidade – se você imaginar Brasil, Índia, China, Indonésia, só esses já representam mais da metade da humanidade – por que a gente não pode discutir isso? Ter uma moeda para fazer negócio entre nós”, disse Lula, citando a Indonésia, que não integra o bloco.
A questão sobre o uso de moedas locais ou de uma eventual unidade de referência do Brics para transações comerciais deverá estar na pauta, confirmou Saboia.
“É provável que haja algum resultado nessa área”, antecipou Saboia, referindo-se aos planos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco do Brics. “Este é um ativo muito importante do bloco”, segundo o diplomata.
Da África do Sul, Lula seguirá para Angola nos dias 25 e 26. Na sequência, visitará no dia 27 São Tomé e Príncipe, onde participará da 14ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Com Agência Brasil
Matéria atualizada às 07h11 para inclusão de dados
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