A abertura do mercado da Arábia Saudita para flores do Brasil cria uma oportunidade para o setor, mas há entraves logísticos que dificultam a exploração deste potencial. De acordo com o diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz, a abertura do mercado saudita, anunciada em outubro pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, é positiva, mas tem desafios pelo caminho.
“O mercado interno é muito forte e tem crescido muito nos últimos anos. E o que dificulta mais as exportações é exatamente o fato de que os principais países importadores estão no Hemisfério Norte e temos aí vários problemas, principalmente falta de voos, a questão logística e o frete, que encarece muito. Por se tratar de produtos perecíveis, isso acaba complicando muito e restringindo todo esse comércio internacional”, diz Opitz.
O diretor do Ibraflor explica que, para serem exportadas, as flores devem, inicialmente, ser pré-refrigeradas. A partir de então, é preciso agilidade para que cheguem ao consumidor final. Devem ser exportadas por avião, porque não suportariam longas viagens de navio, e serem mantidas em baixas temperaturas em todo o seu trajeto, inclusive dentro dos terminais de cargas dos aeroportos. Segundo Opitz, esse desafio e o mercado interno forte fazem com que o Brasil exporte apenas 2% da sua produção.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023 o Brasil exportou US$ 14,4 milhões em flores, um aumento de 10,8% sobre 2022. As importações somaram US$ 44,3 milhões e cresceram 11% em relação ao ano anterior. Os 10 principais destinos das flores brasileiras foram Países Baixos, EUA, Uruguai, Itália, Bélgica, França, China, Japão, Canadá e Angola.
Os países árabes compraram US$ 46 mil em produtos do setor de flores em 2023. Entre eles, o principal cliente foi o Egito, com importações de US$ 36 mil. Os Emirados Árabes Unidos compraram US$ 9,8 mil em mudas de videiras em 2023. Em 2022, os países árabes não importaram flores e derivados do Brasil. Já neste ano, a Arábia Saudita comprou US$ 238,6 mil em produtos do setor, em compra concretizada em setembro. Essa aquisição, contudo, não foi de flores, mas de enxertos.
“O que o Brasil exporta nessa área de ornamental e que poderia ser uma possibilidade é a parte de bulbos e mudas, porque essas, sim, podem ser transportadas por via marítima porque são produtos que não são tão perecíveis. É o material genético que vai ser utilizado para produção nesses países, por exemplo, como a Arábia Saudita. Aí seria talvez uma das possibilidades ou um dos mercados”, avalia Opitz, lembrando, contudo, que o clima dos países árabes pode ser um desafio para o florescimento das mudas.
Agência de Notícias Brasil-Árabe
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