Exportação de frutas: recorde do Brasil, aumento aos árabes

Vendas totais foram recordes em 2023; Egito e Emirados Árabes são alguns dos principais parceiros no setor

174
Vista aérea do Porto de Santos, em São Paulo
Vista aérea do Porto de Santos, em São Paulo. Foto: Divulgação

A exportação de frutas do Brasil foi recorde em 2023, período em que cresceram também as remessas aos países árabes. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o Brasil exportou US$ 1,2 bilhão em 2023, com aumento de 26,7% sobre 2022. Em volume, foram exportados, no total, 1,085 milhão de toneladas, um aumento de 6% sobre o ano anterior.

Dados compilados pelo Departamento de Inteligência de Mercado de Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostram que as exportações de frutas aos países árabes somaram US$ 17,5 milhões em 2023, em alta de 36% sobre 2022, com 11,7 mil toneladas, aumento de 95,3%. O saldo na balança comercial do setor com os árabes, porém, foi deficitário, pois o Brasil importou US$ 28,6 milhões em frutas, com expansão de 106,5% em um total de 32,9 mil toneladas, alta de 104,7%. O déficit do setor foi de US$ 11,1 milhões. O Brasil importa sobretudo frutas congeladas e cítricos dos países árabes.

Conforme dados da Abrafrutas, os Emirados Árabes Unidos foram os principais importadores de frutas brasileiras, em um total de US$ 11,5 milhões e 7,42 mil toneladas. As líderes de vendas aos Emirados foram maçãs e melões. O melão também foi a segunda fruta mais exportada pelo Brasil no ano passado, com um total de 228 mil toneladas e US$ 189 milhões. A líder de vendas para o exterior foi a manga: 266 mil toneladas, com 15% a mais nas exportações sobre 2022, e receita de US$ 312 milhões, com alta de 51,5% sobre o faturamento de 2022.

O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, afirmou à ANBA que o desempenho do setor em 2023 pode ser atribuído à qualidade das frutas brasileiras, às práticas sustentáveis de produção, ao trabalho da instituição de promoção das frutas nos mercados internacionais e à diversidade geográfica do Brasil, que permite o cultivo de diversas culturas e dilui o efeito de condições climáticas adversas. União Europeia, Reino Unido e EUA são os principais destinos exportações, mas Coelho afirma que a Abrafrutas tem buscado expandir as exportações para Índia, China e Oriente Médio.

Espaço Publicitáriocnseg

“Os países árabes desempenham um papel significativo em nossas exportações de frutas. O Egito, em particular, tem sido um parceiro importante. Além disso, países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Líbano têm mostrado interesse crescente em nossas frutas. Reconhecemos a concorrência acirrada, mas a qualidade e a diversidade de nossos produtos nos permitem atuar em diferentes segmentos do mercado”, diz.

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a balança comercial brasileira fechou o ano de 2023 com um superávit recorde de US$ 98,8 bilhões. O valor exportado foi de US$ 339,7 bilhões, um aumento de 1,7% e as importações registraram o valor de US$ 240,8 bilhões, um recuo de 11,7%, na comparação entre 2022 e 2023.

O segundo maior superávit da balança foi o de 2022, no valor de US$ 61,8 bilhões. Em comparação com 2021, as exportações cresceram 19,1% e as importações, 24,3%. O comportamento dos índices de preços e volume também marcaram trajetórias distintas entre 2022 e 2023.

Em 2022, as variações em valor dos fluxos de comércio foram lideradas pelos preços, 13,7% para exportações e 21,0% para as importações, e o volume cresceu a taxas inferiores à dos preços. Em 2023, os preços caem para os dois fluxos de comércio e para o volume importado (-2,2%). O único resultado positivo foi para o volume exportado, 8,7%.

As exportações de commodities explicam mais de 50% das exportações brasileiras desde 2009, quando o percentual foi de 53%. Em 2022, a participação foi de 68% e, em 2023, 69%. A variação no volume exportado das commodities foi de 14,2% e das não commodities em -1,9% entre 2022 e 2023.

Ainda de acordo com o Ibre, o volume exportado das commodities mostra uma tendência ascendente e a variação anual de 14,2% foi a maior da série, desde 2008. Antes, a maior variação havia sido de 13,5%, entre 2014 e 2015. Os preços registram um comportamento cíclico, como seria esperado. A maior variação ocorreu em 2010, 31,3% acompanhada de uma variação no volume de 7,5%. Em 2023, a liderança no volume (14,2%) foi acompanhada pela queda de preços em 9,3%.

O comportamento de queda de 9,6% nos preços importados e no volume importado (2,2%) entre 2022 e 2023 se repetiu para as commodities e não commodities.

“Ressalta-se, porém, que o recuo no preço das commodities em 17,3% superou o das não commodities, 8,6%. Em termos de volume, a diferença na queda foi menor: commodities (-3,5%) e não commodities (-2,0%). A queda nos preços importados reverteu a pressão inflacionária observada em 2022”, diz o estudo.

Como o recuo nos preços importados (-9,6%) superaram o das exportações (-6,4%), os termos de troca aumentaram 3,6% entre 2022 e 2023, revertendo a queda de 2022. Na série histórica desde 2008, o maior índice dos termos de troca foi o de 2011, 121,5, quando os preços exportados subiram 23,2% e os importados em 14,5% entre 2010 e 2011. Em relação ao índice de 2011, os termos de troca de 2023 caíram 7,2% liderança da agropecuária e da indústria extrativa.

O aumento em volume das exportações sinaliza crescimento da penetração dos produtos brasileiros, seja dos mesmos produtos e/ou novos produtos. Em termos agregados, o aumento do volume exportado por setores mostra a liderança da agropecuária e da indústria extrativa. O primeiro registrou crescimento de 25,0% e o segundo de 16,5%, com queda de preços em ambos os casos.

O volume exportado pela indústria de transformação caiu 0,4%. Para todos os setores, os preços recuaram. No caso das importações, todas as variações em termos de valor, preço e volume foram negativas. O principal produto exportado foi a soja em grão (participação de 16%), seguido do petróleo (13%) e do minério de ferro (9%), que são os principais produtos exportados pelo Brasil desde o início dos anos 2010. A seca na Argentina, porém, favoreceu o aumento das vendas brasileiras de soja em grão, que aumentaram em quantidade, 29,4%. Além disso, também favoreceu as vendas de farelo de soja na pauta brasileira, passando a ser o segundo principal produto exportado da indústria de transformação, em 2023. A Guerra na Ucrânia e problemas na safra dos EUA levaram ao aumento das exportações de milho (11,8%), que foi o segundo principal produto das vendas do setor agropecuário, em 2023.

Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe

Leia também:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui