Três pontos são fundamentais para o sucesso de um projeto com alto impacto social. O primeiro ponto é o cronograma de cumprimento das metas; o segundo, naturalmente, envolve a tecnologia utilizada no projeto. No entanto, o terceiro ponto, que poderia ser considerado até o mais importante, é a capacidade de mobilização dos recursos da empresa contratada.
No caso da construção da extensão da Linha 2 do Metrô de São Paulo, conhecida como Linha Verde, na parte que ainda falta na Zona Leste da capital, a entrada da PowerChina no consórcio com a empresa brasileira Mendes Jr. é um reflexo de como esses fatores se alinham.
A visita à PowerChina Brasil faz parte de uma série de entrevistas conjuntas entre a mídia brasileira e chinesa, celebrando os 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Avanços no projeto e expectativas para 2026
Tharcizio Calderaro, CEO da PowerChina Brasil, comentou que, em pouco mais de três anos de operação, o consórcio tem mostrado resultados positivos: “Temos alcançado sucesso em comparação com muitos outros projetos em andamento”, afirmou.
O executivo explicou que, após a assinatura do contrato com a Mendes Jr. e o Metro de São Paulo, foi necessário aguardar quase oito meses para a liberação da licença ambiental, mas, nesse período, o consórcio já iniciou seus trabalhos. “Começamos acelerados”, acrescentou Calderaro.
A previsão é que a primeira estação, entre Vila Prudente e Vila Formosa, seja concluída até o final de 2026, antecipando-se à expectativa inicial de 2027. As outras quatro estações, com a PowerChina à frente, devem ser finalizadas até 2028, conectando a região à Penha.
Quando a extensão da Linha 2 estiver totalmente pronta, incluindo os lotes 3, 4 e 5, que estão sob a responsabilidade da empresa chinesa e da Mendes Jr, estima-se que mais de 1 milhão de pessoas sejam beneficiadas, segundo as projeções atuais. O trajeto completo, que começa na Vila Madalena e atravessa o centro financeiro da cidade, incluindo o trecho sob a Avenida Paulista, representa uma importante melhoria no transporte público de São Paulo.
Estado da arte nas obras
Segundo Calderaro, o “estado da arte” das obras conduzidas pela PowerChina envolve a construção das estações, túneis e outras obras de infraestrutura, como poços de ventilação, passagens de emergência e túnel de transferência de trens, além do acabamento das estações.
A PowerChina não precisou realizar nenhuma modificação no projeto inicial do cliente, ainda que a experiência técnica da empresa, que atua em diversos projetos internacionais, permitisse.
Isso permitiu que a equipe de engenharia da Companhia do Metropolitano de São Paulo (CMSP), empresa mista controlada pelo Governo de São Paulo, não precisasse revisar o escopo do projeto, mantendo sua integridade dentro do novo acordo com o consórcio.
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Além da experiência da PowerChina em grandes obras de metrôs, a capacidade de mobilização de recursos da PowerChina, que representa o terceiro ponto essencial, foi fundamental para o sucesso do consórcio.
Com esse suporte robusto, a expectativa é que a PowerChina, conjuntamente com a Mendes Jr, também seja responsável pelo lote 7 da Linha 2, o que permitirá a extensão do metrô até a Rodovia Dutra, com o ponto final no Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos, o mais movimentado da América do Sul.
No que diz respeito à mão de obra, mais de 3 mil trabalhadores brasileiros estão empregados nos canteiros de obras da Linha 2. A responsabilidade do consórcio Mendes Jr.–PowerChina abrange 4 km de extensão e cinco estações.
Operários e engenheiros foram recrutados com atenção especial para adaptar as práticas operacionais chinesas à cultura e às condições de trabalho brasileiras.
O gerente-geral das obras, Zheng Weijia, destaca que essa adaptação resulta em um ambiente de trabalho mais eficiente e respeitoso. Além disso, mais de 500 operários foram enviados ao Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para aprimorar suas qualificações.
A empresa também está começando a recrutar pessoas com deficiência, seguindo uma diretriz de inclusão que é um princípio fundamental da gestão global da PowerChina.
PowerChina: um gigante global
A PowerChina é uma das maiores empresas do setor de infraestrutura do mundo. A companhia está envolvida em grandes projetos de infraestrutura em diversos países, incluindo a construção de rodovias no Rio Grande do Sul, o metrô de São Paulo, ferrovia de alta velocidade Jakarta–Bandung na Indonésia, e metrô em Singapura, dentre outros.
No Brasil, a PowerChina também está presente em projetos de energia solar no Ceará e em usina de gás no Amazonas.
A empresa tem presença em mais de 122 países, com diversas subsidiárias ao redor do mundo, e sua base para a América Latina está localizada no Panamá.
Por Giovanni Lorenzon, especial para o Monitor