Corrupção também prolifera em empresas privadas
Embraer, com 5,6 de um total de 10 pontos, teve a melhor avaliação no Brasil
A maioria das mais importantes empresas de mercados emergentes não mostram bom desempenho no que diz respeito à transparência, criando um ambiente que contribuiu para a proliferação da corrupção. O novo relatório da Transparência Internacional, Transparência em Relatórios Corporativos: Avaliando Empresas de Mercados Emergentes, reforça a urgência dessas multinacionais fazerem muito mais para combater a corrupção.
A pesquisa avaliou as 100 empresas com maior crescimento, baseadas em 15 países emergentes e que operam em 185 países. A pontuação média alcançada foi de 3,4 pontos, na escala de 0 a 10, onde 0 significa menos transparente e 10 significa mais transparente. A pontuação média caiu ligeiramente (0,2%) em relação à última pesquisa, feita em 2013.
“Níveis patéticos de transparência em grandes empresas de mercados emergentes levantam a questão da importância que o setor privado dá para o combate à corrupção como meio de eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade nos lugares onde fazem negócios. Repetidamente vemos enormes escândalos de corrupção envolvendo multinacionais, tais como o Grupo Odebrecht ou a China Communications Construction Company, trazendo danos enormes às economias locais. Isso poderia ter sido evitado com medidas adequadas de transparência e anticorrupção e a determinação dos diretores. Embora muitas empresas declarem que querem combater a corrupção, isso não é suficiente. Ações falam mais alto do que palavras”, afirma José Ugaz, presidente da Transparência Internacional.
Brics
As 75 empresas dos países Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não se saíram melhor, ficando abaixo da média, com o desempenho fraco das empresas chinesas puxando o grupo todo para baixo. As empresas brasileiras, que somam 12 no total, tiveram média 3,5, sendo que somente uma delas obteve nota acima de 5 pontos. A empresa com a melhor avaliação foi a Embraer, com 5,6 pontos; e a pior avaliada foi a Coteminas, com 1,1 ponto. Odebrecht, Camargo Correa, Natura e Grupo Votorantim também estão entre as empresas avaliadas.
Os resultados destacam a necessidade de o Brasil, ao lado de outros países, tomar medidas urgentes. O setor privado deve desempenhar seu papel no combate à corrupção e elevar os padrões de integridade e transparência em seus negócios. Empresas bem administradas, que operam com altos níveis de integridade e transparência, estão mais propensas a manter vantagem competitiva no mercado global, no qual essas práticas comerciais desleais ou obscuras apresentam ameaças crescentes ao sucesso empresarial.
Os resultados do relatório demonstram que altos níveis de transparência são possíveis e a regulamentação melhora o desempenho da transparência de multinacionais de mercados emergentes. A Transparência Internacional é a principal organização dedicada à luta contra a corrupção no mundo, com 20 anos de atuação, presente em mais de 100 países e com um Secretariado global em Berlim.














