Faltou preparo de instituições do setor de cultura em 2020

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Diante das medidas de distanciamento social impostas pela Covid-19, o setor cultural, a exemplo de outros segmentos, viu-se obrigado a migrar suas atividades para o ambiente digital. Mas grande parte das instituições brasileiras que atuam na área não estava preparada para essa mudança. É o que revela a 3ª edição da TIC Cultura, pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) conduzida, entre fevereiro e agosto de 2020, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

O levantamento, que entrevistou 2.193 responsáveis por arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros, constatou que esses equipamentos costumavam usar a Internet mais para atrair o público presencial do que para ofertar bens e serviços remotos.

Segundo o estudo, os recursos disponíveis nos websites dos equipamentos se voltavam basicamente à publicação de informações institucionais (como endereço, contato e horário de funcionamento), programação e notícias sobre os espaços culturais. Já atividades na Internet – como visitas virtuais ou transmissão de vídeos ao vivo/ streaming – eram recursos menos ofertados por todos os tipos de equipamentos culturais, embora tenha havido um aumento deste último no período analisado, sobretudo, entre arquivos (23%), teatros (18%) e museus (9%). Nas redes sociais, anúncios sobre programação e postagens de fotos das atividades realizadas foram bastante difundidos entre todos os tipos de equipamentos culturais investigados, sendo um pouco menos comum o compartilhamento de registros em vídeos ou áudios.

Na oferta de serviços remotos, a realização de oficinas ou atividades de formação a distância foi também incipiente, tendo alcançado em 2020 pouco mais de um quinto dos arquivos (23%) e dos pontos de cultura (21%), com ainda menores proporções entre os demais tipos de equipamentos culturais. Já a venda de produtos ou serviços pela Internet teve destaque apenas entre cinemas (58%) mas, mesmo entre estes, a venda ou reserva de ingressos on-line não chegou a um terço das instituições (31%).

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“A adaptação emergencial dos equipamentos culturais para a oferta de bens e serviços pela Internet foi uma dificuldade encontrada por muitas instituições culturais no país em um período marcado pelo distanciamento social”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Ainda que os indicadores não tenham sido construídos com o objetivo de avaliar os impactos da pandemia, os resultados da pesquisa permitem identificar em que medida se davam o acesso, os usos e a apropriação das TIC nos equipamentos culturais brasileiros no período. “A pesquisa foi planejada no início de 2020, e a coleta dos dados começou em fevereiro, portanto, antes de a crise sanitária ser deflagrada no país. Embora não tivesse como meta capturar os efeitos da pandemia, o estudo apresenta resultados muito relevantes nesse contexto, ao diagnosticar o preparo que essas instituições tinham para se adaptar a esse novo cenário”, complementa Barbosa.

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